Por terceiro ano consecutivo a plataforma feminista Galegas 8M logrou encher com grande sucesso as ruas e praças de Verim sob o lema Sem cuidados nom há vida. Mudando o sistema, derrubando o patriarcado. A de ontem foi a primeira jornada dumha semana de atividades e atos que acabará com as manifestaçons do 8 de março na maior parte de vilas e cidades da Galiza.

Segundo a própria organizaçom chegarom de todo o país mais de 8000 mulheres para “luitar polo que é invisível, o que fica oculto nas nossa casas, reconhecendo os cuidados como um bem social nom valorizado e exigindo responsabilidade social e coletiva no cuidado do território e do meio ambiente”.

A marcha saiu às 12 h. do IES Xesús Taboada Chivite até a Praça Maior. Durante o percurso gritarom-se as palavras de ordem: “aqui está, aqui se vê, o feminismo galego em pé”, “nom somos princesas, somos guerreiras”, ”vivas, livres e unidas”, entre outras.

  

Sororidade: valor presente durante a manifestaçom/ Galegas 8 M.

A vila ourensá foi de novo epicentro da dignidade, após meses de luita da vizinhança organizada contra o fechamento da sala de partos do hospital. Assi foi reconhecido durante a leitura do manifesto por parte de Cristina Huete, jornalista; Susana Bueriberi , vizinha de Verim adicada aos cuidados e que participou ativamente na defesa da sala de partos; Daniela Ferrández, ativista trans e feminista, e Rosana Méndez, enfermeira do Hospital de Verim.

Queremos parabenizar a umhas mulheres que se empenharom na defesa da vida na sua terra. Umha luita que mobilizou a toda umha comarca, a todo um país, frente a privatizaçom e a precarizaçom dos serviços públicos de saúde levada a cabo polo governo do Partido Popular, essa organizaçom depredadora que leva exercendo violência institucional contra as mulheres durante décadas, e que só cedeu ante a pressom social.

Manifesto Galegas 8M

Defesa dumha vida digna no rural

O rural estivo mui presente nas reivindicaçons, nomeadamente por ser a primeira convocatória de Galegas 8M numha vila, após as manifestaçons de Vigo (2018) e Lugo (2019). A presença do Sindicato Labrego Galego e a sua reivindizaçom a respeito da necessária cotitularidade das mulheres nas granxas familiares para poderem ser reconhecidos os seus direitos laborais representa a enorme distância que existe entre a igualdade formal e material das mulheres no rural. Umha representante do SLG assinalou o fracasso da Lei de Titularidade Compartida que, desde o 2012, só conseguiu que fossem 18 mulheres de 35.000 galegas as beneficiadas desta medida.

A realidade rural galega também estivo presente na leitura do manifesto: “a realidade rural galega mostra um país envelhecido, com um rural abandonado e sem serviços, que, como tentarom mais umha vez aqui, em Verim, obriga a emigrar a vilas mais grandes onde se centralizam os serviços. Um pais empobrecido polas políticas neoliberais do Partido Popular, mais também por um Estado espanhol que nos tira a capacidade para gerir os nossos bens, para decidir quais som as prioridades nas quais queremos investir ou colocar esses recursos que geramos”

Trator do SLG com a legenda: galegas roçando o patriarcado, revolta em todas as aldeias/ Galiza Contrainfo.

Sem cuidados nom há vida

As porta-vozes enfatizarom o papel dos cuidados, ao indicarem que “os cuidados som muito mais do que a casa, as crianças e as pessoas dependentes. Cuidados som todos esses trabalhos invisíveis que permitem a reproduçom da vida, todas essas tarefas às quais nom lhes damos importância e sem as quais a nossa existência, tal e como a conhecemos, nom seria possível”. Como é de costume no feminismo galego, também refletirom na relaçom intersecional entre capitalismo e patriarcado:

O patriarcado é um instrumento fundamental para o sistema capitalista. Atribuindo-nos às mulheres as tarefas de cuidado e gerando um mundo público masculino desvinculado dos tempos biológicos e ecológicos, onde os horários laborais nom importam porque estamos nós na casa para ocuparmo-nos dos cuidados da terra e da família.

Manifesto Galegas 8M

Intergeneracionalidade: o valor das mulheres mais velhas presente na manifestaçom/ Brais Lourenzo

Um futuro digno com o feminismo no centro da vida

Em último lugar, fijo-se um chamado a um futuro em comunidade, pondo em valor as redes entre a vizinhança, nos trabalhos da terra em que há umha uniom solidária, impedindo a burocratizaçom e centralizaçom de recursos que atacam este tipo de vida. Acrescentarom a necessidade de coletivizar o cuidado, como o caso das ciganas que acompanham e apoiam as suas famílias e que nom sofrem a lacra da soidade das pessoas mais velhas, algo que já se tornou comum na comunidade paia, vítima dum individualismo feroz. A defesa do meio foi outra das reivindicaçons mais contundentes, através da exigência da soberania alimentar, tomando consciência do que se consome, tendo em conta critérios de proximidade nossas compras.

Acabarom com um aturujo coletivo, chegado dum passado de dignidade com nome de mulher, que ainda ressoa nas consciências das boas e generosas que hoje voltarom a mudar o mundo:

Polas que cuidarom do nosso território e dos frutos do seu trabalho! Polas que nos legarom a luita pola justiça social e a igualdade! Polas que plantarom a semente que hoje agroma como movimento de massas do feminismo galego!

Manifesto Galegas 8M