Cumprírom-se quatro anos desde que um forte contingente de guardas civis irrompia violentamente em domicílios de nove independentistas, para logo incomunicá-los e transladá-los a Espanha, onde declarariam na Audiência Nacional; as detençons, que se reforçárom com a acusaçom de culpabilidade da imprensa comercial, ainda se ampliariam em 2017, com o arresto de três solidárias com os presos. Em 2020, doze pessoas enfrentam petiçons fiscais de até 102 anos de prisom, e Causa Galiza e Ceivar encaram umha possível ilegalizaçom. Encausadas e militantes de distintas trajectórias estám a lançar nas ruas e nas redes campanha de denúncia.
Os doze encausados e encausadas da Operaçom Jaro abrírom em twitter umha conta oficial, @12_empe, em que dam notícia das diversas iniciativas que se estám a desenvolver em todo o território galego (e em ocasions fora dele) para sensibilizar a sociedade sobre a ameaça que paira sobre direitos e liberdades. Se bem as acusaçons formais apontam de maneira artificiosa a proscrever “duas organizaçons criminais que exaltam o terrorismo”, na verdade, a eliminaçom de Causa Galiza e Ceivar do panorama político suporia deixar sem poder de actuaçom opçons independentistas, socialistas e anti-repressivas. A acusaçom de exaltaçom de resistência galega serviria, entre outras cousas, para proscrever actos de memória histórica, reparto de material arredista, organizaçom de recebimento de presos e presas, ou mesmo qualquer trabalho solidário contra vulneraçom de direitos. Na fase de instruçom deste processo, a própria Causa Galiza estivo ‘suspendida de actividades’ (ilegalizada de facto) durante mais dum ano, impedindo o normal desenvolvimento do trabalho político independentista no país.
O trabalho desenvolvido ao longo do país, e de maneira mais intensa nas áreas urbanas, foi originariamente desenhado em assembleias de encausadas, que devinhérom posteriormente em assembleias abertas organizadas em vários centros sociais: Lugo, Corunha, Ponte Vedra, Compostela, Vigo, Ferrol, Boiro celebrárom os seus encontros, na maior parte das vezes iniciados com umha palestra com algumhas das pessoas encausadas ou advogados da defesa. Em datas próximas, estas assembleias ampliarám-se ao Baixo Minho. Nas intervençons públicas, os participantes debulhárom os delitos de que som acusados, deslegitimárom a artificiosa identificaçom do trabalho político público com resistência galega, e vincárom na continuidade histórica da Audiência Nacional com o TOP franquista.
Denúncia, já na rua
Dinámica assemblear está a levar a denúncia da Operaçom Jaro às ruas do país, e nomeadamente àqueles espaços onde há mobilizaçom social e política. Na passada semana, voluntárias desdobravam faixa solidária em Lugo, e no vindouro domingo, umha iniciativa semelhante vai ser levada a cabo na mobilizaçom de SOS Sanidade Pública em Compostela.
Nas redes, as mostras de solidariedade sucedem-se cada dia: dos ámbitos juvenil, desportivo, feminista, sindical, político, dos centros sociais, da língua e da cultura, dúzias de voluntários enviam a sua foto com a legenda “A nossa solidariedade é imparável”, secundando assim a campanha polas liberdades e direitos civis.
Agentes sociais e políticos
Além do trabalho de base, a situaçom das e dos encausados está a transladar-se à maior parte do tecido político e social galego. No ámbito institucional, o BNG reuniu-se com umha delegaçom de Causa Galiza e transmitiu publicamente o seu apoio; a organizaçom independentista recebeu também a solidariedade pública de Anticapitalistas Galiza após um encontro entre ambas as forças. Ainda, encausadas solicitárom umha reuniom com o feminismo organizado na Marcha Mundial e na Plataforma Feminista da Galiza.
Umha avaliaçom de fundo
A conta de twitter @12_empe realiza também umha avaliaçom de fundo do momento político que estamos a viver com a consumaçom da Operaçom Jaro. Recorda que o juiz instrutor da causa, García Castellón, é o mesmo que dirigiu umha rusga contra os CDR catalám. Esta saldou-se com nove encarceradas em prisom preventiva, que nom demorárom em sair em liberdade por falta de base provatória; na passada semana, e calcando o esquema aplicado contra a militáncia galega, detinha quatro militantes de Sortu por participarem em recebimentos a presas políticas bascas. Trás as detençons, todos eles ficárom em liberdade. @12_empe analisa aliás qual é a pretensom de fundo de dinámicas repressivas como estas: “A finalidade política de montagens policiais como a é abortar a articulaçom do projeto independentista, constranger a política nacionalista à gestom do Estatuto e neutralizar a maduraçom de crescentes setores sociais face posiçons de rutura com o Estado espanhol.”
Por outra parte, e dadas as dinámicas de afirmaçom do próprio grupo e do próprio sector que caracterizam o agir dos movimentos sociais, a passividade poderia ser umha das respostas possíveis. Dado que outros sectores poderiam considerar a Operaçom Jaro um “problema de independentistas”, ficar de braços cruzados ante o ataque faria-se umha opçom possível. Na conta @12_empe pom-se em causa tal perspectiva, pois considera-se que “de como se resolva a Operaçom a Justiça espanhola dependem parte dos futuros desenvolvimentos das políticas de repressom e contençom social na Galiza. Esta montagem policial e judicial nom é só “um problema do independentismo.” Com efeito, de se consumar o passo de deixar fora da lei umha ideologia dissidente, a arredista, nom demorariam em pôr-se no alvo outro tipo de ideários que o Estado espanhol considerar contrários aos seus interesses nacionais e de classe.