As principais marcas de automóveis já contam com algum modelo eléctrico, mas agora do que se está a falar é de umha eletrificaçom geral do parque automobilístico mundial que implica a mudança dos motores de combustom para os motores elétricos. Este impulso que a indústria do automóvel quer fazer do carro eléctrico terá como consequência umha maior demanda de lítio, pois é o elemento principal na fabricaçom das baterias eléctricas. Segundo os especialistas aguarda-se que nos próximos cinco anos a demanda anual de lítio ultrapasse as 300 mil toneladas, o que supom umha demanda onze vezes superior à atual. Ante esta situaçom, as grandes empresas de mineraçom estám a mexer-se para apropriar-se deste recurso e fazer negócio.

A Galiza também está ameaçada

E no médio desta nova mudança económica-tecnológica, a Galiza também se verá afetada devido a que umhas das principais reservas de lítio da Europa está situada na regiom que vai desde o sul da Galiza até o norte de Portugal.

O país vizinho já conta atualmente com minas de lítio para a indústria cerâmica, mas de momento ainda nom há nenhuma exploraçom para extrair o óxido de lítio para a fabricaçom de baterias. No entanto, a Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) fará já este ano um leilám de licenças que, segundo os médios comerciais, já “atrai investimentos e que promete gerar centenas de empregos do outro lado da linha”. A própria DGEG estabelece as oito zonas onde se concentrarám as exploraçons mineiras, estando três delas localizadas a menos de 70 quilómetros da fronteira com Galiza. Segundo associaçons ambientalistas portuguesas, os pedidos de prospecçom em curso abrangem umha área de 86 mil hectares em zonas com interesse para a preservaçom. Estas associaçons também anunciarom um encontro, a realizar o vindouro 15 de Junho, com o objetivo de criar umha Plataforma Nacional que ligue todos os movimentos em luita contra a mineraçom a céu aberto do lítio.

A situaçom na Galiza ainda nom está tam avançada, mas de momento já existem três autorizaçons para a exploraçom de lítio, que estám sob a propriedade de Salamanca Ingenieros, Solid Mines España e Recursos Minerales de Galicia, que se dedicam à prospecçom de lítio nos concelhos do sul da Galiza: Beariz, Boborás e O Irixo na província de Ourense e Fornelos de Montes, Cerdedo, Covelo, A Lama e Forcarei em Ponte Vedra.

Embora o processo esteja menos avançado que em Portugal, a indefensom ante o expólio é maior que no país vizinho por causa da condiçom de dependência política e ao papel periférico que se lhe tem assignado a Galiza dentro do capitalismo espanhol, ficando apenas como um território do qual extrair recursos. Esta situaçom evidencia-o a vigência da Lei de depredaçom, que baleira as exigências da Lei 3/2008 da ordenaçom da minaria de Galiza e deixa, portanto, as maos livres às empresas extrativas para explorar esta nova galinha dos ovos de ouro.

O capitalismo verde como nova forma de exploraçom

Parte importante do movimento ecologista adotou nos últimos tempos um discurso demasiado superficial que nom vai à raiz do problema: legar as soluçons dos problemas ambientais às energias renováveis, à indústria da reciclagem ou à inovaçom tecnológica sem atacar o modelo económico apenas gera novos problemas ambientais. A prova de que este discurso é apenas umha armadilha ideológica é que foi assumido polas próprias empresas que destroem o território.

Agora, com a escusa de reduzir os gases de efeito estufa, o capitalismo verde procura novas formas de negócio e a popularizaçom dos carros elétricos é apenas um novo exemplo.