Durante a cimeira sobre a mudança climática que decorreu na passada semana na cidade de Madrid, Lugo através da sua alcaldesa apresentou o projecto Lugo Life. Trata-se de um alegado bairro ecológico que pretende sentar os cimentos da cidade lucense do futuro: menor uso de carros, hortos urbanos, zonas verdes, casas sostíveis… Assi se começa a debuxar e concretar o capitalismo verde na Galiza. Nom nos falarám de exclusom social, de taxas de pobreza infantil ou de gentrificaçom das cidades. Do que se trata é de mover capitais e de que se vaia salvando quem poda.
Bairro Ecológico Lugo Life é um projecto urbanístico de dimensons muito grandes ( em extensom e em dinheiro) que se apoia em investigaçom universitária e em investimento procedente da Uniom Europeia desde o 2015. Concretamente recebeu desde esse ano 2,5 milhons de euros para a sua, suponhemos, planificaçom e investigaçom. Por parte da USC os professores Antonio Lara e Manuel Guaita estám avalando a nível académico as novas utilizaçons em materiais e engenharias que se levarám avante na construcçom. No concreto, fará-se um uso até o de agora desconhecido na Galiza da madeira autóctone, tanto na plantaçom em zonas verdes como na construçom. Da autóctone e da foránea, pois a coberta de umha edificaçom pública projectada dentro do novo bairro ( Impulso Verde, se fai chamar) será feita com madeira de eucalipto. Trata-se da denominada coberta Grisdhell.
A denominada coberta é um desenho do grupo PEMADE, umha plataforma tecnológica pertencente à USC que tem como primeira misom a luita contra a mudança climática. Manual Guaita Fernández, catedrático da USC, é o seu director. A sua coberta Grisdhell, premiada em no Congresso Mundial da Madeira celebrada no ano 2018 em Seúl, estará presente na construcçom do novo bairro “multiecológico”.
Capitalismo verde continua sendo capitalismo
E por isso estamos a presenciar os anúncios de cifras de inversom e investimento de dinheiro que fam sair os olhos das órbitas. No seu intento por salvar o modelo capitalista, o verde e o ecológico é a saída em falso que venhem desenhando os gestores neoliberais. A necessidade de fluxo permanente de consumo, produçom e mobilidade de dinheiro querem lográ-la no futuro próximo apelando à emergência climática e ao risco de viabilidade de um sistema que eles próprios configuram e assassinam à sua vontade.
No recente cúmio climático celebrado em Madrid houvo muito marketing, tal e como recolhemos em reportagem, mas também nula vontade de políticas reais ou compromissos. O marketing também vai ser acompanhado de dinheiro a partir de agora. Destarte, no discurso que pronunciou a nova comisária europeia no marco da cimeira climática, anunciou-se o investivento de 1000 milhons de euros durante a próxima década. O principal objectivo, segundo ela, é modificar as emisons europeias de gases. Rematou por reconhecer que se trata de umha medida económica perante a crise. A estrategia “verde” é umha estrategia de crescimento.
As palavras da alcaldesa de Lugo na apresentaçom do projecto Lugo Life tenhem elevada coincidência. A mandatária tem assinalado que através deste projecto pretende introduzir em Lugo um “novo modelo productivo” .
O orçamento situa-se nos 1.040.503 euros e tem um praço de execuçom de um ano. A financiaçom correrá a cárrego da deputaçom de Lugo e da Uniom Europeia. A USC e a Universidade Politécnica de Madrid actuam como sócios do projecto. As universidades, ao amparo da sua planificada e dramática privatizaçom, actuam como salvavidas do projecto do capital nom só desde as aulas, também desde as instituiçons e os interesses privados.
PEMADE, Avento e Proyfe: três cabeças pensantes a nível empresarial
A primeira parte do projecto consistiu na sua planificaçom. Destinárom-se 116. 804 euros a esta tarefa. Avento é umha consultoria imobiliária que participou do projecto de desenho do novo bairro. Contam com múltiples intervençons imobiliárias ao longo do globo, chegando até África e Europa do Leste. No caso da cidade de Lugo tenhem já realizado a projecçom de vários polígonos cercanos ao centro comercial das Termas. As principais obras em andamento a nível público na cidade das muralhas passam nestes momentos por esta consultoria na sua planificaçom e auditoria.
Algo similar acontece com o grupo Proyfe, com projectos também fora de Lugo. É o gestor integral, por exemplo, do porto exterior da Corunha ou responsável pola limpeza e regeneraçom da costa galega depois do sinistro do Prestige. Aquela “ gestom integral”, como gostam de chamar-lhe reportou-lhe 4.238.000.000 de euros. E a pregunta é: todas estas empresas protegidas e mimadas polas administraçons públicas que lhes presenteiam adjudicaçons e dinheiro nosso converterom-se do dia para a manhá em ecologistas? Tomam-nos por tontas?
Um bairro “verde” em umha cidade com exclusom social
O desenho das novas cidades dentro do capitalismo verde chama-se “resiliencia urbana”. O concepto, de novo em palavras deles, é poder enfrentar todo tipo de incidentes da maneira mais satisfatória. Neste caso o problema a salvar é a mudança climática e o quid da questom para os reformadores do capital é: como salvar o sistema sem que nada mude, é dizer, como podemos fazer para que nos continue indo tam bem como até o de agora? A resposta é simples: fazendo o de sempre.
No ano 2015 o grupo municipal da esquerda da cidade de Lugo ( ACE) apresentou umha iniciativa no concelho ao tempo que colocava cima da mesa os últimos dados que pudemos resgatar sobre pobreza e exclusom social em Lugo. Estimavam que por volta do 47% de lucenses tinha dificuldades para chegar a fim de mês o que viria a representar 17 000 pessoas físicas. Um 14% das famílias registavam carências importantes no seu dia a dia. A estrategia por parte do concelho de Lugo para paliar o que Cáritas da cidade chamou “risco de que a pobreza infantil cronifique na cidade” foi assinar um convénio com La Caixa para assistir a famílias em risco de pobreza, fundamentalmente das zonas da Milagrosa e Lamas de Prado.
Estima-se que mais de 8000 menores da cidade vivem no que chamam umbrais da pobreza. A própria alcaldesa na apresentaçom do projecto Lugo Life na cimeira climática reconhecia que em Lugo havia vários problemas que denominou de “integraçom”: umha parte mais depressiva da cidade, imigraçom com défices sociais e envelhecimento da populaçom. Evidentemente todos os presupostos projectados e por desenvolver para o Lugo Life serám-no em detrimento doutros destinados a paliar esses problemas que eles denominam de “ integraçom”. Porque o novo capitalismo verde vai injectar o dinheiro de todas em salvar-se a custo dos direitos, novamente, das classes sociais mais baixas e já penalizadas polo sistema. Esta é a sua estrategia de salvamento: fazer o de sempre. Salva-te tu se podes que eu já me salvei.