A celebraçom do Apalpador chega cada vez a mais pontos do país. Umha recuperaçom que parece imparável e resultou extraordinariamente rápida, levando em conta que apenas há quinze anos a figura era apenas conhecida nas montanhas orientais, e ficava restrita à memória oral, sem nenhum interesse por parte dos estudos académicos. Hoje, bem metidos no século XXI, o carvoeiro está presente numha ampla oferta lúdica e cultural. Sobrevive com força no lugar onde renasceu, o movimento popular, mas extendeu-se também aos ámbitos institucionais livres do domínio da extrema direita, à literatura infantil e à música.
O nome do investigador José André Lôpez Gonçález ganhou merecido reconhecimento, por ser o primeiro que, num texto do Portal Galego da Língua, deitou luz sobre esta figura do nosso património. O pulo militante deu-no a Gentalha do Pichel e por extensom a rede de centros sociais que na primeira década do século levárom o carvoeiro a palestras, passa ruas, colantes e postais. Mais adiante, e motivando a ira dos inimigos da cultura galega, algumhas instituiçons mais sensíveis à cultura de nosso pugérom em contacto parte da infáncia do país com o também chamado ‘Pandigueiro’.
Fundamentaçom histórica
Como nom podia ser de outro modo, os partidos e cátedras intelectuais mais hostis à recuperaçom cultural galega nom demorárom em lançar o seu ataque: o Apalpador era um ‘invento’, um enxebrismo ridículo, ou umha ‘forma de adoutrinamento’. Rebatendo as falácias, o movimento popular aginha dispujo para o grande público as suas poderosas razons, e também ferramentas formativas. Em 2011, a Gentalha do Pichel editou ‘Teoria de Inverno’, umha achega multidisciplinar que dava conta das raiceiras antropológicas da figura. Para rebater os mais cépticos, umha Comissom da Gentalha deslocou-se à Serra do Courel para entrevistar as pessoas mais idosas, que lembravam como na noite do Natal umha figura misteriosa baixava às moradas a apalpar as barrigas das crianças. Mais de 30 gravaçons davam prova irrefutável da presença do carvoeiro até nom há muito tempo na Galiza rural.
Por seu turno, o mundo das artes plásticas e a literatura infantil faziam o seu contributo ao processo recuperador. A figura icónica foi desenhada polo artista ferrolao Leandro Lamas, mas logo aparecêrom múltiplas versons do gigante do Natal. Em 2009, numha ediçom conjunta entre Ediçons da Galiza e A Fenda, saia a lume ‘O conto do Apalpador’, umha das primeiras versons para público infantil. Também o cantigueiro para meninhos e meninhas se enriquecia cada ano com novas achegas.
Ao se tratar dumha figura senlheira da montanha, a recuperaçom do Apalpador tinha por força que ser valorizada também na beira oriental das serras. Assim, o colectivo pro-galego berciano, Fala Ceive contribuiu também desde 2008 a espalhar na vizinhança da comarca esta nova celebraçom natalícia, no fundo mui familiar às formas de vida e relaçom com o meio que nom há tanto tempo se viviam nesta zona do país.
Movimento popular e instituiçons
O circuito do carvoeiro polos principais centros sociais autogeridos da Galiza continua mais um ano; também a sua visita a centros educativos de educaçom infantil e primária, por vezes por iniciativa de certo professorado, em outras ocasions a instáncias das equipas de normalizaçom lingüística. Por volta do Apalpador tenhem-se organizado concursos de ilustraçom, de cartas, obras teatrais ou rondalhas. Um repasso aos centos de visitas do carvoeiro em todo o território nacional seria impossível, mas em todo caso a expansom dá ideia do grande potencial que tenhem ideias e projectos saídos do trabalho voluntário e do movimento popular.
No ámbito institucional, a iniciativa mais ambiciosa partiu desde ano da Deputaçom de Ponte Vedra, baixo a legenda ‘Natal em galego’. Com visitas organizadas em 37 concelhos do sul da Galiza, as celebraçons natalícias de ‘apalpador e apalpadora’ pretendem, segundo a deputada Maria Ortega, ‘fomentar os valores da língua, a natureza e a igualdade’. Precisamente foi a extensom da campanha a que motivou os ódios do PP, que acusou concelhos governados por nacionalistas de ‘fomentarem o adoutrinamento da infáncia’. As figuras consagradas do Natal, caso dos Reis Magos ou Pai Natal aparecem ‘neutras’ e nom ideológicas segundo a mídia dominante, enquanto visons alternativas desqualificam-se como ‘parciais e tendenciosas’. Esta operaçom de privar os próprios símbolos de qualquer cárrega política, deslegitimando os contrários, é um recurso clássico do poder contra os movimentos populares.