O interior da Galiza, e em concreto a zona da montanha oriental, ainda hoje representa percentualmente a zona onde mais gente trabalha no sector primário. Um esquecimento absoluto por parte das administraçons e um devalar demográfico que beira o drama marcam o dia a dia das dezenas de pessoas que mantenhem em pé as suas formas tradicionais de vida da mao do meio natural. No coraçom dos Ancares, no concelho de Cervantes, vem de pôr-se a funcionar umha alternativa para a comercializaçom direta da carne. Umha via alternativa que visa dar opçons para um sector esquecido.
Estado da questom da Galiza gadeira
Manter umha exploraçom de gado hoje na Galiza nom é simples. Elas enfrentam muitíssimos problemas, derivados sobretodo da necessidade de chegar a ter suficiente superfície de pasto, suficientes cabeças de gado e suficiente dinheiro para pagar maquinária. Todo isso para o preço final da carne nom alcançar mais que para cobrir gastos: “o comido polo servido”, comenta Antonio Rodríguez. Este gadeiro das Nogais tem umha exploracom de 22 vacas e assegura que entre umhas e outras cada mês vai ficando na mesma. Som todos eles problemas derivados da linha e modelo que o Estado espanhol, através da Europa, promociona nestes momentos. Com os planos de melhora procura-se que as exploraçons vaiam multiplicando as cabeças de gado. Os subsídios som concedidos apenas de se aterem a essas exigências. Assi que a gente se vê na obriga de alugar terras para cumprir com os parámetros. Por exemplo, umha moça incorporada recentemente no concelho de Sárria pode receber umha subvençom ampla se multiplica as cabeças de gado da casa, até somar 50. Mas para isso terá que procurar alugueiros de terras no Corgo ou Bôveda, lugares muito afastados da sua casa e onde as suas vacas nom irám pastar nunca. Pode chegar a pagar um alugueiro de 12000 euros polas terras. É o modelo que a administraçom gerida pola Xunta pretende inserir no agro: alta burocratizacom, promocom de granxas e cebadeiros e nom da pequena exploraçom familiar de qualidade.
O fundo nom é o unico problema. As formas conlevam outros problemas, e nom dos menores. A excessiva burocracia para poder chegar a ser titular de exploracom, pode supor vários anos. Muitas vezes até, como tem denunciado recentemente o SLG no último número do seu jornal A Fouce, as pessoas candidatas a serem titulares de exploracom devem adiantar o dinheiro da subvençom antes de o receber. Também se vem obrigadas a devolver nos exercícios da renda umha percentagem inasumível. Destarte, é altamente complexo que a gente se incorpore a actividade agrária, e portanto a fixaçom populacional na montanha.
Muito gado, granxas e produçom em massa: um modelo a evitar
A recente reportagem do Novas da Galiza, publicada em Março, onde umha fotografia de cadáveres de porcos depositados no lixo ilustrava umha reportagem sobre a qualidade das águas da Límia, dam conta de umha excessiva concentraçom de cabeças de gado para a produçom de carne em umha poucas granxas, tendo como modelo referencial as exploraçons americanas que concentram em mui pouco espaço ( estabulado no caso dos porcos) milhares de animais: umha verdadeira cadea de montagem, mas nom de peças, de animais vivos. A ideia de fundo é pôr em causa e liquidar, em definitiva, o modelo galego histórico: a exploraçom tradicional familiar que nom supera as 30 vacas. Tal e como assinalam Xoán Carlos Carreira Peres e Emilio Carral Vilarinho no seu livro O pequeno é grande: o “excessivo numero de cabeças de gado, excesiva mecanizaçom e a excessiva homogeneizaçom da paisagem agrária favorecem a perda dos benefícios que conleva a cria de gado ao ar livre e com boa movimentaçom e exercício diario”.
O preço da carne nunca sobe, o da vida todos os dias
Um dos fenómenos verdadeiramente gritantes que dificulta enormemente a viabilidade das exploraçons na Galiza é a congelaçom histórica dos preços da carne. Comenta-o de novo Antonio, gadeiro das Nogais, que assegura que “ o meu pai antes do ano 2000 tem vendido bezerros a melhor preço do que eu, isso nom há peto hoje em dia que o suporte”. Enquanto todos os factores necessárias para que o produto final da exploraçom saia ao mercado sobem ( penso, gasoil, luz…) a carne está sempre ao mesmo preço. Isabel Vilalba, do Sindicato Labrego Galego, assegura que “os avanços poderiam passar por artelhar um plano integral da cadeia, desde a criança até a posta no mercado do produto, nom projectos individuais”.
Um modelo tradicional-familiar que possibilitou estudar e progressar a várias geraçons
Antonio também nos dá algumha das chaves fundamentais polas que luitar para que o modelo de exploraçom familiar nom esmoreça. E é que apesar do falso mito do agro galego como atrasado e “pre-histórico” foi diáfana a sua capacidade de resistência e adaptaçom em contextos cambiantes, da autosuficiência ao mercado. A socióloga Julia Varela no seu livro A Ulfe. Socioloxía dunha comunidade rural galega assim o remarcava, ilustrando com um caso micro -o dumha paróquia de Chantada- o processo histórico de transformaçom contemporánea do agro, um espaço social e produtivo que sempre foi dinámico. Antonio assegura que ele estudou graças às vacas da sua casa, e que a sua mulher fizo o próprio graças à venda de porcos de recria que fazia a sua familia nas feiras da contorna de Sárria. Esta é a biografia de boa parte da Galiza, a que também mora nas cidades e que tem ainda hoje na aldeia um ponto importante de referência, nom só para ir de feriados. Essas exploracons familiares, depois de anos de esquecimento das administracons, estám hoje batalhando pola sobrevivência no meio de umha altissíma taxa de despopulaçom.
A Carqueixa, umha outra via em Cervantes
A necessidade de associar-se, tal e como assinalava a vozeira do SLG, parece fundamental. Nesta linha, no concelho lucense de Cervantes funciona desde há tempo umha cooperativa que tem explorado diferentes vias para as pessoas trabalhadoras e produtoras do lugar poderem colocar de maneira digna o seu produto no mercado. Apenas no ano 2016, A Carqueixa, comercializou 200 toneladas de castanha. Trata-se de umha cooperativa que tem o seu ámbito de actuaçom preferente no vacum de carne. Destarte, vimos de conhecer umha nova iniciativa na que pretende oferecer a carne das pessoas associadas diretamente ao consumidor. Polos vistos, e segundo informa o portal Campo Galego a cooperativa tem contactado e acordado o fornecimento a vários grupos de consumidores de Vigo e Corunha. Um dos problemas fundamentais do sector é o da comercializacom da carne, onde a pessoa produtora vai encontrar muita intermediaçom até chegar a consumidora. Na pagina web www.osabordosancares.com A Carqueixa oferece o produto das suas pessoas associadas através de umha canle direta. A pessoa compradora pode conhecer de primeira mao o trato aos animais ou as pessoas titulares da exploraçom através do web. Recentemente davam conta da nova linha de actuaçom da cooperativa.