A presença de corpos armados (Guarda Civil, Exército e Polícia Espanhola) no Sistema Educativo Galego tem aumentado significativamente nos últimos anos. O Comando da Guarda Civil da Corunha lecionou, apenas nesta província, um total de 1.228 palestras em centros educativos durante o passado ano académico. Podemos estimar que som mais de 4000 intervençons das forças armadas em escolas de todo o país, estando estas atividades reguladas pola Instruçom nº 7/2013 do Plano diretor para a convivência e a melhora da segurança nos centros educativos e os seus arredores, que por sua vez modifica uma instruçom precedente do ano 2007, ano em que começa uma atividade sistemática de penetraçom das forças armadas no sistema educativo galego e espanhol.
Objetivos do Plano e âmbitos de intervençom
Os objetivos do plano estám formalmente ligados à melhora da convivência e da segurança no âmbito escolar, reforçando o conhecimento e a confiança nos corpos policiais; a contribuiçom para a divulgaçom dos direitos e liberdades fundamentais do alunado; o incremento da vigilância policial nos arredores dos centros escolares para combater o tráfico de drogas e a criaçom de vínculos com a comunidade educativa, AMPAS e outras organizaçons.
Em 2011, no marco duma exibiçom da Guarda Civil no passeio marítimo de Xuvia, na ria ferrolá, e perante 590 crianças de três a doze anos de cinco escolas de Narom e Ferrol, Javier Seoane (Porta-voz do Instituto Armado) indicava que o objetivo deste tipo de atividades escolares era achegar-se às crianças para que interajam com o material e conheçam o seu trabalho para “marcar distancias com o passado do corpo” na comarca e reforçar a “confiança dos nenos nas forças e corpos de segurança”.
Recuperar a confiança perdida: um passado tingido de sangue
Como indica Marcos Abalde, no último número do Novas da Galiza, os efeitos da repressom franquista ainda hoje som um “trauma histórico, um trauma psicossocial, quer dizer, coletivo e acumulativo, fruto duma violência extrema, permanente e capilar contra a populaçom galegofalante”, sendo possível que ainda se mantenha na vizinhança da comarca de Ferrolterra uma desconfiança cara um corpo policial que tivo especial protagonismo nos 715 assassinatos em Ferrol entre 1936 e 1939. Como indica Eliseo Fernández no livro Os nomes do Terror (Sermos Gz): “os assassinatos nesta bisbarra partiram do mesmo coraçom do novo Estado Franquista, que foi a Delegación del Orden Público, principalmente através das sacas de presos na cidade por forças combinadas da Guarda Civil e da Falange”.
O presente dos corpos armados espanhóis, como no passado, continua a dar mostras do carácter antidemocrático do Estado que o controla. A utilizaçom da força por parte destes corpos, à margem de acordos internacionais sobre Direitos Humanos, tem sido alvo de oito condenas polo Tribunal Europeu de Estrasburgo desde 2016, no caso da Guarda Civil; enquanto o exército espanhol tem sido criticado numerosas vezes por organizaçons como Amnistia Internacional por praticar supostamente tortura a presos de guerra no Iraque.
Presença e utilizaçom de armas em espaços educativos
O marco normativo estatal, de aplicaçom na Galiza, incorpora entre os seus princípios “a educaçom para a prevençom de conflitos e a resoluçom pacífica dos mesmos, assim como para a nom violência em todos os âmbitos da vida pessoal, familiar e social, e em especial no de assédio escolar” (LOMCE e LOE Art. 1.).
A presença de armas nas escolas, no entanto, contribuiria para a normalizaçom da violência e colidiria com os princípios e valores fundamentais associados à promoçom da convivência e da cultura democrática, segundo associaçons antimilitaristas e pacifistas. Asimesmo, um docente da escola pública, A.L, informa a este meio que no passado ano académico “as chamadas forom constantes, eram teimosos no oferecemento da atividade que ia desenvolver a Guarda Civil”. Esta semelha ser uma das razons da rápida expansom e penetraçom do corpo militar na escola: a pressom sobre os centros para o desenvolvimento deste tipo de atos de duvidoso carácter educativo.
O 15 de Maio de 2018 por volta de 1100 alunas/os de Guntim, Bóveda e Sarria assistiram a uma exibiçom da Guarda Civil na área de lazer do Chanto, em Sarria, na qual puderam observar e manipular reproduçons dum engenho explosivo que explodira quatro anos atrás no Concelho de Baralha e duma bomba que fora utilizada por ETA, assim como material anti-distúrbios (capacetes, coletes à prova de bala, etc.) como se fossem materiais de carácter educativo.
Em Junho de 2017 pessoal da Guarda Civil realizou outra apresentaçom do seu trabalho na escola Martínez Otero de Foz, onde se pode ver a um neno com uma porra na mão e dúcias de crianças subindo a carros oficiais da polícia militar espanhola.
Espanholizaçom, adoutrinamento e vulneraçom de direitos linguísticos
Como se pode observar nas imagens, torna-se habitual a ostentaçom e uso propagandístico de simbologia espanholista e de carácter bélico em slogans que fam parte da imagem corporativa do corpo armado: “todo por la pátria”, assim como uma habitual vulneraçom dos direitos linguísticos das crianças galegas, ao ser o espanhol o idioma oficial do exército e da Benemérita. Um professor, P.A., que assistiu a uma atividade para escolares organizada polo exército, indica-nos: “o militar que atendeu às crianças dixo com veemência que ia falar em espanhol já que era a única língua oficial do corpo armado”.
Falta de formaçom e intrusismo laboral
Outro dos elementos questionáveis da presença de corpos armados em espaços educativos é a carência que teriam em relaçom à formaçom técnica e pedagógica para o desenvolvimento de atividades de carácter socio-educativo, constituíndo um exercício de intrusismo laboral ao ocuparem as funçons próprias doutros profissionais como: educadoras sociais, pedagogas, docentes ou psicólogas.
Oposiçom popular
Nos últimos anos foram diversas as queixas de famílias em diferentes lugares do Estado por causa da presença de forças armadas na escola. Em 2014 famílias, educadoras e internautas protestavam nas redes sociais devido a uma atividade da Guarda Civil no Centro Público Otero de Navascués (Cintruénigo, Nafarroa) na qual crianças empunhavam armas. Segundo as pessoas críticas tratava-se “duma atividade anti-educativa” e “esbanjadora” pola grande quantidade de recursos materiais e humanos que se utilizaram.
Na cidade de Alicante, em 2013, também decorreu uma protesta nas redes sociais ao se difundirem imagens duma atividade coordenada pola Guarda Civil no colégio concertado Altozano. Nas fotografias podem-se ver a crianças de 4 e 5 anos de idade com escudos, capacetes, coletes à prova de bala e bolas de borracha.