Hoje o Ché faria 91 anos. Por isso resgatamos a sua conferência pronunciada na Uniom de Jovens Comunistas em 20 de Outubro de 1962 e publicado em Verde Olivo, ano 3, nº 43, 28 de Outubro de 1962
Quero formular agora,
companheiros, qual é a minha opiniom, a visom de um dirigente
nacional das ORI, do que é que deve ser um jovem comunista, a ver se
estivermos de acordo todos.
Eu acho que o primeiro que
deve caracterizar um jovem comunista é a honra que sente por ser um
jovem comunista. Essa honra que o leva a mostrar perante todo o mundo
a sua condiçom de jovem comunista, que nom o vira para a
clandestinidade, que nom o reduz a fórmulas, mas que o exprime a
cada momento, que lhe sai do espírito, que tem interesse em
demonstrá-lo porque é o seu símbolo de orgulho.
Junto disso, um grande
sentido do dever para a sociedade que estamos a construir, com os
nossos semelhantes como seres humanos e com todos os homens do mundo.
Isso é algo que deve caracterizar o jovem comunista. Ao pé disso,
umha grande sensibilidade ante todos os problemas, grande
sensibilidade face à injustiça. Espírito inconforme cada vez que
surge algo que está mal, tenha-o dito quem o dixer. Pôr em questom
todo o que nom se perceber. Discutir e pedir aclaraçom do que nom
estiver claro. Declarar a guerra ao formalismo, a todos os tipos de
formalismo. Estar sempre aberto para receber as novas experiências,
para conformar a grande experiência da humanidade, que leva muitos
anos a avançar pola senda do socialismo, às condiçons concretas do
nosso país, às realidades que existem em Cuba. E pensar -todos e
cada um- como irmos mudando a realidade, como irmos melhorando-a.
O
jovem comunista deve tentar ser sempre o primeiro em tudo, luitar por
ser o primeiro, e sentir-se incomodado quando em algo ocupa outro
lugar. Luitar sempre por melhorar, por ser o primeiro. Claro que nom
todos podem ser o primeiro, mas sim estar entre os primeiros, no
grupo de vanguarda. Ser um exemplo vivo, ser o espelho onde podam
olhar-se os homens e mulheres de idade mais avançada que perdêrom
certo entusiasmo juvenil, que perdêrom a fé na vida e que ante o
estímulo do exemplo reagem sempre bem. Eis outra tarefa dos jovens
comunistas.
Junto disso, um grande espírito de
sacrifício, um espírito de sacrifício nom apenas para as jornadas
heróicas, mas para todo o momento. Sacrificar-se para ajudar o
companheiro nas pequenas tarefas e que poda cumprir o seu trabalho,
para que poda cumprir com o seu dever no colégio, no estudo, para
que poda melhorar de qualquer maneira. Estar sempre atento a toda a
massa humana que o rodeia.
Quer dizer: apresenta-se a todo jovem comunista a tarefa de ser essencialmente humano, ser tam humano que se aproxime ao melhor do humano, purificar o melhor do homem por meio do trabalho, do estudo, do exercício de solidariedade continuada com o povo e com todos os povos do mundo, desenvolver ao máximo a sensibilidade até se sentir angustiado quando um homem é assassinado em qualquer canto do mundo e para se sentir entusiasmado quando em algum canto do mundo se alça umha nova bandeira de liberdade.
O jovem comunista nom pode
estar limitado polas fronteiras de um território, o jovem comunista
deve praticar o internacionalismo proletário e senti-lo como cousa
de seu. Lembrar-se, como devemos lembrar-nos nós, aspirantes a
comunistas cá em Cuba, que somos um exemplo real e palpável para
toda a nossa América, para outros países do mundo que luitam também
noutros continentes pola sua liberdade, contra o colonialismo, contra
o neocolonialismo, contra o imperialismo, contra todas as formas de
opressom dos sistemas injustos. Lembrar sempre que somos um facho
acesso, que somos o mesmo espelho que cada um de nós individualmente
é para o povo de Cuba, e somos esse espelho para que se olhem nele
os povos da América, os povos do mundo oprimido -que luitam pola sua
liberdade. E devemos ser dignos desse exemplo. Em todo o momento e a
toda a hora ser dignos desse exemplos.
Isso é o que nós
julgamos que deve ser um jovem comunista. E se se nos dixesse que
somos quase uns románticos, que somos uns idealistas inveterados,
que estamos a pensar em cousas impossíveis, e que nom se pode
atingir da massa de um povo que seja quase um arquétipo humano, nós
temos de contestar, umha e mil vezes, que sim, que sim se pode, que
estamos no certo, que todo o povo pode ir avançando, ir liquidando
intransigentemente todos aqueles que ficarem atrás, que nom forem
capazes de marcharem ao ritmo a que marcha a revoluçom cubana. Tem
de ser assim, deve ser assim, e assim é que será, companheiros,
será assim, porque vocês som jovens comunistas, criadores da
sociedade perfeita, seres humanos destinados a viver num mundo novo
de onde terá desaparecido de vez todo o caduco, todo o velho, todo o
que representar a sociedade cujas bases acabam de ser
destruídas.
Para atingirmos isso cumpre trabalhar todos
os dias. Trabalhar no senso interno de aperfeiçoamento, de aumento
dos conhecimentos de aumento da compreensom do mundo que nos rodeia.
Inquirir e pesquisar e conhecer bem o porquê das cousas e colocar
sempre os grandes problemas da Humanidade como problemas próprios.
Dessarte, num momento dado, num dia qualquer do anos que venhem -após passarmos muitos sacrifícios, sim, depois de termo-nos porventura visto muitas vezes à beira da destruiçom- após termos porventura visto como as nossas fábricas som destruídas e de tê-las reconstruído de novo, depois de assistirmos ao assassinato, à matança de muitos de nós e de reconstruirmos o que for destruído, ao fim de isso tudo, um dia qualquer, quase sem repararmos, teremos criado, junto dos outros povos do mundo, a sociedade comunista, o nosso ideal.