Tudo em Mileth exsuda Galiza.
A naçom sem estado da Galiza (haverá quem leia isto e nom saiba) é na atualidade um território autónomo com poderes parcialmente devolvidos no canto noroeste da península ibérica, com umha tradiçom e cultura de seu bem diferenciada.


Entre outras cousas, adoramos gabar-nos da nossa música folk, tam bem-vinda nos principais festivais de música celta, e nom só. Ainda assim, enquanto o meu lado folk sempre estivo mais que contente com a nossa música tradicional, a minha alma metaleira sentia que faltava algo…
Claro, tenho desfrutado do fantástico metal folk e céltico doutras bandas durante anos, mas à vez sempre ficava a pensar como era que nom dávamos produzido a nossa própria colheita tendo todos os elementos necessários: músicos talentosos e gaitas, a esgalha; bosques e rios, corvos, montanhas, escuros oceanos e outras lérias: a dar com o pé; mitologia e lendas abraiantes, caralho, a fartar!


E aí chegou Mileth.
Para sermos honestos, esta banda leva rolando desde 2009, mas é agora, quando tiverom a oportunidade de gravar um álbum a jeito com produçom decente, que libertarom o talento tudo, e abofé tenhem muito.
Catro Pregarias no Albor da Lúa Morta (SoundAge Productions – Darkwoods, 2019) traz a riqueza toda da nossa música para a cena internacional do Metal, e é um sopro de ar fresco.


A música de Mileth combina a mistura certa de folk genuíno, em galego, e um Metal selvagem sem remorsos que pode ser entendido por toda a gente.
O tema de abertura, O Son do Buxo Baixo na Sombra do Xistral, é umha afirmaçom inicial do que vai ser isto: vozes de todo tipo (guturais e limpas, masculinas e femininas, coros e nom coros), progressons rítmicas e melódicas, e umha musicalidade de enorme bom gosto.


De Bruma e Salitre é o singelo de apresentaçom merecidamente escolhido. Facede-vos um favor a vós mesmos e mesmas e mirade o evocador vídeo oficial para perceberdes nuns minutos de que trata a proposta de Mileth, musical e conceptualmente.


Do Morto e Espiral Silencio (Interludio a Bríxida) é um tema ponte, umha invocaçom (nengum problema com isso) que liga a Esperta, Letárxica e Erma Fraga! a qual, se sodes galegas e metaleiras, e os vossos ouvidos funcionam corretamente, há dar-vos arrepios, pois reconhecederes imediatamente muitos elementos típicos do nosso folk.


Ela, Que Camiña Sobre as Raíces do Frío Inferno é umha boa instrumental que nos leva agarimosamente a outra jóia, o monstro de cançom que é Petros, Axioma da Terra. O pessoal desata-se de vez aqui. Esta cançom nela mesma é, atrevo-me a dizer, um testamento à música galega contemporânea e a todo o Folk Metal. Dixem.


Da Mitolóxica Errante: ITH é o último grande foguete onde se citam alguns dos maiores personagens da nossa mitologia anterga. As duas últimas faixas, No Albor da Lúa e Cuarta Pregaria na Lúa Morta (acústica), deslizam-se suavemente cara um lugar mais tranquilo e fermoso, portando-nos com elas nessa espiral. Nom farto da voz e do solo de gaita (pois é!) na derradeira.


É um álbum perfeito? Se me ponho em modo totalmente repunantinho poderia dizer que teria feito isto ou aquilo de forma diferente, talvez mudado o som do baixo e da bateria um chisco, a única razom pola que lhe dou um 9 sobre 10.


Total, que tivemos na Galiza os ingredientes necessários para fazer isto o tempo todo, mas Mileth forom os primeiros capazes de, dalgumha forma, conjurarem os espíritos. Bem feito. Lume!


Podedes encontrar a Mileth em:
– Bandcamp: https://mileth.bandcamp.com/ (o álbum pode-se comprar aqui)
– Facebook: https://www.facebook.com/pg/mileth.official
– Instagram: https://www.instagram.com/mileth.official/