A faia é umha das árvores representativas da Europa; medra no seu extremo sul, até nas abas sicilianas do Etna, e alcança os bosques de Finlándia; desde as fisterras atlánticas, extende-se até o occidente da Polónia ou a Ucraína. Na Galiza, porém, escassea, quiçá pola sua preferência polos solos caliços. Se consultarmos um mapa da sua distribuiçom geográfica, veremos que ocupa toda a cornixa cantábrica, mas detém-se abruptamente nas beiras do Návia. Também no norte do mundo céltico escasseia relativamente. Abunda na Bretanha (em geral, no Estado francês é umha das espécies mais extendidas), mas em Cornualha, Gales, Escócia e a Irlanda nom existem grandes faiais. Apenas o sul da Inglaterra acolhe importantes extensons da espécie.

No refraneiro tradicional galego (até onde nós puidemos indagar) nom se lhe dedicárom sentenças. No rural escasseou, e hoje é maiormente desconhecida entre a populaçom urbana. As afeiçoadas à botánica terám que visitar o Parque de Castrelos, em Vigo, para conhecer os exemplares de faia incluídos no ‘Catálogo de árvores senlheiras da Galiza’. Porém, desde a extensom das saídas ao monte no nosso país, nomeadamente desde a década de 90, milhares de galegos de origem urbana entrárom em contacto com esta árvore nas serras orientais. É que contamos no nosso território com pequenos espaços onde medra, lugares de privilégio que as e os amantes da terra adoitam visitar cada outono.

Os faiais, umha das grandes riquezas naturais do Cantábrico, e nomeadamente de Euskal Herria. Imagem: wikimedia.

Pertencente à família das fagáceas, os expertos ainda discutem as origens do seu nome científico. Fica claro que ‘sylvativa’ procede de selva, palavra primigénia para o bosque a noutrora cobria a Europa enteira. E ‘Fagus’? Para alguns procede do étimo latino ‘comida’, e alude à condiçom nutritiva dos seus frutos, os faiucos; para outras, em troca, tem a ver com umha palavra associada com o termo que designava o carvalho. No mundo germánico, as origens do termo –beech– também dam para controvérsia. Certos investigadores relacionam-no com ‘book’, livro, e entendem que os cultos pre-romanos utilizavam a madeira de faia para escrever em caracteres rúnicos.

No que há consenso absoluto e no seu valor ambiental. Os faiais melhor conservados da Europa -como o de Irati, em Euskal Herria– recebem a visita anual de milhares de pessoas. E em 2017, a UNESCO reconheceu vários faiais Património Mundial. Alguns dos que merecêrom reconhecimento estám relativamente perto de nós: em Nafarroa, nos Picos da Europa leoneses, ou no Guadarrama. Deste modo, a instituiçom dependente da ONU considerava que os faiais deviam de fazer parte da selecta escolma de 1052 lugares de excepcional valor em todo o mundo.

Conhecendo a desconhecida

Certamente, o galego com querência pola natureza nom tem doado topá-la nas suas caminhatas. Para dar com grandes extensons de faias, teria que viajar à Marronda, em Baleira; à Devesa da Rogueira, no Courel; ou a Fonte Formosa, em Pedrafita, considerada a extensom de faial mais puro em território galego. Seja como for, dará com ela sempre em territórios húmidos, em vales muito fundos, e em grandes alturas. Precisa auga e nom gosta demasiado da luz, por isso ocupa as abas dos montes orientadas para o norte.

Fonte Formosa, em Pedrafita. Imagem: erbedo1.blogspot.com

De medrar colectivamente, tende à verticalidade. Alcança uns impressionantes corenta metros e o seu tronco, totalmente liso e cincento, diferencia-se de todas as árvores que nos som mais familiares. Pode chegar aos 400 anos de vida, e estima-se que aos 100 entra na jeira de madureza. Tanto como a cortiça, som chamativas as suas folhas lanceoladas, dispostas de modo alterno, coriáceas. O seu verde radiante vira num amarelo inconfundível na jeira outonal. Ao disporem-se as suas folhas em horizontal, recebem toda a luz do bosque, deixando-o às escuras. Isto, junto a sua cobiça de auga, explica que os solos do faiedo estejam muito empobrecidos em vegetaçom. Desenvolve umhas fortíssimas e fundas raízes secundárias que podem perceber-se a imples vista. Os chaos espidos do bosque, as cortiças grisalhas, a escuridade ambiental e os brilhos intensos das folhas, dam ao faial umha atmosfera sobrenatural que coincidem em assinalar todos os visitantes.

Usos e crenças

A rectitude da sua madeira fijo-a mui apta para trabalhos de carpintaria. É aliás mui dura, e utiliza-se também em produçom industrial de mobília, especialmente de parquet. Dela produze-se carvom mui estimado. As sociedades tradicionais utilizárom as suas folhas para tratarem inflamaçons de forja e gripe, e também para frear a diarrea. Estudos contemporáneos descobrírom que os ramos contenhem creosota. Portanto, de destilá-los, obtém-se um produto astringente, analgésico, antitusivo e expectorante.

Assim loze o tronco das faias na Devesa da Rogueira. Imagem: panoramio

Para os gregos, associava-se a Zeus e a Diana, deusa caçadora. A cultura celta nom o inclui como parte do alfabeto arvóreo druídico (Ogham), mas alguns especialistas acham que os antigos o vencelhavam com a potência e o agradecimento. Neste terreno ainda borroso, como muitos outros, quiçá o avanço da pesquisa desvele novos dados sobre o papel da faia nas culturas ancestrais europeias.