(Imagem: mundiario) A crítica ecologista à desfeita da Terra adoita-se associar a movimentos de rua, campanhas de agitaçom, ou protestos vizinhais que muitas vezes som desconsiderados pola oposiçom institucional polo seu pouco rédito de votos. Estes som, com efeito, os sectores que protagonizam as luitas populares e que em muitas ocasions aturam os seus sérios custos. Há, ainda, toda umha apoiatura académica e especializada que rebate ponto por ponto o discurso institucional e os meios que o apregoam. Hoje achegamo-nos às propostas do Observatório Eólico da Galiza.
Nos Estados Unidos, umha das pátrias do neoliberalismo, há 40 milhons de vizinhos e vizinhas que obtenhem benefício económico de instalaçons de parques eólicos comunais; na Alemanha, as grandes empresas energéticas possuem apenas o 20% destas infraestruturas, e o resto está em maos de comunidades locais.
Modelos muito diferentes ao galego, que segundo apontam membros do Observatório Eólico da Galiza foi implantado “de modo verticalista, sem oposiçom e sem participaçom”, e dando escasso rédito económico às áreas, mormente avelhentadas e deprimidas, onde se instalam os moinhos. No passado ano 2019, A Fundaçom Juana de Vega, a Universidade de Vigo e a Fundaçom Ilha Couto manocomunavam-se para pôr em andamento este organismo independente, que visa “assessorar e informar” as comunidades locais. No seu informe, acessível na rede, umha primeira conclusom salienta sobre todas as outras: os objectivos dos planos eólicos da direita espanhola na Galiza foram fundamentalmente quantitativos: aumentar a potência no máximo possível, sem consideraçons de espaço nem de impacto ambiental, sem levar em conta em absoluto “outros aspectos.” Entre eles, o possível sustento a concelhos e paróquias erodidas polo despovoamento e a falta de alternativas laborais.
Por escolmarmos apenas uns quantos dados mui ilustrativos, podemos apontar que Xavier Simón, Maria Montero e Damián Copena (autores da pesquisa) lembram que a Galiza (contando apenas o território CAG) tem nos seus montes 4000 aerogeneradores; 2700 destas turbinas acham-se em 71 concelhos de pequeno tamanho, com menos de 5000 habitantes e muito escasso dinamismo, o que explica em parte a ausência de oposiçom contundente. (Esta tendência está a cambiar recentemente, desde que a maior sensibilidade ambiental e social está a provocar surtos de auto-organizaçom inéditos em comarcas como Ordes ou Bergantinhos). Aliás, se escolhermos o ano 2017 como referência, e seguindo o estudo dos mesmos autores, veremos que de 700 milhons de euros de lucro ingressados pola energia eólica em território CAG, comunidades e proprietários apenas ingressárom um 5%. Esta análise economicista deixa de parte outros aspectos, que porém som igualmente importantes: 50% das mega-instalaçons ocupam território da Rede Natura.
Numha entrevista recente no digital Praza, os economistas Xavier Simón e Damián Copena expunham de modo mui didáctico as teses académicas críticas com o modelo eólico vigorante, e que venhem a sintetizar os conteúdos dum artigo publicado na prestigiosa Energy Policy: “Strong wind development with no community participation. The case of Galicia (1995-2009).” Simón explica que a formulaçom supramunicipal dos parques impediu os poderes locais qualquer margem de actuaçom ante os modelos impostos; este verticalismo ainda foi intensificado pola insistência da PP de promover as instalaçons baixo a fórmula expeditiva da ‘utilidade pública.’ Entre as propostas colocadas por Simón e outros investigadores, e que o Observatório Eólico de Galiza fai suas, topa-se a de destinar parte do recadado polos parques para a melhora e acondicionamento dos arredores; a de gravar com impostos municipais no máximo nível possível as mega-estruturas, ou a de socializar umha base de informaçom pública sobre preços que se lhe oferecem às comunidades por expropriaçom de terras. Numha das palestras oferecidas polo Observatório em concelhos afectados, concretamente na comarca do Jalhas, os especialistas advertírom a vizinhança dos perigos de dar passos precipitados ante esses gigantes empresariais que se repartem o 90% do bolo eólico: “é muito importante nom ter pressa na hora de tomar decisons, antes de assinar nenhum acordo, os possíveis impactos e benefícios”, afirmárom, aliás de animar os implicados a sempre “negociar colectivamente”. De qualquer modo, independentemente do valor da informaçom e da negociaçom em posiçom de força, o Observatório Eólico aponta que as mudanças necessárias para um aproveitamento mais racional do vento por parte dos concelhos passaria por mudanças legislativas.
Além do dinheiro
Claro que a injustiça com as comunidades locais nom nos devesse fazer esquecer umha crítica ainda de maior envergadura aos planos em andamento. Por umha parte, e ainda que a Galiza cobre já o 40% da sua procura energética com energia eólica, e os feches de Meirama e as Pontes estám no horizonte, índices globais indicam que as renováveis nom fream a voracidade fósil. Ano trás ano, e ainda que nos aproximamos ao limiar catastrófico da suba de temperatura global dos 1,5º, a combustom de petróleo e carvom continua a ritmos acelerados, como recolhíamos há umhas semanas neste gráfico.
Para o ecologismo real, que pom o valor da natureza e da vida por cima das quantificaçons monetárias, som muito questionáveis infraestruturas que modificam gravemente a vida da avifauna, destruem biodiversidade vegetal, e mesmo podem pôr em risco a saúde e bem estar da vizinhança (obrigada a conviver com um ruído constante e ensurdecedor). Foram estas reivindicaçons as que enfrentaram a maioria do ambientalismo galego com o plano eólico do bipartido, que dera continuidade ao desenho fraguiano de inçar os montes de moinhos para acadar 6500 MW de potência. A Galiza, com menor tamanho e populaçom, duplicaria o volume de produçom de países como a Dinamarca.