A notícia nom ocupou capas da imprensa de grande tiragem do Reino de Espanha. Um jornal suíço, o Tribune de Genève, vem de revelar na passada semana que um depósito bancário da monarquia saudita confirma mais umha conexom suspeitosa da ditadura wahabita com a chéfia de Estado espanhola. A transacçom, objecto de investigaçom pooo fiscal Yves Bertossa, poderia aumentar o desprestígio dumha monarquia crescentemente impopular.

O cabeçalho da publicaçom suíça, em francês, nom tem nenhuma ambiguidade: “Umha investigaçom desvela o dinheiro segredo do ex-rei de Espanha em Genevra”. A notícia dá conta das pesquisas levadas adiante pola fiscalia do país helvético, dirigidas por Yves Bertossa. Um membro da família real saudi teria ingressado numha conta borbónica umha importante cantidade de dinheiro, e a instruçom pública tem indícios de que poderiam tratar-se de comissons pola construçom do comboio de alta velocidade à Meca. Como é sabido, importantes empresas espanholas forom as encarregadas desta mega-infraestrutura. Em 2012 saira à luz que um bloco de empresas do Reino de Espanha ganharam o concurso para a execuçom do AVE entre Medina e a Meca, umha linha de 450 km com valor de mais de 6500 milhons de euros. Na altura, os ministros José Manuel García Margallo e Ana Pastor acudiram, em representaçom de Espanha para celebrar a adjudicaçom do “AVE dos pelegrins”, como foi denominado. Um consórcio de doze empresas hispanas estavam por trás de execuçom e isso, segundo os ministros deslocados “aumenta o prestígio de Espanha.”

Mediaçom monárquica, chave para a participaçom espanhola
nas obras do AVE à Meca.

Ao que parece, por trás de tal mega-operaçom produziu-se um movimento de muitos fios ao que nom é alheia a monarquia. Para o governo saudi, a doaçom investigada é apenas um “presente”. Este justifica-se pola boa sintonia histórica entre as tiranias do Golfo Pérsico e o Regime espanhol, que dérom pé a múltiplos tratados económicos. O “presente” ascende a uns 100 milhons de euros, e parte deles, segundo o jornal suíço, foram desviados a um outro banco com sede nas Bahamas. Ao que parece, a destinatária do desvio foi Corinna zu Sayn-Wittgenstein; o seu advogado, Robin Rathmell, dixo que a mulher recebeu “um agasalho nom solicitado do rei emérito, umha forma de doaçom para ela e para o seu filho.” A própria imprensa espanhola de grande tiragem recolheu nestas semanas tal declaraçom.

Longa suspeita

O caso agora investigado, como tantos outros relacionados com os esgotos do Reino de Espanha, tenm as suas origens no chamado “Caso Villarejo”. O polícia corrupto, ex-agente do CNI, difundiu entre os seus muitos áudios umha conversaçom com a própria Corinna e o empresário Juan Villalonga, em que a amiga do rei emérito reconhecia que o borbom cobrara comissons graças às gestons do AVE saudita.

Juan Villalonga foi um dos empresários que recebeu informaçom directa
do cobro real de comissons.

Segundo tenhem revelado cabeçalhos nada suspeitos de rupturistas como Público, o nome de Juan Carlos de Borbom aparece reiteradamente em operaçons policiais anti-corrupçom: na chamada “conta Soleado”, no “caso Malaya”, no caso de várias urbanizaçons na República Dominicana e agora, mais recentemente, no cobro de comissons sauditas.

Em 2018, os jornalistas Patricia López e Carlos Enrique Bayo fixeram um repasso valente sobre os negócios internacionais de Juan Carlos I. A sua fortuna, afirmavam é um “segredo público”. Dificilmente quantificável com cifras exactas na mao, revistas como Forbes apontárom porém que se aproxima a 2000 milhons.

Entre as informaçons contrastadas, e nom sujeitas a nenhum sensacionalismo, topa-se a dumha doaçom saudi muito temperá. Foi em 1977, quando o príncipe Fahd bin Abdulaziz emprestou ao monarca 100 milhons de dólares a interesse zero, com a intençom teórica de “contribuir para a democracia” em Espanha. García Abad, um dos biógrafos consagrados da casa real espanhola, e de políticos como Adolfo Suárez, tem afirmado que a Moncloa recebeu apenas umha escassa cantidade de tal doaçom. Desconhece-se aonde foi parar o dinheiro.

As doaçons da Arábia Saudita começaram nos anos da Reforma política.

As comissons do petróleo

Mais talhante foi Roberto Centeno, um economista raivosamente pro-neoliberal, ex-dirigente de CAMPSA, que afirmou em 2014 ter dados de que Juan Carlos I cobrava “umha comissom de entre um e dous euros” por cada barril petroleiro importado a Espanha de Arabia Saudi. Deste modo, com a intermediaçom juacarlista, Espanha mercava o petróleo mais caro. Isto redundava na fortuna privada do Borbom e da sua família. Como responsável de CAMPSA, Centeno explicou diante dos meios de comunicaçom que topava crescentes problemas para topar petróleo barato, desde que emissários da Casa Real boicotavam o seu labor. Procuravam que o petróleo fosse mais alto e engordar assim as comissons monárquicas. Nesta engrenagem, de novo segundo Centeno, jogava aum papel central o valido do rei, Manuel Prado y Colón de Carvajal.

Implicaçons possíveis: “Conta Soleado” e “Urbanizaçom rei Juan Carlos”

As investigaçons da Gurtel pugérom a un a conta em suíça de Arturo Gianfranco Fasana. A investigaçom aponta este capitalista, co-proprietário de Rhone Gestion, como um dos grandes branqueadores desta trama corrupta. O investigado era o gestor da chamada “Conta Soleado”, vinculada com vários milhonários espanhóis.

Arturo Fasana, broker suíço implicado na Gurtel, puido ter acesso às contas secretas
de Juan Carlos

Dado o segredo bancário, nom transcendêrom todos os utentes da conta, mas si aparecêrom nomes como os de Javier de la Rosa, Francisco Correa ou o rei emérito espanhol.

De maneira colateral, o nome do monarca, já de por si lixado, aparece lateralmente na Operaçom Malaya, umha das mais improtantes das levadas adiante contra a corrupçom urbanística em território espanhol. A sua instruçom encetou-se em 2005, e salpicou muitos concelhos, de Euskal Herria a Andalucia. Por estas pesquisas soubemos que o rei emérito tinha investido no negócio do tijolo na República Dominicana, e que o fixera de mao de empresários afins a Juan Antonio Roca. Roca, assessor de urbanismo do Concelho de Marbelha nos tempos de Jesús Gil, paga mais dumha década de prisom, condena muito severa para condenados por corrupçom, que adoitam enfrentar sentenças mais benignas. Entre as urbanizaçons de súper-luxo de algum modo relacionadas com o borbom e Roca, estava um grande resort dominicano chamado “Urbanizaçom Rei Juan Carlos.”

Riqueza declarada

A relativa opacidade informativa e a cumplicidade de todos os partidos do Regime fai difícil por preto sobre branco a fortuna do rei emérito e da sua família. Si é pública, em troca, a sua asignaçom anual. Em 2017 recebêrom do Estado 7.818.890,00 euros, destinados ao funcionamento da Casa Real. O salário do rei Felipe V está oficialmente estimado em 236544 euros, enquanto Juan Carlos cobra o 80% desta cantidade.