A perda de hegemonia da Igreja católica, na Galiza e em todo o mundo occidental, mudou por completo o significado do Natal. Mas o que poderia ser um avanço cara formas de celebraçom mais livres, supujo na realidade a queda em outra dependência: a do consumismo e o encadeamento a pautas culturais alheias a Galiza. Desde a suavizaçom dos efeitos da crise das finanças, galegas e galegos parecem subir de novo ao carro do Natal mais irracional.

Na Galiza, e segundo estudos estatísticos, o índice de consumo natalício está por baixo da média espanhola, mas acada sem embargo quotas importantes. Desde que, quanto menos na percepçom subjectiva, os efeitos mais temíveis da crise ficaram atrás, o súbdito espanhol médio voltou a umha média de gastos natalícios por cima de 648 euros (segundo estatísticas comerciais de 2015). No Natal passado, e se seguirmos umha estatística realizada por Cetelem, cada galega gastava em compras de Natal 330 euros, um 27% menos que a média espanhola. A roupa é o primeiro objecto de consumo preferido polos galegos, e as grandes áreas comerciais e internet, as formas preferidas de adquirir estes bens.

Há alternativas?

Os anos de recessom económica supugérom novas fórmulas para enfrentar as convençons de Natal de forma mais prudente: ganhou espaço o consumo de segunda mao e em geral racionalizou-se o gasto. Abandonados maiormente esses comportamentos, colectivos ambientalistas chamam a atençom sobre o carácte ‘insostível’ deste modelo. O próprio sucesso popular das conhecidas ‘luzes de Natal’ promovidas polo PSOE viguês, e emuladas por muitos concelhos, dá prova do arreigados que se acham os hábitos de esbanjamento em todas as ordes.

Em 2017, ADEGA editou o manual ‘Por um Natal mais verde. Conselhos para nom consumir-te nas festas’. As ambientalistas assinalavam que nestes quinze dias de festejos o gasto de energia quotidiano -já de seu elevado- incrementava-se ‘por cima do preciso’, a produçom de refugalho é ‘exagerada’, e o incremento do transporte privado e de aviom agrava ainda mais o efeito estufa. Desde que, para ADEGA, isto é ‘sintoma dumha sociedade em perigo’, o colectivo socializa certos conselhos: a compra de produtos locais e de tempada, evitando o consumo de produtos de ecossistemas frágeis e afastados; o respeito a espécies como o acivro ou a xilbardeira, que ainda se arrincam para engalanar as moradas; o agasalho de animais ou plantas que nom procedam de espaços em perigo, e a compra de produtos autóctones etiquetados em galego. ADEGA recomenda também valer-se das redes e entidade de comércio justo e prescindir no possível das áreas comerciais.

A dificuldade de consumir em galego

Como todas sabemos, a pressom social e as rotinas familiares fam mui difícil a coerência. Se além da dimensom meio ambiental levamos em conta a cultural e a idiomática, a adversidade aumenta. Bem é certo que o Apalpador abriu um grande espaço nas nossas festas, mas trata-se ainda dum fenómeno minoritário num ambiente onde dominam figuras manufacturadas no estrangeiro e a língua espanhola tem hegemonia absoluta. A Mesa, entidade que chamou nestas festas à ‘responsabilidade linguística’, recordou que apenas o 0’6% dos brinquedos venhem etiquetados em galego.

Imagem: Sermos Galiza

Este comportamento empresarial de costas viradas ao país choca, porém, com estudos económicos que demonstram a maior rendibilidade de etiquetar na nossa língua. Há seis anos, o docente Alberto Pena, da Faculdade de Comunicaçom e Ciências Sociais, demonstrou num trabalho publicado polo Conselho da Cultura que “os anunciantes que renunciam ao emprego de símbolos da cultura do país perdem a excelente oportunidade de reivindicar os traços de autenticidade e diferenciaçom dos seus produtos através de valores engadidos.” A Mesa, na sua APP ‘abertos ao galego’, leva anos a pôr em relaçom empresas amigas do galego com consumidoras apriori interessadas em apoiar a língua através das compras.