“Penn ar Bed”, assim denominam na Bretanha a sua “Finistère”. O idioma bretom nom o concebe como o fim da terra, literalmente significa “a sua cabeça, o seu começo”. Esta naçom celta sofre um brutal processo de assimilaçom por parte do Estado francês. O psiquiatra Jean-Jacques Kress detetou unha maior incidência de suicídio, alcoolismo e alexitimia na populaçom bretoa a respeito da meia francesa. Segundo a sua experiência clínica, a causa desta prevalência atopa-se na perda da identidade linguística.

Na outra beira do Atlântico, formam a naçom dakota 100.000 pessoas. Talvez o seu membro mais conhecido seja Tatanka Iyotake “Touro Sentado”. Este chefe sioux tomava as decissons pensando nas seguintes sete geraçons. A professora da Universidade de Denver, Maria Yellow Horse Brave Heart, estudou o trauma histórico deste povo (genocídio, aculturaçom, empobrecimento) no qual também constata enormes taxas de suicídio, toxicodependências, depressom ou obesidade.

Estas patologias exprimem um profundo mal-estar psicossocial e repetem-se a milhares de quilómetros de distância. Existe unha morbilidade diferencial nas mulheres, na classe trabalhadora e também nos povos oprimidos. Seguindo estes parâmetros, qual é o diagnóstico para o nosso país?

O Instituto Nacional de Estatística traça um retrato devastador de 2018.

1) Na Galiza suicidarom-se 12 de cada 100.000 habitantes. A meia do Estado situou-se em 7,5. A de Madrid, em 4,7.

2) Na Galiza tomarom ansiolíticos 400.000 pessoas, o 15% da populaçom. No Estado, o 10%.

3) Na Galiza consumirom antidepresivos 226.000 pessoas, o 9,6% da populaçom. No Estado, o 5,6%. Em Madrid, o 4,5%.

4) Na Galiza o tabaquismo provocou 280 falecimentos cada 100.000 habitantes. No Estado, 220. Em Madrid, 160.

5) Na Galiza o alcoolismo causou 70 falecimentos cada 100.000 habitantes. No Estado, 50. Em Madrid, 32.

Estas cifras repetem-se ano após ano, às quais é preciso acrescentar outra dimensom da catástrofe. O atual regime acentuou unhas condiçons materiais que impossibilitam a própria reproduçom biológica. Nom há nengumha lei que proíba ter descendência, mas de fato assim acontece: a Galiza tem o pior saldo vegetativo do Estado (-15.854 pessoas) e Madrid, o melhor (10.904).

Achama-nos imersas num processo de extermínio silencioso e silenciado, burocrático e capilar. Isto nom é unha crise demográfica. Nom somos um povo suicida. Somos um povo suicidado. Intuíamos umha Galiza doente, porém, esta acumulaçom de indicadores confirma a pior das hipóteses. Nom se trata dumha predisposiçom genética nem dum condicionamento climático: Medicalizam a exploraçom, ridiculizam a diversidade, folclorizam a exclusom. Todo para naturalizar o colonialismo. No entanto, cada ano milhares de mortes poderiam ser evitadas e milhares de nascimentos poderiam ter lugar. Pagamos um preço altíssimo por carecer de soberania.

A Galiza tem direito à plena saúde física, mental e social. Os três aspetos estám intimamente ligados. A devastaçom subjetiva também afeta os corpos. Roubam-nos o passado porque querem deixar-nos sem futuro. O mesmo acontece com o idioma, tam perseguido na medida em que possui um imenso potencial emancipador. Apropriar-nos deles, converte-nos em sujeitos. Permite dizer quem somos. Anoa-nos ao nós. Anossa-nos. História e língua próprias reconstituem a comunidade, despregam a consciência, nutrem mais e melhores vínculos afetivos. Em vez de engolir toneladas de estupefacientes, cumpre organizar-se e luitar por umha vida digna numha Terra libertada.

Despertaremos com o riso das crianças, quando pensemos como Tatanka Iyotake e transformemos a Galiza no nosso Penn ar Bed.