Na primeira parte desta série de dous artigos que podes ler aqui, deixávamos pendente várias questons ausentes no mês e meio que ali analisamos. Tentaremos agora oferecer umha olhada rápida mas rigorosa delas que contribuam a resgatar a história do soberanismo da narrativa autonomista.
O 31 de Julho de 1932, cria-se o Seminário de Estudos Socialistas como nos dá conta El Eco de Santiago de 2 de Agosto. Esta entidade impulsada pola que será a direçom da Uniom Socialista Galega pretende estudar “dum jeito científico e formal todos os problemas do viver galego”. Aliás, deseja acometer esse labor “Sem exibicionismo de revolucionarismo ineficaz” e “sem consumo de tópicos baleiros”. O organismo centra como temas principais do seu labor a economia e a cultura e começa já no mês seguinte a sua expansom. El Pueblo Gallego publica o 20 de Agosto de 1932: “Foi designado para representar e organizar as secçons correspondentes do Seminário de Estudos Socialistas da Galiza em Santa Ugia de Ribeira dom Manuel Moure Gómez.” Na mesma nova anuncia-se o nomeamento com idêntica responsabilidade de Ramiro Castro para Cúntis e de Bernardo Mato para Teo. Como concreçom da sua atividade, El Ideal Gallego de 21 de Setembro desse mesmo ano informa da campanha que USG e Seminário de Estudos Socialistas ham realizar para exaltar “todas aquelas personalidades galegas que através da nossa andaina histórica expressárom umha sincera emoçom patriótica quer nos seus escritos quer nas suas rebeldias”.
Em Julho de 1933 aparece a publicaçom quincenal bilingue Amañecer. Trás dela, vários membros da USG, do galeguismo e do sindicalismo agrário da altura. O seu editorial resulta diáfano e categórico: “Nestas colunas, que também ham ser de informaçom, apenas vam ser acolhidas as sinaturas, as atitudes e os gestos de todos aqueles homens que luitem por umha Galiza ceive e independente.” O periódico dura até Setembro desse mesmo ano, mas manifesta a vontade de construçom dumha imprensa arredista no país.
Desde o começo, a Uniom Socialista Galega caracteriza-se polo seu empenho comunicativo. A rádio, que começava a espalhar-se por toda Galiza daquela, nom podia ficar fora desta pretensom. Num país com um nível de analfabetismo mui elevado entre as classes populares, nom só custava fazer-se entender num galego escrito sem norma, também mesmo no espanhol obrigatório. Porém, a oralidade salvava essas travas e achegava o calor da entoaçom e da voz. Por isso, já o 16 de Fevereiro de 1933, El Compostelano informava de que o Comité Central da USG acordara “intensificar a propaganda autonomista incrementando o quadro de oradores e solicitar-lhe a Unión Radio Gallega umhas horas para dar umhas conferências na emissora.” O ano seguinte comprovamos a concreçom dessa intençom inicial. O 9 de Janeiro de 1934, El Pueblo Gallego anuncia umha conferência de rádio do secretário geral da USG: “A sexta-feira há pronunciar umha conferência na rádio o conhecido jornalista e advogado Joám Jesus Gonçales.” No mesmo meio, cinco dias depois, dá-se conta doutra conferência do de Cúntis em Unión Radio. O 27 de Janeiro de 1934, El Compostelano anuncia que a terça seguinte se transmitiria umha outra conferência de Joám Jesus Gonçales co título de “Economia e autonomia galegas”. O 17 de Fevereiro desse ano, a programaçom de Emisora Compostelana inclui para as 15:00 outra palestra de Joám Jesus intitulada “Novos rumos para o autonomismo galego”.
Radiada também foi a assembleia autonomista do 3 de Dezembro de 1933. As intervençons dos representantes das diversas organizaçons fôrom recolhidas pola imprensa. A do secretário geral da USG sobranceia pola sua dureza e porque ameaça coa luita armada de se paralisar o processo estatutário. El Compostelano de 4 de dezembro publica as suas palavras: “se fam perder a esperança de redençom da Galiza por vias legais, há-se ir à luita pola violência, dum jeito férreo e implacável, acodindo a todos os meios, para limpar Galiza dos sucessores de quem a atraiçoou na Frouxeira.” Cumpre pormos em relaçom esta advertência coa formaçom do Terço de Calo em 1936. Ao dia seguinte do levantamento fascista, Jóam Jesus aparece à cabeça de 50 milicianos armados que desfilam em formaçom militar para combatê-lo em Compostela. As testemunhas no juízo que condena a morte o líder independentista som claras. Nom só fam gala dumha disciplina trabalhada, quando formam na praça do Obradoiro, Joám Jesus passa-lhes revista e corrige a postura dum dos homens. Aliás, tomam em poucas horas os pontos estratégicos da cidade com precisom militar: telefónica, armazéns, transportes e central elétrica. Isso nom se improvisa dum dia para o outro. Numha recente conversa com Maria Antónia Pérez, especialista em Luís Seoane, batim com umha informaçom interessantíssima. Seoane idolatrava a Joám Jesus e mesmo fora mitinear pola USG no ano 1933. Ela contou-me que o artista lhe confessara como realizavam atividades pouco ortodoxas no armazém da livraria editorial Niké de Joám Jesus, “salvo quando cumpria ir fazer práticas ao monte polo ruido”. A possibilidade dumha organizaçom armada prévia ao 1936 resulta assim mais que provável.
Quiçá coa pressada de informaçons deste par de artigos podamos enxergar um independentismo galego mais pragmático e implantado do que a caricatura académica autonomista nos quer insuflar.