(imagem: semana.com) O presidente chileno, Sebastián Piñera, dixera ante os meios de comunicaçom que o país estava “em guerra”, com motivo da revolta contra o neoliberalismo que mobilizou milhares contra políticas anti-sociais. A expressom era bastante imprecisa, desde que nom se enfrentavam dous exércitos, e si todo um aparelho de Estado contra umha populaçom maiormente desarmada, e que como muito recorreu à auto-defesa de rua. Para a direita herdeira do pinochetismo, porém, a frase si que tem um ponto de verdade: está pronta para abafar a ferro e fogo qualquer movimento popular que o questione. O Instituto Nacional de Direitos Humanos Chileno dá agora cifras da repressom.
Desde que em outubro começara a rebeliom, cuja faísca fora a suba dos preços do metro, 10365 pessoas foram detidas; 3765 atendidas nos hospitais por violência policial; 2122 delas foram vítimas de disparos, e 445 padecêrom lesons no olho. Som cifras oficiais que em nada procuram o exagero.
Lembremos que, em outubro de 2019, o protesto social espalhou-se em Chile, umha emenda à totalidade às políticas do presidente Sebastián Piñera. O político, que substituía o social-liberalismo no mando do Estado chileno, procede da oligarquia económica e tem defendido publicamente o ditador Augusto Pinochet. No país que inaugurou o neoliberalismo sudamericano já na década de 70, Piñera avançou na privatizaçom de serviços, e chegou mesmo à privatizaçom da água.
Quando Piñera proclamou “estamos em guerra”, umha boa parte da populaçom recordou o acontecido 46 anos atrás: um plano monstruoso de eliminaçom dos movimentos populares com o concurso dos Estados Unidos, que incluía o descabeçamento pola força do governo eleito. Desta volta, o formato nom é ditatorial, nem a estratégia é a eliminaçom física. Mas a violência é muita, e pom de manifesto que o Estado nom está disposto à rectificaçom.
Os dados
A informaçom da que dispom a mídia (quer empresarial, quer independente) é diáfana: desde o 18 de fevereiro, circula em pdf pola rede um informe do Instituto Nacional Chileno de Direitos Humanos. Afastado de qualquer sombra de suspeita, estamos ante um organismo oficial: está assessorado por várias figuras do governo, incluídas representantes do Senado, da Cámara de Deputados, e Universidades Públicas. Sem embargo, o trabalho da instituiçom foi obstaculizado continuamente pola polícia chilena, segundo denunciam observadores internacionais. Numha dinámica que conhecemos bem no Reino de Espanha, o núcleo do Estado continuador da ditadura bloca qualquer tentativa democratizadora procedente de outras instáncias, mesmo oficiais.
Na reportagem podemos ler que as forças de segurança do Estado ameaçárom quanto menos 14 vezes os observadores do Instituto; aliás, atacárom alguns deles com gas pementa, ferírom três com balas de borracha, e evitárom que assistiram a pessoas detidas.
Os abusos perpetrados polo governo Piñera, segundo o informe oficial, som graves, e incluem várias vulneraçons de direitos: detençom arbitrária de manifestantes pacíficas, uso excessivo da força, recurso ao gas pementa contra crianças e mulheres grávidas, arresto de jornalistas, e utilizaçom de agentes à paisana que se negavam à identificaçom. Todos estes abusos fórom cometidos num período de apenas quatro meses, que deixam umha média de 86 pessoas detidas por dia.
Graças à difusom da telefonia e ao recurso aos videos de denúncia, o mundo puido assistir sem filtros a este atropelo de direitos. Imagens da brutalidade som conhecidas, apesar das tentativas distractivas da direita chilena. Ainda, e como reverso da moeda, a híper-informaçom que domina na rede, e a dificuldade de orientar-se numha enxurrada de dados e imagens, dificulta também sensibilizar-se ante casos tam graves como estes.