Umha das maiores inquietudes que tenhem os pais e maes é que os seus filhos tenham uma qualidade de vida melhor que a sua própria, e a grandes traços, era algo que se vinha cumprindo na Galiza nas últimas geraçons. Mas agora isto está a mudar. Muitas moças e moços que nascêrom na década de 1990 já padecem umhas condiçons laborais e económicas piores que as que lhe tocou viver a seus pais. Aqueles a quem a crise económica os colheu no momento em que tinham que saltar do mundo educativo ao laboral, aqueles que começárom a trabalhar sofrendo já as desvantagens das últimas reformas laborais, estám a serem os mais danificados da crise económica.

Os dados

Segundo se desprende do informe apresentado na semana passada polo Banco de Espanha, onde se faz umha valoraçom da evoluçom económica das famílias até o início do ano 2017, som as famílias novas (aquelas em que a cabeça de família tem menos de 35 anos) as que mais piorárom a sua situaçom. Se a renda das famílias em geral desceu ligeiramente passando de uns ingressos anuais de 25.800 euros no ano 2011 até os 25.600 euros, as famílias mais novas padecêrom um recorte muito maior, passando de ingressar 27.700 a 22.800 euros, quase um 20 % menos em apenas seis anos.

Em relaçom às famílias que possuem a vivenda habitual em propriedade, a situaçom geral também piorou, mas no caso das mais novas a regressom é mais acentuada porquanto em só três anos passou-se de que o 49,5 % destas famílias tenha a sua vivenda em propriedade a tam só o 41,3 %.

Quanto à riqueza neta, aquela que é calculada como a soma total do valor dos ativos reais e financeiros menos o importe das dívidas, passou no caso das famílias novas de 71.600 euros no ano 2011 a praticamente desaparecer (5.300 euros) no ano 2017.

E mesmo possuir um carro está-se a converter num luxo. O informe reflete que a percentagem de famílias que possuem carro também desceu no período de 2014 a 2017, descenso mais acusado nas famílias mais novas onde a sua tenência passou do 85,7 % até o 74,4 %. Em definitiva, umha de cada quatro famílias novas nom pode permitir-se um carro.

O hedonismo como soluçom

Estas novas familías, formadas por moços e moças (e em muitos casos formadas por umha única pessoa) que acudírom em massa à universidade, está a ver como se estám a incumprir todas as suas expectativas vitais. Umha geraçom sobre-qualificada que também foi vítima das sucessivas reformas educativas liberais e cursárom graus, mestrados, aprendeu idiomas e outras formaçons académicas intermináveis, retrassando deste jeito a sua integraçom na vida laboral. E umha vez o fazia, as condiçons laborais nom eram as que lhes prometeram que teriam se estudavam. Esta situaçom econômica também tem implicaçons sociais e políticas, pois nom se podem afiançar as relaçons próprias da idade adulta sem umha mínima estabilidade económica.

Paralelamente produziu-se umha mudança ideológica que estabeleceu umha filosofia de vida baseada no hedonismo, no bel-prazer e nas aparências que dificulta a organizaçom e a militância política. A isto ajudou a facilidade de crédito, a popularizaçom das tarjetas revolving (aquelas coas que se podem realizar pagos adiados, é dizer, a gastar dinheiro que em realidade nom se tem), e todo isto sobredimensionado polas redes sociais virtuais que mostram da gente unicamente os momentos de dispêndio desmedido: as viagens, as festas noturnas, a estreia de novos produtos de consumo (de aí a popularizaçom dos vídeos de unboxing)… Se nom se obtém o sucesso económico, quando menos, aparentá-lo.

Mas por trás de todo isto há umha sensaçom de tédio, de frustraçom constante e desarraigo que leva a situaçons depressivas que derivam no incremento de consumo de fármacos, e em definitiva, numha sociedade enferma.

* Os valores achegados som a mediana, e nom a média, pois som mais representativos e evitam as deformaçons estatísticas que provocam os valores extremos.