Seria possível umha sociedade sem prisons? Isto mesmo se tem perguntado Ignacio González, um jovem investigador e professor da universidade de Girona. A sua resposta é afirmativa e vincula estreitamente o nascimento das penas de prisom com o nascimento do capitalismo. Para confirmar esta realidade, estám as tipologias das pessoas presas. As que padecem em primeira pessoa o sistema e as que o combatem vam ser as que vaiam experimentar com maior dureza os ferrolhos. Pola mesma, também vam ser as pessoas que nas estreitas margens que deixa o capital e os seus altos muros de formigom, tomarám o caminho da evasom. Fugas à galega, porque naturais da Galiza também deixárom pegada nos episódios de mais impacto e dignidade dentro das prisons.
A macroprisom de cemento arredada das cidades tinha, entre outros cometidos, a funçom de disuadir as pessoas de intentar fugas. Altíssimos muros de formigom, cámaras de seguridade, perímetros de seguridade e a própria ubicaçom dos penais em lugares mui chairos e sem apenas estradas circundantes. Por isso as estatísticas oficiais falam de que a maioria das evasons no Estado espanhol correspondem a quebrantamentos em permissos ou à fuga de pessoas presas que realizam tarefas de limpeza exterior e que som consideradas pessoas de confiança para a prisom. Desde o 2005, nas prisons espanholas, apenas se registárom 18 fugas desde a prisom. As restantes coreespondem-se com 9520 quebrantamentos de condena. Nom som poucos e confirma que na cabeça de toda pessoa presa, ou quanto na cabeça de grande parte, a fuga debuxa-se como o sonho ou a necessidade perene que acompanham as penas de prisom.
Tentativa de fuga na Corunha
A ediçom de La Voz de Galicia do 16 de maio do 1976 dava conta de um intento de fuga através de um túnel na antiga prisom da Corunha. Os dados som mui escassos e informam de que um túnel de 50 centrimetros de diámetro e ainda escassa longitude fora localizado por parte do funcionariado da prisom durante a noite ao escuitar ruidos suspeitosos. A imprensa informa de que as pessoas autoras do túnel seriam três ou quatro presos vinculados à UPG.
Estas pessoas seriam Manuel Fernández Rodríguez, Xoán Manuel Álvarez e Xosé María Brañas Pérez, processados no sumário 1650/75 do TOP acusados de terrorismo e tenência ilítica de armas. O livro Disparos, do jornalista Xavier Navaza afunda nos feitos. Um “chivataço” seria em realidade a causa do descobrimento do túnel. Os três militantes galegos, ajudados de dous presos sociais, começariam a cavar no túnel em fevereiro do 76. Depois do “chivataço” o funcionariado da prisom reforçou a vigilância nas instalaçons até que na madrugada do 12 de Maio atopam um túnel com 14 metros já de longitude. Polos vistos a intençom dos militantes era chegar até os esgotos do penal. Fôrom isolados durante 40 dias e abriu-se-lhes um novo sumário que lhes impediu sair em liberdade amnistiados naquele mesmo ano. Finalmente, fôrom postos em liberdade o 23 de março do 77. O duro verao que foi o do 75 para o movimento nacionalista galego começou em Ferrol e rematou na Corunha com as mesmas mostras de conflitividade. Era a marca dos tempos.
Galegos também na fuga de Samora, um desafio aberto ao Estado espanhol no 79
Cinco pessoas, todas elas militantes dos GRAPO, conseguírom fugar-se do penal de Samora no ano 79. Três deles fôrom assassinados – assi de “exemplar e pacífica” foi a transiçom- e dous julgados por esses feitos no ano 83. Abelardo Collaço e Hierro Chomón, levavam a cidade de Vigo e o antifascismo no ADN. Os presos vinculados aos GRAPO e demais organizaçons políticas e armadas confinadas nas prisons espanholas a causa do seu compromisso antifascista, organizavam a sua vida em comunas. No caso da de Samora, os presos vinculados aos GRAPO denominárom-na Carlos Marx e nela continuavam a sua acçom política umha vez encarcerados. Ali se planificou a fuga do penal de Samora que logou a evasom nom só de Colhaço e Chomom, também a de Francisco Brotons, Enrique Cerdán e Juán Luna. As condiçons de vida do penal eram duríssimas. Segundo umha extensa biografia de Collaço publicada na rede, havia água permanentemente nas celas, humidade nas paredes… As infra-humanas condiçons de vida levárom os presos políticos a iniciar umha greve de fame de 22 dias que consegue algumhas melhoras. No 17 de dezembro logram a evasom através de um túnel que previamente realizárom com grande zelo. No exterior da prisom com frio e chuva, caminham durante 10 dias em umha direcçom: Galiza. Abelardo Colhaço chegou a Vigo. Tempo andando, todos os membros fugados regressam à sua actividade política. Dous deles fôrom julgados no 83 pola devandita fuga, que supujo um golpe de efeito muito forte na moral do Estado espanhol.
Xosé Tarrio, nom houvo descanso
Que a transiçom e a posterior alegada “democracia” nom foi o que diziam que era, podem testemunhá-lo fidelmente os presos sociais que experimentárom em carne própria as condiçons de reclusom às que fôrom submetidos como consequência da sua rebeldia e firmeza. Dos finais dos 80 e princípios dos 90 datam as incontáveis acçons- que chegam até a actualidade- que presos incluidos dentro do Ficheiro de Especial Seguimento (FIES) realizárom baixo diferentes siglas ou a nível individual para denunciar o especial ensanhamento que o sistema penitenciário monstrava para com eles. Um sistema comandado por Antoni Asunción, que instaurou e extendeu a cruel prática da dispersom que se vai ensanhar e deixar em solidom as pessoas sem recursos do sistema carcerário espanhol.
O corunhês Xosé Tarrio foi um deles. Naquela altura o principal recurso para a fuga eram os traslados a sedes judiciais ou ao hospital. Através de cortes com serras nos baixos dos furgons policiais logravam a fuga. Assi o logrou também Javier Ávila Navas, que numha saída ao julgado, realizou com umha serra um buraco num furgom. Umha mulher que passava pola rua ao ver a operaçom avisou à parelha da Guardia Civil e rematou assi com a evasom do preso. Ávila Navas, ex-preso rebelde espanhol com umha dilatada trajectória de luita, também conta nas suas memórias, “Resquicios para levantarse”, que muitos presos sociais galegos da altura sempre estavam “dispostos à acçom”. E dá conta de um pontevedrês, Anxo, com o que tentou num julgado de Pontevedra a evasom.
Ugio Caamanho, tentativa mais recente
Ugio Caamanho fora detido em 2005 com Giana Gomes; ambos militantes independentistas foram acusados de destroçar com explosivos umha sede de Caixa Galicia nas vésperas do Dia da Pátria. Dispersado na prisom de Cáceres em 2006, Caamanho serrou os barrotes da sua cela num trabalho de vários meses, e com lençois e cordons anoados baixou até o pátio em plena noite, trás passar o último reconto. No pátio do módulo foi localizado por um guarda passadas várias horas. Transladado a isolamento e posteriormente a Puerto de Santa Maria, foi julgado em novembro do 2007 nos julgados de Cáceres. A fiscalia solicitava mais 5 meses de prisom, que se haveriam de somar aos mais de quatro anos que Ugio tinha que pagar pola dita sabotagem. Umha concentraçom de pessoas solidárias arroupárom o militante galego no juízo.
Foi a última tentativa de fuga, que se conheça, com acento galego. Haverá mais e múltiples, porque a prisom é opaca e os mass média só querem que se transmitam notícias pretas, desilusionantes, alarmantes das prisons. Mas a luita pola liberdade brilha e mui especialmente nos lugares onde a sua falta é tam gritante.