(Imagem: Teresa Ribera, Ministra de Transiçom Ecológica) Num processo acelerado, de apenas um lustro, a populaçom vai afazendo-se a conviver com os chamados fenómenos meteorológicos extremos, que sacodem a Europa com grande frequência. A um tempo, as audiências familiarizam-se com a expressom ‘emergência climática’, um lembrete contundente que nasceu no movimento ecologista, agora instrumentalizado polos gestores das instituiçons. O novo governo espanhol anuncia a assunçom da ‘emergência climática’, o que poderia dar ideia de passos firmes cara decisons resolutivas ante o colapso ambiental. De que se trata em realidade?

O governo de coaliçom apresentou nesta semana 30 linhas de acçom consoantes com um ‘estado de emergência climática’ que se assume como evidência incontestável. Segue-se assi o ronsel marcado por certas cámaras municipais do Reino de Espanha, também governadas pola direita moderada ou a esquerda reformista, caso do concelho de Barcelona. Segundo Teresa Ribera, Ministra de Transiçom Ecológica, nos três primeiros meses de governo executarám-se as cinco primeiras medidas, as de maior envergadura. A primeira será a aprovaçom no Congresso espanhol dum Projecto de Lei de Mudança Climática e Transiçom Energética, que contempla alcançar zero emisons no horizonte de 2050; assinarám-se também Convénios de Transiçom Justa, que teoricamente evitarám que o peso da reconversom produtiva recaia no lombo das classes trabalhadoras; acometerá-se um plano de transformaçom da indústria, nomeadamente a energética, e concretizará-se um Plano Nacional de Adaptaçom das populaçons a situaçons extremas: secas de longa duraçom, desertificaçom de áreas extensas, mesmo borrascas explosivas com perigo para a vida humana e as infraestruturas, estám já na agenda dos governos. Quiçá a medida mais chamativa, por menos convencional, seja a convocatória dumha Assembleia Cidadá sobre Mudança Climática, que pretende dar cabimento, quanto menos no papel, às demandas da sociedade civil.

Imagem: espirituracer.com

Aliás das medidas mais urgentes, PSOE e Unidas Podemos lançarám 25 medidas ‘transversais’, que incluem transformaçons cara a eficiência climática na administraçom, habilitaçom de zonas ‘de baixas emisons’ nos núcleos urbanos, e fim dos benefícios fiscais para as empresas apoiadas em combustíveis fóseis.

Das declaraçons à realidade

O chamado ‘new green deal’, desenhado nos Estados Unidos e popularizado pola figura de Greta Thunberg, está a canalizar cara as instituiçons muitas das demandas mais superficiais do ecologismo, e coptando aliás muitas das suas figuras. Sem atrever-se a pôr em causa os dogmas do crescimento económico e o capitalismo, vestirá de verde todos os governos occidentais. Irene Montero, ex-militante dos movimentos sociais convertida em política profissional e ministra, já declarou nos primeiros dias de governo que “o crescimento económico é prioridade absoluta do novo executivo.”

Nestas coordenadas, movimentos como Ecologistas em Acçom advertírom já que a declaraçom de emergência é “mais simbólica que real.” Na realidade, as cinco medidas urgentes, apresentadas como ‘de impacto’ respondem a exigências que colocam a Uniom Europeia e a ONU a todos os países membros; algumhas delas, de facto, vam com retraso, e já deveriam ter sido efectivadas a finais do passado ano. Além disso, e como assinalam diversas fontes do ecologismo, ao ficarem muitas propostas em declaraçons nom vinculantes, transferem a carga da sua aplicaçom aos poderes municipais. Mas estes regem espaços demasiado pequenos, e carecem de meios para efectivá-las.

A assunçom hispana da ‘emergência’ climática nom vai além das medidas vazias da recentemente celebrada COP25 que, ratificando a irresponsabilidade do Tratado de Paris, nom tomou nenhum compromisso real para evitar que a temperatura média do planeta sobarde os 1,5º. Por outras palavras, ponhendo por diante a continuidade do crescimento, e sem ousar medidas de transformaçom radical da base produtiva que questionem o capitalismo, a humanidade entra no terreno desconhecido e perigossíssimo dumha mudança induzida sem margens de controlo. Como recentemente manifestou na imprensa o portavoz do Movimento Galego polo Clima, “há um 5% de possibilidades de entrarmos numha situaçom ambiental incompatível com a sobrevivência da civilizaçom.” Obviamente, dados como estes estám sujeitos à controvérsia científica, mas apenas o negacionismo mais minoritário se atreve a desmentir os riscos que se achegam.

Desta volta, os efeitos da meteorologia extrema deixárom-se sentir no Mediterráneo.
Imagem: elperiodico.cat

E na Galiza?

Analisávamos há umhas semanas neste portal como a Junta tem desenhado o seu próprio programa propagandístico, mais vácuo se calhar num país privado de soberania e sem poder executivo real. Intitula-se ‘Estratégia Galega de Cámbio Climático e Energia’, e apresentou-se na Cidade da Cultira diante de representantes de gigantes empresariais como Ence ou Naturgy. Nesta redacçom Faziamo-nos também eco das críticas do ecologismo autóctone, Adega ou Verdegaia, que desvendavam que o 60% das medidas careciam de asignaçom orçamentária. Nenhuma delas ponhia em causa o processo eucaliptizador, a incineraçom de lixo na empresa mixta SOGAMA, ou o fomento da turistizaçom sem entraves. O sector turístico é de facto um dos grandes causantes do efeito estufa, e estima-se que os deslocamentos humanos com fins recriativos contribuem para um 8% dos gases de efeito estufa.