Quando no mês de abril ardeu a catedral de Notre Dame, rapidamente aparecerom várias famílias endinheiradas oferecendo-se para financiar a sua restauraçom. Bernard Arnault, Françoise Bettencourt ou Henri Pinault, entre outros empresários franceses, anunciavam que aportavam centos de milhons de euros para a reconstruçom da catedral parisina.
No nosso País é Amancio Ortega quem, através da fundaçom que leva o seu nome, dona grandes quantidades de dinheiro ao sistema sanitário público para mercar máquinas de alta tecnologia para o tratamento oncológico.
Todas as pessoas até aqui mencionadas aparecem nos primeiros postos da lista Forbes das pessoas mais ricas do planeta. Todos eles som os protagonistas destes atos, aparentemente, tam altruístas, mas estas açons nom deixam de serem atos caritativos, coma quem dá esmola à saída do Dia.
Este tipo de doaçons acostuma ser aplaudido pola imensa maioria dos médios empresariais e partidos políticos, mas no caso da últimas doaçons do empresário galego, estas fôrom criticadas por vários representantes da esquerda reformista, o que provocou um sujo debate durante a última campanha eleitoral. Vários representantes de Podemos criticárom as doaçons do proprietário de Inditex e reclamavam um sistema fiscal que aumentasse os impostos às grandes fortunas. Reclamam um sistema fiscal mais progressivo que ajude a financiar os serviços sociais, a educaçom ou a sanidade, para que o estado de bem-estar “nom dependa da caridade”.
E isso é precisamente o que também demandam George Soros, Chris Hughes –co-fundador de Facebook– ou a família Disney entre outros multimilionários. É hora de cobrar-nos mais impostos, assim é como se intitula um manifesto que recentemente foi assinado por 19 multimilionários estadunidenses dirigidos aos candidatos das eleiçons presidenciais do vindouro ano. Nele reclamam pagar umha percentagem do 1 % dos seus patrimônios para ajudarem à classe media do país. Estes impostos poderiam financiar a “inovaçom em energia limpa para mitigar a mudança climática, a assistência sanitária infantil universal, o alívio da dívida dos empréstimos estudantis, a modernizaçom da infraestrutura, os créditos fiscais para famílias de baixa renda, dar soluçons de saúde pública e outras necessidades” escrevem os multimilionários no seu manifesto.
Que a esquerda reformista coincida nas propostas fiscais com as maiores fortunas do mundo nom deixa de surpreender. Esta coincidência deveria ser motivo suficiente para questionar-se o programa económico e a essência mesma do seu programa político.
As pessoas que assinárom o manifesto enriquecem-se cada dia com a exploraçom do trabalho assalariado, todas elas. Mas dela, da exploraçom, nom falam, porque é nela que está a chave. A política fiscal sem umha mudança da propriedade que impida a exploraçom nom é mais que um enredo, umha armadilha que apenas reforça o capitalismo.