Com retraso e trás muitas hesitaçons, o governo espanhol decide-se a tomar medidas drásticas para empecer o avanço do vírus que está a amedonhar parte do mundo. No entanto, doze horas antes da entrada em vigor do estado de alarma, a Galiza acumula já mais de 80 pessoas infectadas, e vários centos de espanhóis escolhem a costa do nosso país como refúgio, ignorando os conselhos de ficar na morada para evitar contágios. No ámbito empresarial, volvem-se a ouvir petiçons de planos favoráveis aos proprietários. Surtos de individualismo aparecem, como em todas as crises, também no episódio do coronavirus.
O termómetro da preocupaçom dos capitalistas e, por extensom, das castas políticas que os servem, é a bolsa de valores. Na quinta feira, o IBEX-35 registou a sua maior queda em toda a sua história, o 14%. A incerteza que assalta as classes dominantes extendeu-se em grande medida ao povo, e os andéis das grandes superfícies iam ficando desabastecidos desde a tardinha da passada quarta feira. Vozeiros das grandes empresas, porém, advertem que nom haverá problema de fornecimento no médio prazo, e de facto cada estante repom-se de bens no dia seguinte.
Dúvidas
Um dos cabeçalhos de referência do capitalismo galego-espanhol, galiciaeconomiadigital, desvendava nestes dias que nom está tam claro como parece o funcionamento da logística básica. O jornal recolhia as declaraçons dum dirigente do sector agroalimentar do nosso país, molesto com o pronunciamento do presidente de Mercadona. O magnate Juan Roig dixera que a populaçom espanhola “nom devia preocupar-se”, pois o subministro de alimentos estava garantido. Nesse sentido, as suas declaraçons fórom confirmadas por fontes de Vegalsa, Gadis e Froiz, cadeias distribuidoras que reunem em toda a Galiza até 800 pontos de venda. Porém, Roig e outros som apenas os líderes dumha cadea de distribuiçom, e som os produtores, segundo a fonte consultada, os que podiam nom estar tam seguros de que este ritmo de consumo desaforado puidesse manter-se.
Aumentam as dúvidas também em localidades turistizadas da costa: Sam Genjo, Ogrobe, mas também Pontedeume, Viveiro ou Ribadeu, zonas de segunda residência de espanhóis abastados. Desouvindo as reivindicaçons do sector sanitário, centos de pessoas desestimaram ficar na sua morada em Madrid e procuram lugar mais seguro no litoral galego. As desconfianças da vizinhança fam-se patentes nas redes sociais, e algum cabeçalho da imprensa comercial já aponta este mesmo estado de opiniom, nomeadamente nas Rias Baixas. O movimento de populaçom do centro peninsular às zonas costeiras também se extende a Astúries, Cantábria ou o sul dos Países Cataláns.
Empresários movem ficha
Ainda que o futuro é de incerteza, si há umha medida que os capitalistas tramam sem nenhuma dúvida: erodir direitos aproveitando a sensaçom de medo e indefensom. A patronal que menos demorou em intervir foi a corunhesa, que se apressou a pedir ao governo espanhol a reduçom do imposto de sociedades, o adiamento no pagamento do IVA e das retençons de fazenda, aliás de deduçons no IRPF. O colectivo dirigido por Antonio Fontenla enviou um documento a Pedro Sánchez com estas reivindicaçons.
Mas as petiçons nom acabam aqui. Os empresários corunheses pedem a aplicaçom de expedientes de regulaçom de emprego temporários com carácter automático, embora que matizam “garantindo a protecçom dos trabalhadores.” Desde que se prevê que muitos pais e maes tenham que faltar ao centro do trabalho por ficarem ao cuidado das crianças, com as aulas suspendidas, os empresários argumentam também que as suas companhias devem ficar “exoneradas do abono de quotizaçons sociais.”
Reivindicaçons
Mesmo antes de entrar em vigor o estado de alarma, e sem conhecermos os efeitos profundos da crise em todos os sectores económicos, começa a haver motivos para a reivindicaçom em distintos estamentos laborais. Na manhá de hoje, eram membros da CIG ensino os que protagonizavam um feche reivindicativo em dependências da Conselharia de Educaçom, e denunciavam a falta de interlocuçom da Junta com os sindicatos na hora de desenhar o parom da actividade docente. Entre as medidas mais contestadas polos sindicalistas está a obriga das professoras e professores acodirem aos centros, com risco de contágio, no canto de fomentarem o tele-trabalho. Trás a reivindicaçom desta manhá, a Junta recuou e garantiu o direito do professorado ao trabalho online.
Por outra parte, era a central nacionalista a que se fazia ouvir nas redes sociais trás o despedimento dumha trabalhadora de Mercadona que solicitou baixa maternal. A sobre-carga de trabalho destes dias fijo-se-lhe impossível de conciliar com o cuidado da criança, e a empresa aproveitou a ocasiom para rescindir o seu contrato.
Em Compostela, e segundo recolheu Nós Televisión, fórom os e as trabalhadoras das bibliotecas públicas os que pedírom o feche dos centros para evitar contágios. A sua reivindicaçom, e muitas outras, fórom ouvidas, mas com dias de demora.