Dixo-se que o velho turismo «fordista» filho do bem-estar da pós-guerra, empacotado e estandardizado relacionado às férias e ao ócio planificado; deu passo ao «novo turismo» segmentado (hoje viaja-se em períodos curtos mas durante quase todo o ano), flexível e feito a pedido; abrindo ainda mais as possibilidades de criar novos destinos e a possibilidade de que novas sociedades se incorporem abruptamente a esta atividade.
Todos eles, estariam insertados no que comumente se denomina o «turismo cultural». Este tipo de visita turística -para contemplar umha cultura/monumento- é herdeira do olhar romântico que como sabemos é umha imagem deformada e deformante; relacionada com a idealizaçom e a essencializaçom a-histórica mas que curiosamente bota mao dela, pois fixa-a de forma imanente, obviando as contradiçons e as turbulências do contexto socio-histórico.
Por exemplo o turismo nas cidades pode oscilar entre a contemplaçom do mais antigo ou o mais popular. O «turismo de arte», de «património» ou de «lugares» som as variantes mais usuais. Por exemplo, a cidade de Paris, nom só é o lugar vinculado a um tipo icónico (a torre Eiffel) senom também a um conjunto patrimonial que vai do século XVIII (o Segundo Império) até o XIX. Porém nela som obrigatórias as visitas ao Louvre, como ao Centro Pompidou; a incursom de compras com as variedades do Bairro Latino.
Esta dinâmica sintetiza o arranjo simultâneo das diversas miradas que se superponhem quando se visita umha cidade/destino.
O turismo rural ou de espaços naturais, pode dividir-se basicamente naquelas visitas a aldeias e comunidades rurais para participar da experiência do modo de vida camponês; da contemplaçom ecoturística, que pode ser de interesse geral sobre um ecossistema determinado (um deserto, um bosque, umhas montanhas), de interesse específico (aves, fauna silvestre, etc.) ou o da contemplaçom da natureza.
O problema de ambos os tipos de turismo (o cultural e o de espaços naturais) é que podem conduzir ao chamado «monocultivo turístico», é dizer, quando um recurso se converte na actividade estruturante e exclusiva, impedindo ou cancelando a diversificaçom económica, como sucedeu em Báli.
A «marbelhizaçom» da costa espanhola pode servir-nos também de exemplo. Superpovoaçom, poluiçom visual e imensos hotéis, dérom como resultado o esgotamento do turismo de sol e praia, agravado polo surgimento de novos destinos como as Caraíbas e o Sur Leste de Ásia. Isso exigiu que Espanha diversificasse o seu potencial turístico face o ruralismo, o turismo de aventura e o de cultura, equilibrando deste jeito, os espaços e os fluxos de visitantes.
Outro fenómeno interessante também extraído da experiência espanhola, é o da cidade de Granada na que a «muçulmanizaçom histórica» sim interessa pois é atrativa, que é mui diferente à «muçulmanizaçom social», que nom interessa e é indesejável pois representa a umha populaçom de baixos ingressos e de imigrantes.
O Cusco poderia ser também um espaço para exercitar este axioma, a populaçom cusquenha de origem rural que habita na cidade dos incas é incômoda para o «centro histórico» e o «fetichismo monumental» da cidade.
Fragmento de: Plasencia Soto, Rommel. 2008. «Consumir el patrimonio. Kuélap (Perú) y la sociedad local». Gazeta de Antropología, nº 24, texto 24-25. Acessível em http://www.ugr.es/~pwlac/G24_25Rommel_Plasencia_Soto.html
Traduçom para o galego de Galiza Livre