O discurso ecologista dominante nom deixa de apelar-nos individualmente, nom cessa de animar-nos (a cada umha de nós, como indivíduos) a sermos consumidores responsáveis: a aforrar energia, a nom malgastar agua, a andar em bicicleta, a consumir produtos ecológicos e a reciclar. A reciclar todo o que podamos. Agora, polo visto, quando no estado espanhol se recuperárom quase 4 milhons e médio de toneladas de resíduos de papel apenas durante o ano 2018, é dizer, quando a cidadania assimilou o discurso ambientalista e faz o que se lhe manda, quando mudou os seus hábitos individuais, pois resulta que reciclamos tanto que estamos a produzir umha crise no negócio da reciclagem de papel. Sim, negócio, escolhim perfeitamente a palavra.

Segundo se sabe agora, na Europa existem mais de seis milhons de toneladas de resíduos de papel prontos para a sua reciclagem sem que se poda fazer nada para aproveitá-los. Os almazéns das empresas gestoras de resíduos de papel estám ao límite da sua capacidade.

Na Europa nom há umha demanda tam alta deste tipo de resíduos e polo tanto os preços caem. O responsável desta situaçom nunca é o sistema económico no que vivemos, o culpável, coma sempre, som os outros: neste caso a China por nom permitir que a merda europeia entre no seu país. O diretor da Associaçom Espanhola de Recicladores e Recuperadores de Papel e Cartom (Repacar), em recentes declaraçons, acusa a China do problema logo de que o país asiático restringi-se a entrada de resíduos europeus dentro das suas fronteiras. Isto está a ser um problema para as potencias europeias, todas elas sempre tam preocupadas polo o médio ambiente, pois agora nom tenhem onde tirar o lixo.

Capitalismo verde

Como se pode comprovar, o tipo de ambientalismo que consiste na a mudança dos hábitos individuais de consumo nom é mais que umha fraude, pois a contaminaçom é o resultado do sistema produtivo e nom do consumo.

A reciclagem nom é mais que outro negócio do qual tirar lucros sem importar o impacto ambiental, como demostra o feito de enviar a milheiros de quilómetros os resíduos a reciclar, o que suprime qualquer benefício ambiental que pudesse obter-se da reciclagem. Se a questom ambiental fosse o objetivo da reciclagem, e nom o lucro, nom se permitiria produzir mais papel “virgem” enquanto houvesse resíduos de papel para reciclar.

Neste ponto é necessário destacar que a indústria do papel está detrás das navalhadas mais recentes que o capitalismo lhe assentou à nossa terra através do pardigma desarrolhista espanhol: um modelo de exploraçom florestal que provoca a erosom do solo, lumes florestais, perda de biodiversidade, deslocamento das espécies autóctones, seca das reservas hídricas, efeitos todos eles que agravam as consequências da mudança climática. Pola sua vez, a indústria da pasta de papel segue a poluir a ria de Ponte Vedra, o que supujo um sério enfraquecimento do sector pesqueiro e aquícola, e umha ameaça para a saúde da populaçom de toda a ria.

Compre assumir também que o sistema produtivo atual nom é compatível com as necessidades da natureça e que o crescimento económico é parte central do problema. De continuar com a poluçom do planeta e dos seus recursos, avezinha-se o caos para todas e todos nós.