Várias vilas galegas ficarám no ano que entra sem serviço de venda de bilhetes nas estaçons de comboio. Trata-se de mais um passo no curte e precarizaçom dos serviços ferroviários, que desta volta atinge as comarcas de Ortegal, a Marinha, Sárria, Ribeiro, Carvalhinho, Vigo e Baixo Minho. No total, oito núcleos de populaçom perderám este serviço, que derivará numha maior utilizaçom do carro particular.
Embora a Conselharia de Infraestruturas, em maos de Ignacio Maestro, diz que o governo autonómico se opom à medida, na realidade tais reajustamentos seguem as directrizes de progressiva mingua de infraestruturas cara a privatizaçom que decidiu Espanha em 2013, seguindo as directrizes neoliberais da Uniom Europeia. Certamente, as negociaçons da Junta com a companhia de caminhos de ferro impediu há dous anos o plano destes mesmos serviços nas vilas que agora vam a perdê-los, e conseguiu-se manter aliás a venda de bilhetes na Rua ou no Barco. Porém, doravante a decisom parece inapelável, e encaixa na filosofia de privatizaçom, marginaçom das chamadas linhas secundárias, e concentraçom de todos os serviços em linhas de alta velocidade orientadas a um maior poder adquisitivo.
Sugestons privatizadoras
O que fora presidente de Renfe na jeira 2014-2016 (antes de ser cessado) manifestara há quase quatro anos ao Financial Times británinco que “a melhor maneira que tem o Estado de manter a fortaleza de Renfe é submetê-la às leis do mercado”, e chamava a seguir a experiência do gestor aeroportuário AENA, cujo capital está repartido entre accionistas privados e a administraçom espanhola.
A petiçom encaixa como umha luva na tendência internacional à privatizaçom de serviços públicos essenciais, que se salda sempre com a perda das partes das estruturas consideradas menos rendíveis. Sem embargo, a entrada da lógica do lucro no mercado dos caminhos de ferro está a seguir um processo paulatino e com certas complexidades. O certo é que, se prescindirmos dos critérios de interesse social e vertebraçom dos territórios, a ferrovia espanhola é deficitária, o que leva os grandes grupos capitalistas a tomar com prudência a sua toma total. Quando a ex-ministra Ana Pastor fijo os primeiros anúncios privatizadores, nos anos da crise, a entente formada por Renfe Operadora, Adif e Feve topavam-se em números vermelhos, e com um adividamento global de 20730 milhons de euros.
O PP, que guia a transformaçom de Renfe-Adif numha entidade privatizável e num agente económico que se enfrentará a outros em teórica livre concorrência, já decidiu em 2013 partir a companhia em quatro grupos operativos, com o que o transporte de viageiros, as mercadorias, a logística e o arrendamento passam a organizar-se de diferentes entidades. Em 2015, a Uniom Europeia obrigou ao fim dos monopólios públicos no transporte de viageiros por caminhos de ferro, e a partir deste ano que entra, Renfe pode enfrentar-se já a blocos empresariais rivais. Todas estas medidas foram combatidas polas forças sindicais, que prevém, ao alento da reconversom, curtes de plantilha e retrocesso de direitos laborais.
E a Galiza?
Continuando o macro-desenho de infraestruturas espanholas para a Galiza, o processo de reconversom e futura privatizaçom ferroviária deixou sem estaçons de cercania algumhas das vilas mais importantes do occidente galego, sacrificadas pola alta velocidade; longe da zona que concentra o grosso da populaçom e actividade económica do país, ao leste da Dorsal Galega, e com a única salvidade de Ourense, o interior fica privado de linhas ferroviárias regulares e solventes, e condenado a um isolamento de facto que só se supera com o recurso ao veículo privado.