Decorrêrom quase vinte anos desde que as primeiras fossas de assassinados polo fascismo foram exumadas no Berzo polo voluntariado popular. Desde aquela, dúzias de iniciativas pola memória fôrom espalhando-se polo território da Galiza. Um movimento diverso e abrangente que pujo nomes e caras a tantos heróis e heroínas anónimas e nos orgulhou do passado combatente. Como parte dele, um grupo de voluntários da memória recuperárom a história dos “três manueles”, figuras da Galiza guerrilheira que caírom em Fontao em 1947. Neste vindouro 7 de abril receberám a sua homenagem anual em Frades.

Numha convocatória sem siglas, os promotores da iniciativa convocam a toda a cidadania identificada com as causas populares do antifascismo ao cemitério de Abelhá. Será no dia 7, com o objectivo de render homenagem diante das tumbas de Manuel Ponte Pedreira ‘Xastre’, Manuel Díaz Pan ‘Rogelio’, e Manuel Rodríguez ‘O Asturiano’. A continuaçom, deslocarám-se cara Fontao, o lugar onde fôrom assassinados pola guarda civil quando acodiam a cobrar umha multa a favor da resistência, pois um delator informara da sua presença. Lá, diante dumha pedra lembradoira erguida polo movimento popular, as e os assistentes farám diversas intervençons e lerám poemas, sem limitaçom de tempo nem temática.

Memória que nom se apaga
Entre todos os movimentos populares que na Galiza pretendêrom avançar cara a soberania e a justiça, o guerrilheiro é quiçá um dos que ganhou fama mais perdurável. A sua tremenda extensom, popularidade e persistência -mais de quinze anos- levou historiadores como Harmut Heine a salientar que a galega foi ‘das guerrilhas mais, se nom a mais, importante de todo o território espanhol.’ Entre a Federaçom de Leom Galiza, em oriente, e o Exército Guerrilheiro, em occidente, centos de homens e mulheres das classes populares chegárom a enfraquecer seriamente o Regime na sua fase mais sanguinhenta.

A luita no noroeste: a IV Agrupaçom
Como temos recolhido neste portal graças a achegas de investigadores como Abalde Covelo, a zona noroeste do país foi um dos núcleos mais vivos deste fenómeno popular. A achega dos núcleos comunistas dos estaleiros e os quartéis de Ferrol, junto com o esgrévio da geografia atlántica -nomeadamente as Fragas do Eume e Ortegal- deu a esta área umha dinámica de seu. Isso explica que comarcas como as de Ordes, onde nunca houvo guerra civil -apenas genocídio- fôrom declaradas ’em estado de guerra’ até 1952. A potência do fenómeno nestas comarcas extendeu o alcume dum combatente senlheiro ‘Foucelhas’ como identificador popular de todos eles.

O Exército Guerrilheiro de Galiza fundara-se por iniciativa do PCE numha junta em Abegondo em 1944, e sobrevive até primeiros dos 50, quando os derradeiros combatentes, já sem apoio do partido, caem em várias celadas. A sua base de apoio social, muito ampla, fora progressivamente enfraquecida pola acçom de contrapartidas -forças repressivas disfarçadas de guerrilheiros- e por um trabalho de acossa e sangria da populaçom civil.

Nesta afamada IV Agrupaçom enquadravam-se precisamente os guerrilheiros que serám recordados neste abril. Ponte Pedreira, um xastre socialista ordense, era a sua figura mais destacada, ao tomar as rédeas da guerrilha na Corunha trás a morte de Marcelino Rodríguez Fernández, ‘Marrofer’, um mestre comunista asturiano que fora um dos fundadores da estrutura.

Voluntariado popular
Se bem as universidades aderírom neste século aos projectos de recuperaçom da memória, figérom-no seguindo a lógica amnésica da ‘transiçom’, com décadas de retraso e cuidando-se muito de afundar nos responsáveis -vivos ou mortos- do genocídio. Além do mais, quando o governo autonómico bipartido foi derrotado pola extrema direita, o projecto recuperador ‘Nomes, Vozes e Lugares’ foi abafado orçamentariamente para gorar o seu desenvolvimento. Mais umha vez, foi o movimento popular -centros sociais, colectivos, historiadores nom académicos, sindicatos, organizaçons políticas- as que cumprírom o papel dum Estado que na Galiza ainda nom temos. O próprio povo vela tanto como pode pola memória sequestrada.