“Para que serve a Lua? Nem por instantes se perde a esperança de que ela deva servir para qualquer cousa” Günther Anders

Há apenas dous meses foi publicado no Diário Oficial de Galiza o novo Plano reitor de uso e gestom do Parque Nacional Marítimo-Terrestre das Ilhas Atlânticas de Galiza. Estes dous meses forom suficientes para que o setor turístico, aquele que comerceia com parte importante do patrimônio natural mais valioso do País, se reorganizara para fazer pressom e intentar que o governo da Junta legisle no seu favor. Pretende que retifique o plano reitor para liberalizar o turismo no parque nacional.

Como é habitual nestes casos, a máfia turística conta com a cumplicidade da imprensa oficial e numerosos médios empresariais a nível nacional já apregoarom as suas demandas.

As reclamaçons do capital
Os protestos dos empresários estám dirigidas principalmente no estabelecimento das datas que limitam o início e o fim da temporada alta e no número máximo de visitantes autorizadas em cada um dos arquipélagos, especialmente durante a temporada baixa. O plano estabelece como temporada alta desde o 15 de maio até o 15 de setembro de cada ano, sendo o resto do ano temporada baixa.

Enquanto à hospedagem, também protestam para que a taxa de vivenda turística nom se aplique durante todo o ano e, e em qualquer caso, nunca seja aplicada durante a temporada baixa.

Limites nímios e irresponsáveis
O plano reitor é extremadamente permissivo com o turismo, pois está-se a falar de um parque nacional, com ecossistemas especialmente sensíveis, e onde a fauna e a flora foi abundantemente maltratada e onde já desapareceram espécies como é o caso do arau comum (Uria aalge) e outras estám em perigo de extinçom, como é o caso da cobra-de-pernas-pentadáctila (Chalcides bedriagai).

Na realidade, o plano permite durante a temperada alta o aceso ao parque natural a um total de 4.000 pessoas diárias que viagem nas empresas de transporte autorizadas, além de permitirem-se um total de 235 ancoragens diárias. Também se autorizam 800 estadias noturnas de acampamento. Durante a temporada baixa o número é menor, mas ainda se permite o aceso a 1.400 pessoas diárias.

As empresas turísticas consideram estas cifras demasiado baixas para poder satisfazer as suas ânsias de lucros e demandam que as ilhas podam ser um destino turístico durante todo o ano e com uns limites ainda mais permissivos.

Negócio fraudulento e doloso
Compre lembrar que várias das empresas que hoje protestam som as mesmas que foram sancionadas durante o verao de 2017 por nom cumprir com os limites existentes naquela altura, chegando a transportar até o triple das pessoas autorizadas. Como acostuma acontecer, para a empresa privada, a legislaçom se nom está feita para proteger os seus interesses é vista apenas como umha limitaçom, polo que deve ser eliminada em nome da liberdade de mercado.

É curioso também ver como as empresas que fazem a denuncia falam de que o plano “prejudica o interesses turísticos de Galicia” ou “vai em contra dos interesses das Rias Baixas”, erigindo-se deste jeito em sujeito político que representa a totalidade do País, e intentando fazer crer que os seus interesses os mesmos que os nossos.

Este é um exemplo mais onde se revela o que escrevia há já mais de médio século, Günther Anders em ‘A obsolescência do Homem’: “O mundo é encarado como umha mina a explorar (…) o mundo é a matéria-prima. O mundo nom é encarado como algo em si, mas como algo para nós”.