(Imagem: mobilizaçom em Mugardos) Nas redes sociais espalham-se nestes dias convocatórias de mobilizaçom em defesa do serviço de pediatria de Cedeira, recurso sanitário que nom aproveita apenas a vila, senom toda a sua contorna rural. É mais um exemplo dum protesto social que se extende em dúzias de medianos e pequenos núcleos de populaçom galegos, umha mostra de rejeitamento à liquidaçom de direitos sociais que golpea um rural em crise.
A dia de hoje, 60% dos concelhos galegos (se levamos em conta apenas a demarcaçom da CAG) nom tenhem serviço de pediatria de seu; desde 2004, 78 cabeceiras municipais perdêrom a sua pediatra. Se incluirmos outras variáveis na análise, com toda certeza veríamos que esta míngua de serviços sanitários coincide com reduçom de vagas escolares, feche de centros e comedores, fim de linhas de transporte público, e abandono de aldeias. Os recurtes em pediatria som mais umha estocada a um mundo nom urbano condenado, polos desenhos políticos e de económicos, a ser a periferia da periferia.
O problema na sua origem
Em 2018, a Junta confessava que existia um défice do 13% de pessoal sanitário na área de pediatria. Seis anos antes, em 2012, a CIG já advertira das consequências que havia de ter o chamado “Plano de Ordenaçom de Recursos Humanos” na área de atençom infantil; o plano, publicado no DOG nos piores anos da crise das finanças, fazia um desenho das reformas no sector até o ano 2017, e abocava a pediatria à mingua de pessoal. Na altura, a Junta negava-se a um plano estratégico para a captaçom de mais profissionais na atençom à infáncia, e refugava aliás como atrazer toda a mao de obra galega que procurava sustento no estrangeiro.
A denúncia nom é apenas do sindicalismo nacionalista. Profissionais do sector, sem qualquer vinculaçom política e sem nenhum sentido de classe, formulavam-na na primavera de 2018. A XII Reuniom Anual da Associaçom Galega de Pediatria de Atençom Primária, que inclui uns 200 sócios e sócias, chamava a atençom sobre a “enorme dificuldade para cobrir baixas”, a carência de previsom da Junta, e a existência de mais e mais áreas do país sem cobertura médica para a infáncia.
A Conselharia de Sanidade nom tivo mais remédio que reconhecer o problema: na altura, o responsável desta área manifestava que a Junta estava a estudar a possibilidade de ampliar a idade da reforma, e ir somando “novas medidas organizativas.” Estas medidas nom se fixérom esperar: os técnicos da Junta criárom a figura do “facultativo especialista de pediatria de área”. Por outras palavras, permitem que médicos que nom tenhem qualificaçom pediátrica desenvolvam este labor, e que o fagam aliás em quendas mais reduzidas: os concelhos castigados polo Estado a um lento desmantelamento terám apenas serviços para a rapazada certos dias à semana, normalmente em jornada de manhá, e em horários que por vezes nem se cumprem, como denunciou recentemente a vizinhança de Zas ao digital algopasanacosta.com.
A própria comunidade pediátrica rejeita tal figura. A Associaçom Galega de Pediatria contestou a esta decisom dizendo que era “opaca, adoptada unilateralmente, e sem que mediasse nem consulta nem informaçom por parte da Conselharia”. A Junta nega tal escurantismo mas, em qualquer caso, nom pode negar que a oposiçom é ampla e rotunda. Vizinhanças e profissionais patenteam-no nos últimos tempos, e também o sindicalismo polemiza: para a CIG, a noçom de “pediatria de área”, com um mesmo profissional (nom pediatra) a cobrir umha ou várias bisbarras com horários apretados nom traz mais do que “inestabilidade e exploraçom”.
Pais e maes na rua
Recolhidas de assinaturas, concentraçons diante dos centros de saúde comarcais, notas de imprensa, concessom de entrevistas, e assistência organizada à exitosa manifestaçom do sábado passado, eis as mostras mais vivas do descontentamento social com a política neoliberal que promove a direita espanhola. A maior pressom mobilizadora alcançou-se em Trasancos, Ortegal e na Marinha, nesta última comarca ainda intensificada pola dinámica criada em defesa da área sanitária. Várias moçons municipais de queixa fórom apresentadas no Valadouro, em Barreiros ou em Ribadeu. Na Costa da Morte, Jalhas e Bergantinhos, organizárom-se mobilizaçons em Malpica, Coristanco, Maçaricos, Zas ou Cee. À imprensa empresarial transcendêrom casos como o dumha família de Fisterra, que tivo que deslocar-se 140 kilómetros no Natal para procurar atençom para o seu meninho; pais e maes de Ortigueira ou Manhom apostam por levar a sua cativada ao serviço de Urgências de Ferrol, ante a ausência de pediatra, numha viagem dumha hora, por vezes em horário intempestivo.
A oposiçom medra. A gestom elitista da sanidade e o recurso à mentira política penalizam mais e mais a extrema direita empoleirada no governo autonómico.