Recuperamos artigo escrito para o Galiza Livre em 2011 polo companheiro Miguel Garcia, detido na “Operaçom Lusista” há umha semana.
Na Galiza de hoje, a construçom de alternativas políticas bate umha e outra vez com umha realidade tam teimuda como frustrante: as sementes melhor desenhadas e regadas com mais mimo, som incapazes de germinar e medrar na nossa terra. Os projectos revolucionários que prendérom em outras épocas e que ainda protagonizam batalhas invejáveis em outras latitudes, demonstram-se umha e outra vez inúteis para abrir um frente galego contra o Estado e o Capital. Os discursos nom convencem, as massas nom respondem, as unidades nom fraguam, as mechas nom prendem. A política, em definitivo, nom funciona.
Ansiosos por obter resultados, alguns apostam por repetir umha e outra vez o experimento, confiando em que, a força de tentá-lo, o carro acenda definitivamente à quarta ou à quinta. Em demasiadas ocasions, porém, o veiculo ou os condutores ficam sem ar no intento. Em todo caso, o certo é que ainda ninguém conseguiu po-lo em andamento. Ocorre-se-me umha outra possibilidade: baixar, abrir o capó, e comprovar o estado das peças do carro. Analisar a fertilidade da terra, ante a suspeita de que os nossos inimigos tenham estado a envenená-la, e resulte inútil botar e regar as melhores sementes sem sanearmos previamente o meio biológico no que tenhem que germinar. As sociedades, a fim de contas, som também engrenagens complexas, sistemas vivos. Parece fácil pensar que um projecto político, como realidade humana que é, esteja em algumha medida condicionada pola saúde das dimensons psicológica, social ou moral das pessoas a quem vai dirigido.
Umha sociedade enferma
Vivemos numha sociedade psicologicamente doente. Assim o afirmam ano trás ano as estatísticas ascendentes de consumo de psico-fármacos, baixas e consultas médicas, mas também o nosso conhecimento directo de pessoas com algum tipo de dor espiritual. Se neurose é qualquer dor psicológica, nom podemos negar que a ansiedade, a depressom, a baixa auto-estima ou a inveja geralizadas desenham sem exageraçons umha sociedade neurótica. Nom tenho os conhecimentos nem a intençom para descobrir aqui qual é a razom última do estado lamentável do nosso ánimo, mas si me atreverei a apontar algumhas causas que me parecem convincentes.
Umha delas é que umha sociedade fundamentada no consumo nom pode ser umha sociedade emocionalmente satisfeita. A necessidade compulsiva de consumir é radicalmente incompatível com um espírito em paz. A infelicidade, a instabilidade emocional, a fome psicológica, estám detrás da necessidade irracional de encontrarmos na adquisiçom de trebelhos, na competiçom profissional ou no mercado sexual o reconhecimento, a realizaçom e a estima que somos incapazes de encontrar em nós próprios. Dito de outra forma: a sociedade de mercado exige que vivamos num estado de insatisfacçom permanente, absolutamente necessário para manter em movimento a roda de produçom e consumo. Ela é, ao mesmo tempo, a causa e a conseqüência dumha precariedade emocional profunda, baseada em níveis mui deficientes de auto-estima e autonomia psicológica que nos condenam a buscar acougo de forma ansiosa (e impossível) numha sociedade que substitui transcendência por intensidade, sociabilidade por conectividade e amor por testosterona.
Aprofundemos mais: é um facto que se esta sociedade de consumo assentou economicamente nessa uniom de imperialismo e tecnologia à que se denominou globalizaçom, sociologicamente botou raízes entre as primeiras geraçons criadas na separaçom materno-filial, na desatençom e ocultaçom emocional e na puericultura disciplinar. Ao longo do século XX este tipo de pedagogia, aplicada antes para a educaçom na submissom, na obediência, na disciplina e na agressividade dos filhos herdeiros das elites aristocráticas, começarom a geralizar entre as camadas populares a eliminaçom da lactaçom materna, a ruptura do apego ou a negaçom dos desejos e necessidades das crianças, beneficiando-se para isto da incorporaçom das mulheres ao trabalho assalariado e da apariçom dumha lucrativa indústria da criança artificial. Se é certo que a insatisfaçom das necessidades infantis provoca instabilidades profundas nos mesmíssimos alicerces da psique adulta, nom deveríamos desprezar o papel que a implantaçom hegemónica destes modelos de criança tivo na saúde mental de todas e todos nós. Um paradigma que assenta na justificaçom das carências emocionais e na irresponsabilidade das e dos cativos, facilmente produzirá adultos inseguros e eternamente infantis, incapazes de se tornar sujeitos da sua própria história, de se rebelar contra umha autoridade sempre paterna (à que se odeia, mas da que se depende).
O resultado, seja como for, é umha sociedade de indivíduos doentes, na que se registam níveis de sofrimento psicológico tam elevados que incapacitam os seus membros para a colaboraçom e a generosidade (atitudes, estas, que nom podem ser reais se nom botarem raízes em altos níveis de auto-estima e empatia). A dor psicológica, tantas vezes desprezada ou estigmatizada, constitui para os movimentos revolucionários umha realidade da mesma magnitude e transcendência que umha rotura de ligamentos para um desportista de elite. Ante esta situaçom, por desgraça, o independentismo tampouco acostuma ser um espaço de sanidade no que cuidar e reparar o estado anímico das e dos militantes; antes bem, habitualmente parece mais um viveiro daqueles mesmos valores que convertem em inumana a sociedade de mercado.
Umha sociedade que nom é
Um dos conceitos claves na explicaçom sociológica do mundo e do tempo em que vivemos é, sem dúvida, o de “sociedade líquida”. Defendido por Zymunt Bauman, o termo fai referência a umha sociedade cujos indivíduos, de forma análoga às moléculas dos fluídos, perdérom as ligaçons fortes, as fidelidades densas, os compromissos perduráveis e as relaçons estáveis entre sim, passando a se caracterizar por umha ampla liberdade de movimentos. Este tipo de sociedade é plenamente funcional a um mercado que exige que de forma constante e cada vez mais rápida estejamos mudando de relaçons (comerciais, pessoais, laborais, vizinhais), que diluamos ao máximo as nossas dependências sociais e territoriais.
Nom podemos obviar o impulso que as novas tecnologias da comunicaçom dérom a este modelo relacional. A internet ou os telemóveis nom só facilitam as relaçons inter-pessoais fugazes, esporádicas e superficiais, mas instauram um paradigma novo regido polos valores da apariência, a conectividade e a novidade. Quando, a finais da década de 90, sairam a mercado os Tamagotchi, a minha geraçom recebeu entre burlas aquelas mascotes virtuais às que havia que cuidar, acarinhar e alimentar premendo nos botons dum pequeno aparelho; hoje, a maioria da nossa sociedade relaciona-se coas suas amizades reais de umha forma nom mui distinta à que se começou a fazer com aqueles brinquedos japoneses. O mercado extendeu os seus critérios às relaçons sociais, e assim como falamos do fast-food, também existe (e está cada vez mais extendido) o fast-friend e o fast-love: simulacros de relaçons humanas nas que se sintetiza e oferece ao consumidor os aspectos mais superficiais e vistosos dumha amizade, sacrificando o compromisso, a confiança e a fidelidade, esses aspectos da relaçom interpessoal precisamente mais nutritivos para o conjunto social. Estamos a falar dumha realidade que cada vez nos é mais familiar: pessoas que batem-papo com desconhecidos aos que nunca verám mais do que falam com as suas vizinhas e vizinhos de enfrente, oficinistas que matam o tempo de trabalho navegando em vez de charlando com os companheiros; velhas amizades ou parentes que já nom se escrevem cartas ou tenhem conversas longas, porque estám ao tanto através de Facebook. Nesta sociedade na que o prazer se encontra na adquisiçom constante e cada vez mais rápida de novos amigos e novas experiências, o êxito radica em estar continuamente mudando de amizades, de parelha e de lugar de residência, em actualizar-se pessoal e socialmente quase à mesma velocidade que o fai o software do nosso dispositivo electrónico favorito.
A hegemonia das relaçons de mercado actua, em definitivo, como dissolvente dos vínculos fortes e duradoiros que fam dumha sociedade umha realidade orgánica, resultando um conglomerado cada vez menos denso de indivíduos extremamente independentes os uns dos outros, embora todos eles dependam cada vez mais do mercado e as suas redes sociais substitutórias. Tal vez o Jesus da Bíblia caminhasse sobre as águas, mas é bem dificil que as revoluçons terrenas o fagam. Aqui nom hai milagres que valham: os projectos de transformaçom social necessitam sociedades sólidas nas que se sustentar, compromissos fortes nos que assentar e solidariedades intensas coas que se proteger. Caso contrário, aos movimentos nom parece quedar-nos muito mais do que surfear pola sociedade líquida, esperando algumha que outra onda (como aquelas mobilizaçons polo Prestige, contra a Guerra ou contra a LOU) que nos faga viver a ilussom de avançarmos.
Mas o triunfo das formas de (des-)socializaçom impulsionadas polo mercado é especialmente significativo, além de pola sua funçom dissolvente, por ter conseguido a hegemonia em praticamente todas as camadas sociais. Trata-se dum facto extraordinariamente relevante, porque é possivelmente a primeira vez que o poder consegue invadir os espaços e as formas de socializaçom dos oprimidos. Como quem verque aguarrás num desenho de formas bem definidas, a sociedade de mercado nom só dissolve as formas, mas também mestura as cores até fazé-las indistinguíveis. E isto é transcendental para qualquer movimento baseado na oposiçom e no enfrentamento social, que presupom (e necessita da) existência sociológica dum “nós” e um “eles”. A existência de espaços de socializaçom e reproduçom social próprios para os oprimidos está, de facto, na base de todos os movimentos revolucionários com umha mínima releváncia histórica. Os liceos e as sociedades burguesas antes da revoluçom francesa, a kasbah argelina, as zonas católicas (com as suas ruas, parques, escolas, igrejas…) do Ulster, os bairros proletários para o movimento obreiro, Harlem para os Black Panthers, mesmo os subúrbios franceses nas revoltas de 2005… em todos os casos houvo espaços físicos e simbólicos nos que os rebelados adquirirom a sua identidade e os seus valores, configurarom a sua consciência do “nós” dumha forma e nuns lugares claramente diferenciados daqueles nos que “eles” adquiriam as suas. Nas antípodas daquelas realidades, nas que cada classe e cada povo construía, defendia e se reproduzia sociologicamente nas suas formas e nos seus espaços, a moderna sociedade líquida de mercado conseguiu que as e os seus jovens se relacionem da mesma maneira, escuitem a mesma música, tenham as mesmas crenças, partilhem os mesmos sonhos, desejem as mesmas cousas e passem as tardes nos mesmos centros comerciais, independentemente de que sejam de Madrid ou Compostela, e de que os seus pais sejam obreiros ou empresários. O processo decorreu ante os nossos olhos, e podemos constatá-lo com só perguntar alguém que vivesse a sua mocidade no Teis ou no rural de há três décadas: o consumo conseguiu integrar socialmente os bairros periféricos e as zonas rurais, destruindo as barreiras físicas que protegiam espaços de socializaçom autónomos, e invadindo assi o imaginário colectivo e as formas de relaçom dos que estavam chamados a se organizar e luitar.
As revoluçons fam-nas os sujeitos colectivos. E estes existem pola identificaçom recíproca de indivíduos que crecérom nos mesmos espaços, que olhárom cara os mesmos referentes, que mamárom dos mesmos valores, que partilhárom as mesmas vivências, e que ademais estám fortemente unidos por sólidos laços de solidariedade, irmandade ou vizinhança. A defesa e a reconstruçom dos espaços e as formas que fam possíveis estas realidades sociológicas tem de ser, por isso, umha das prioridades evidentes das e dos revolucionários de toda parte.
Quando o valor o fixa o mercado
A moral e a ética forom durante séculos as ferramentas de integraçom e coordenaçom do indivíduo na comunidade. Normas e valores codificam e transmitem os compromissos de cada quem consigo mesmo e com os outros, e na sua institucionalizaçom é que se baseiam os projectos políticos que tencionam organizar dumha forma determinada a sociedade. A solidariedade, o altruísmo, a irmandade, a honradez ou a austeridade fórom, por exemplo, alguns dos princípios morais sobre os que se construiu historicamente a ética dos oprimidos. A sociedade líquida, porém, exige e promove umha ética vaporosa que permita a penetraçom do mercado como regulador omnipotente e assim, também, como guia para o comportamento dos seus membros. Sejamos sinceros: no nosso entorno a insensibilidade moral chegou a tal nível que mui poucos som os que se indignam ante a injustiça (que nom os que se anojam por sofré-la), os que nom vendem os seus princípios (que nom os que lhes ponhem um preço alto), os que se sacrificam pola comunidade (e nom os que esperam que, a cámbio, a comunidade os recompense). Alguns fenómenos paralelos ajudam a entender, ao meu ver, a corrosom nom já de determinados valores, mas dos próprios alicerces éticos das nossas sociedades:
– A perda da noçom do transcendental. Todas as sociedades humanas dignas de tal nome estivérom ou estám viradas dalgumha maneira cara a transcendência. O transcendente é, literalmente, aquilo que transcende a individualidade presente, esse além que outorga um sentido às nossas vidas fora do “eu” e do “agora”, e que nas distintas sociedades ou colectividades humanas foi adoptando as formas de Deus, a Natureza, a Pátria, a Classe, o Povo, a Justiça, a Revoluçom e um longo etcétera encabeçado sempre por maiúsculos. A transcendência é, a fim de contas, umha forma de sublimaçom da observáncia e entrega do indivíduo à comunidade, e por volta da sua veneraçom é que se constroem, organizam e reforçam os códigos éticos que regem as convivências humanas. A sociedade de mercado, porém, caracteriza-se pola veneraçom do imediato e do imanente, do valor económico como deidade presente que atravessa e impregna todo, do aqui, o agora e o eu como santíssima trindade feita carne na mercadoria omnipresente, e no seu consumo omnipotente.
– A extensom a todos os ámbitos da lógica monetária. Calcular, equiparar, cambiar, compensar… som operaçons próprias da actividade mercantil, mas com as que a sociedade de consumo remata prefigurando a própria capacidade de raciocínio dos seus membros. O dinheiro, esse dissolvente alquímico capaz de reduzir à mesma unidade um bosque, um corta-unhas e umha felaçom, modela nas nossas sociedades as fórmulas através das quais os indivíduos tomam as suas decisons, eliminando as diferenças qualitativas, e reduzindo todo problema a umha questom de quantidade. Num mundo em que todo se pode vender se for a um preço justo (e no que, portanto, a justiça fica reduzida a umha mera operaçom de equivaléncia), a todo se pode renunciar se for a cámbio de algo. A olhos da sociedade de mercaderes, aqueles indivíduos que mantenhem princípios e fidelidades inquebrantáveis, esses para os que a dignidade, o honor e a fame nom cotizam na mesma bolsa de valores, resultam tam arcaicos, tam dogmáticos, tam fundamentalistas, como o vizinho que se nega a calcular o preço da casa familiar sobre cujo terreno quer edificar a construtora.
– A promoçom do hedonismo como guia de comportamento. Nas sociedades tradicionais, dotadas de princípios e construídas sobre valores transcendentes, a virtude, entendida como a perseguiçom e realizaçom dos valores morais partilhados, era o objectivo que guiava a vida daqueles indivíduos que, rapidamente, se convertiam em exemplo para a comunidade. A literatura e a tradiçom oral estám, por isso, ateigadas de relatos nos que se ensalça a bondade, a abnegaçom, a humildade, a valentia, o trabalho, a perseveráncia… da suas ou dos seus protagonistas. Porém, nesse relato contemporáneo que maioritariamente se fabrica em Hollywood e se distribui polo mundo enteiro, o modelo que se constrói e se promociona é invariavelmente o de indivíduos que encontram a felicidade no prazer instantáneo e material que outorgam a diversom, a riqueza ou o sexo. Os novos heróis som pessoas com a sorte ou a capacidade de poder satisfazer as suas necessidades, porque a dinámica existencial da nossa sociedade é a satisfacçom imediata das necessidades que o próprio mercado exacerba. Um objectivo individual para umha vida centrada no eu e no agora, orientada pola perseguiçom de doses cada vez mais altas de prazer, num mundo no que os nenos já nom admiram os guerreiros (da causa que for), mas os futebolistas multimilionários.
O resultado destes e doutros factores é umha sociedade na que se enveja os corruptos, enquanto se teme (por “fundamentalistas”) ou se despreza (por pouco pragmáticos) os virtuosos. Se tradicionalmente a ética dos oprimidos se construia sobre a negaçom da forma de vida dos poderosos (e de ai a censura do excesso, do abuso, da ostentaçom ou da insolidariedade, e por isso a Internacional proclamando “nengum direito sem dever”), hoje ficam poucas dúvidas de que, neste campo, a luita de classes é que se perdeu. As diferenças sociais atingem unicamente às distintas possibilidades materiais para lograr um sucesso definido invariavelmente como saúde, dinheiro e amor, e (a diferença daquele outro baseado na liberdade, na igualdade e na fraternidade) este nom se encontra detrás da luita, mas do trabalho e do consumo. Os sintomas desta sorte de globalizaçom ética da falta de moral chegam, mesmo, àqueles sectores com umha consciência política alternativa bem explícita: vimos de comprovar como muitos governos do mesmo BNG que durante décadas denunciou o clientelismo e a corrupçom institucional, entendérom que o justo era, umha vez no poder, aplicar métodos semelhantes para passar a beneficiar os próprios. E até quem militamos em posiçons mais radicais temos sido espectadores, vítimas e protagonistas das mais diversas manobras nas que a ética se deixava de lado para a consecuçom dum fim proveitoso.
Nom pode haver revoluçom sem umha ética revolucionária que ligue e mobilize os oprimidos no sentido oposto àquela sobre a que assenta a estabilidade do Poder. Em qualquer caso, resulta evidente que sobre o fluído ralo que a anomia, a relatividade e o individualismo fam da nossa sociedade, só é capaz de boiar o mercado, enquanto os projectos sólidos de organizaçons sociais baseadas no compromisso, a entrega e a solidariedade afundem e afogam. A fortaleza do sistema económico e social que combatemos nom radica principalmente no seu domínio político das instituiçons mais variadas, mas na sua capacidade para destruir e reconfigurar as estruturas vitais e convivenciais das sociedades em que assenta, e na harmonia conquistada com as formas de pensar, relacionar-se, sentir e desejar dos seus indivíduos. Nom esqueçamos que foi ganhando essa batalha fundamental, apesar de ter tam limitadas as suas possibilidades para organizar e actuar politicamente, que o capitalismo conseguiu restaurar-se naquelas sociedades em que o socialismo estivo durante décadas aos mandos do Estado.
O novo país e a nova sociedade dificilmente surgirám dos espaços e das formas de vida em que Espanha e o mercado criam e reproduzem o seu mundo. Nunca o novo surgiu dos templos do velho; sempre das suas margens, das suas zonas obscuras, opacas, incontroladas. Reconstruamos os e as oprimidas os nossos subúrbios, recuperemos as e os galegos os nossos espaços e modos de ser. Vivamos as e os revolucionários em aberta contradiçom coa sociedade que queremos destruir.