Resistência
Ouvim-no.
Polas bocarribeiras do sumidoiro
deambulam sombras esguias.
As ratas estarrecem ao imaginar essoutras presenças.
A mínima alteraçom na fluidez do xurro
poderia desencadear o fim da cloaca.
Elas sabem-no.
Às vezes sentem olhadas espinhentas no carrelo
e nos recunchos mais insuspeitados
escuitan aturuxos chiricahuas.
Andam aí.
Elas sabem-no.
Fozam e fozam mais nada acalma essa certeza.
Nas paredes das canelhas
ainda repete Charles Laughton
que a sabotagem é umha obriga moral.
Elas sabem-no.
Poltergeist diminutos confirmam-lho decontino.
Friagem
Friagem, friagem esguéria.
A noite avança prenhada de geada.
Silêncio, morte calada na estrada escura.
Seica non ouves, preia de merda?
Falo da lua e das meninhas baleiras.
Em cada cuncha enlordada navega um coraçom.
Ti nom o sentes. Ti nom sentes nada.
Cumpre arregalar os ouvidos e esgalorchar a alma.
De verdade que nom os percebes?
Venhem de aló, da Ponte Velha.
Onde nom há mais amo que o horizonte
e a manhá se esnaquiza en bolboretas.
NEREA CARRO