Hoje começa desde as 8:00 h. da manhá o encerramento indefinido do pessoal de saúde do Hospital de Verim como medida de protesto pola decissom da Conselharia de fechar o serviço de atendimento de partos e as urgências pediátricas.

As profissionais exigem a presença do Conselheiro de Saúde, Jesús Vázquez Almuiña, para que dê as explicaçons necessárias ao pessoal. Além disto, a assembleia de trabalhadoras requer a demissom do atual diretor do hospital, Miguel Abad, que evitou o comparecimento público desde que a Junta informou, no passado 22 de novembro, da eliminaçom dos serviços indicados, deixando só ao quadro sanitário. Por último, acrescentam às suas demandas, a destituiçom da subdiretora de enfermagem, Maria Consuelo Balado, pola falta de apoio às trabalhadoras.

Multitudinária manifestaçom denuncia supressom dos serviços

Do hospital de Verim saírom, no passado sábado, centenas de pessoas para reivindicarem o seu direito fundamental a terem um serviço público de saúde de qualidade, evidenciando a reiterada discriminçom que padece a populaçom que vive no rural por parte do governo galego. No protesto participou o movimento social da vila, grupos políticos da oposiçom e, maioritariamente, a vizinhança de Verim e da comarca zamorana de Seabra, sendo esta última igualmente usuária dos serviços de saúde do hospital por razons de proximidade geográfica.

O chamado de protesto espalhou-se até a própria cidade de Ourense, onde foi convocada uma concentraçom perante o Complexo Hospitalário Universitário, a qual acudirom maes, matronas e vizinhas solidárias.

Concentraçom contra o fechamento de serviços no hospital de Verim (Fot. Marcha Mundial das Mulheres)

A Junta responsabiliza aos profissionais do corte dos serviços

O Sergas justifica o cancelamento do atendimento de partos por razons ligadas ao baixo índice de natalidade da comarca e à suposta carência de competências profissionais da equipa médica devida à uma hipotética falta de adestramento, aspeto -este último- que as trabalhadoras desmentem.

Em recente entrevista ao Diário do Támega, uma das parteiras indicava que a perícia nom se perde, ao contrário, as profissionais ganham em experiência ao estarem presentes em todo o processo do parto, nom apenas na fase expulsiva. O chefe do serviço de obstetrícia e ginecologia do hospital, Javier Castrillo, acrescenta:

Caso fosse real que nós perdêssemos perícia, que nom o é -indica visivelmente irritado-, há outras soluçons que nom som fechar a sala de partos. Por exemplo, fazer turnos, rotar, mandando matronas fazer guardas a Ourense e trazendo outras dali”

Javier Castrillo, chefe do serviço de obstetrícia e ginecologia
Begoña Pérez, Javier Castrillo, Belén Vázquez, Patricia Rey e Isabel Blanco, na sala de partos do Hospital de Verim, após atenderem ao que pode ser o seu último parto (Fot. Diário do Támega)

As consequências imediatas do fechamento da sala de partos é que as mulheres grávidas de Verim terám que parir no hospital da capital da província. Do mesmo modo, o hospital vilego deixará de oferecer o serviço de urgência pediátrica às crianças dos arredores.

Serviço de qualidade e vanguarda contradi versom do SERGAS

A grande valorizaçom que as usuárias contactadas polo GL fam da assistência médica e o plano de converter o serviço de atendimento a mulheres grávidas numa referência em partos naturais, de baixa intervençom, como já o é o hospital do Salnês, dam testemunho das notórias contradiçons existentes no comunicado divulgado pola Administraçom de Saúde, contribuindo desta maneira para o desprestígio público dos técnicos de saúde do hospital. Segundo uma das trabalhadoras, esta atitude hostil por parte da Conselharia de Saúde teria como objetivo justificar os cortes nos serviços, culpando aos próprios profissionais desta impopular medida.

A história do hospital de Verim: exemplo do fracasso na gestom privada dos serviços de saúde

O nascimento do hospital de Verim está ligado à criaçom das fundaçons hospitalares, na década de 90, polo Partido Popular. Um desenho que permitia subtrair fundos e bens públicos para pó-los ao serviço de entidades privadas. A Fundaçom Hospital de Verim foi concebida em setembro de 1993, quando era gerente do Serviço Galego de Saúde o atual presidente da Junta de Galiza, Nuñez Feijoo, às ordens do conselheiro de Saúde, Jose Manuel Romay Beccaría. A achega económica pública inicial à fundaçom foi de 600.000 euros através dum complexo sistema de carácter dual que reconhecia o centro como parte da rede pública, mas que era gerido como um hospital privado nas áreas de contrataçom ou no pagamento de incentivos.

Entrega da Medalha da Galiza a Romay Beccaria. À direita Nuñez Feijoo (Fot. Xunta).

Em 1996 a Fundaçom chega a ter, segundo o Conselho de Contas, perdas superiores ao milhom de euros, refletindo uma “grave situaçom financeira” própria dum modelo que, segundo o organismo, era “uma via de escape aos controis administrativos” sem “justificaçom documental da necessidade e conveniência de promover uma fundaçom para oferecer serviços de saúde”.

Uma década depois, com o bipartido no governo da Junta e perante o fracasso da iniciativa privatizadora, houvo que resgatar com mais de 10 milhons de euros às fundaçons, sendo a de Verim a que recebeu a achega maior, de mais de 4 milhons de euros. Em 2007, o pessoal contratado passaria a fazer parte do Sergas e, em 2008, a Junta acabaria finalmente com as malsucedidas fundaçons, sendo a partir desse momento integramente público o carácter dos hospitais.