(Imagem: roteiro de Património dos Ancares no concelho de Cervantes) Os dados nom falam, neste caso quase berram: os territórios das ‘províncias’ de Lugo e Ourense tenhem hoje já menos habitantes que em 1900. Concelhos como Chandreja de Queixa, Agolada, Muras, Návia de Suarna ou Cervante perdêrom em duas décadas mais do 30% da populaçom; nos casos mais extremos, a perda é do 45%. Contra vento e maré, porém, iniciativas associativas pulam pola vida, contra a desertizaçom e pola cultura galega nas comarcas do interior. Escolhemos apenas uns quantos exemplos que ilustram a Galiza que nom emigra e nom se rende.
Isolina Rodríguez, umha das activistas da Associaçom Cultural O Teixeiro, de Cervantes, declarava recentemente à imprensa comercial que as iniciativas do colectivo tinham que luitar com força ‘contra a desgana, a falta de interesse e o negativismo’. Com efeito, séculos de políticas espanholas de desatençom com a zona, umha emigraçom que acadou dimensons de praga, e o esboroamento dos serviços públicos essenciais golpeárom duramente no ánimo da populaçom. O contraponto existe ainda que nom receba a atençom mediática e social da que é merecente.
O rural dinamizado
Os demográfos começam a diferenciar três Galizas nos seus estudos: a occidental, pulmom do país e motor económico e social; a central, onde a reconversom agrária deixou vivas exploraçons muito capitalizadas e modernas, num modelo produtivo industrial, e a oriental, que enfrenta sérios riscos de desertizaçom.
No cerne geográfico do país, mas com um pé nas serras do leste, topa-se a comarca de Sárria. A vila, centro dumha comarca gadeira importante, e enriquecida aliás pola turistizaçom do caminho de Santiago, desmente parcialmente a paralisia associativa do interior. Em abril de 2017 irrompia na vila a associaçom O Buril. Define-se como um colectivo ‘cultural, desportivo, e ecologista’, e desde os inícios manifestava a sua vontade de ‘dar visibilidade a cousas que se fam na zona, mas que nom tenhem lugar para mostrar-se’. No local do que fora umha velha carpintaria, O Buril deu espaço a grupos galegos e em galego, promoveu a participaçom no futebol gaélico ou organizou umha exposiçom sobre o movimento obreiro internacional; neste verao convocou o exitoso ‘Napalm.Fest’, implicando-se na angariaçom de fundos para o projecto de santuário animal Vacaloura.
Centro social em Castro Verde: a Chave das Noces, de aniversário
Identificamos os centros sociais com o espaço urbano, desde que a Fundaçom Artábria de Ferrol encetara há 21 anos o exitoso caminho destes projectos de construçom e resistência. E se bem as sete principais cidades da Galiza contam com o seu (ou os seus) locais referenciais, quiçá poucas galegas conscientes saibam que em Sam Cibrao de Montecubeiro, Castro Verde, funciona umha activa associaçom que gere o seu próprio centro. O local actual (esta é a segunda ubicaçom do colectivo) está a muito poucos metros do monumento que lembra as três mulheres e doze homens assassinados polo fascismo em 1936.
A Chave das Noces começou a sua caminhada em 2015 com actividades para adultos e meninhas e apoia-se num corpo social de mais de cem pessoas quotizantes. Com periodicidade mensal, A Chave oferta actividades para a vizinhança, ou em geral para qualquer interessada em desfrutar dum fim de semana de formaçom e lazer nesta fermosa paróquia do norleste. No passado sábado, o Sindicato Labrego Galego escolheu esta ubicaçom para o seu III encontro SonLabrego, que juntou iniciativas rurais do país enteiro arredor de mesas redondas e postos de produçom ecológica. A Liga Nacional de Bilharda complementou a jornada, pois nom por acaso, A Chave das Nozes tem actuado como anfitrioa em vários encontros da Conferência Norleste.
O desafio dos Ancares
Numha entrevista concedida ao digital adiante.gal, Xavier Moure explicava o nascimento e consolidaçom de Património dos Ancares, umha das associaçons mais vivas no rural galego, precisamente numha das comarcas mais duramente castigada polo desprezo institucional. O que começou como umha simples tentativa de conhecer estes concelhos do leste rematou sendo umha autêntica maquinária de descobrimento e catalogaçom de património esquecido e de denúncia do autismo político. ‘Ignoráncia, passividade. Tratamos com políticos que o único que conhecem é o curtopracismo das citas eleitorais’, manifestava Moure. Com frequência quase semanal, a imprensa lucense dá informaçom de descobertas de novas mámoas, castros ou velhas redes de comunicaçom, graças a incansáveis saídas em roteiro.
Como parte dum nutrido movimento que nos últimos anos, e com a internet como grande ferramenta, se une em defesa das jóias do passado, Património dos Ancares tem solicitado a incusom na TVG dum programa dedicado a fomentar o património, desde a velha cultura galaica ao passado mais recente. A proposta, lançada pola Rede do Património Cultural, tem um hashtag de seu #quesevexaopatrimonio.
E precisamente em relaçom com a defesa do património, várias pessoas e colectivos reuniam-se há três semanas em Návia de Suarna para constituirem umha plataforma em defesa do castelo da vila, que ameaça ruína. Os mobilizados pretendem o envolvimento activo das instituiçons a prol deste bem comum.
Nom é a única associaçom que rebate o tópico do imobilismo das serras orientais. Como antes referenciamos, em Cervantes actua O Teixeiro, e a este colectivo deve-se a recuperaçom do mais valioso da comarca: o baile ancarês, que se reivindica numhas jornadas, a pandeira, que tem umha festa de seu, ou as ameaçadas palhoças. O mérito do colectivo dimensiona-se melhor se se pensa num concelho que tem 30% menos de populaçom que na década de 80, e no que sobrevive apenas umha escola das 30 que estiveram em funcionamento.
Com ganhas de reverter esta tendência parece chegar também Rente ao Couce, a associaçom ‘em defesa da Terra, da língua e da cultura’ que se vem de anunciar nas redes no passado mês. No vindouro sábado 28 celebra-se a sua apresentaçom pública com um roteiro por Vilar de Cancelada, um concerto da Quenlla, que regressa, e um recital de poesia de Eva Xanim e Toño Núñez. Será na casa da cultura de Becerreá.