O médio britânico BBC realizou umha entrevista ao professor da Universidade de Standford, Jeffrey Pfeffer, autor do livro Dying for a paycheck (Morrendo por um salário) onde relata que nos Estados Unidos o estresse derivado do trabalho assalariado está relacionado com a morte de 120.000 pessoas. No livro afirma que o trabalho assalariado atual adoece e mata as pessoas nos EUA, mas também noutros países do centro capitalista, e relata numerosos episódios onde o trabalho excessivo é a causa direta da morte. As más condiçons laborais, além de problemas de saúde, também som as responsáveis de insegurança económica e conflitos familiares.

Casos nom tam extraordinários
Um dos casos relatados é o de Kenji Hamada, um trabalhador de 42 anos a quem os seus colegas o encontraram no seu escritório em Tóquio, caído sobre a sua mesa. Os companheiros de trabalho pensaram que ele estava dormindo, mas quando ele nom acordou após duas horas, perceberom que estava morto. Hamada morrera de ataque cardíaco, a causa: excesso de trabalho. A sua esposa declarava que “Kenji trabalhava tam duro que estava sempre estressado”. Ela descreveu o seu ambiente de trabalho na empresa de segurança onde trabalhava como “tam competitivo que nunca teve nenhum alívio”. Hamada costumava trabalhar arredor das 75 horas por semana, umha média de 15 horas por dia, supondo que só trabalhasse cinco dias por semana, e passava quase quatro horas por dia indo e volvendo do trabalho.

O caso de Hamada está longe de ser isolado. De fato, a morte por excesso de trabalho, o qual remata por provocar derrames cerebrais e ataques cardíacos, é o responsável de tantas mortes no país asiático que foi reconhecido polo Ministério de Saúde japonês e já existe umha denominaçom específica para este fenómeno: “karoshi”, literalmente “excesso-trabalho-morte”. Agora o problema já evolucionou, e as pessoas que padecem este estresse por causa da excessiva carga de trabalho nom aguardam a que o corpo falhe, eles recorrem ao suicídio antes de chegar ao colapso físico. Diversas fontes apontam que arredor dum terço dos mais de trinta mil suicídios anuais que acontecem em Japom som por causa do karoshi.

O caso de Hamada é apenas um dos exemplos que utiliza o professor Pfeffer no seu livro para amossar os efeitos desumanos do trabalho assalariado. O professor defende as suas teses com dados obtidos trás várias décadas de pesquisas e chegou à conclusom de que o 61 % dos trabalhadores norte-americanos sofrerom problemas de saúde por causa do estresse laboral e até um 7 % foi hospitalizado por causa da exploraçom laboral.

Neste ponto compre recordar também o acontecido na empresa France Telecom, agora Orange, onde após a sua reestruturaçom –privatizaçom– do ano 2006 houve umha série de 35 suicídios entre os seus empregados.

Volvendo à entrevista, Pfeffer confessa que com os dados sobre a mesa, nenhum diretor de empresa trata de desmenti-los porque os fatos som contundentes, eles confirmam que a precarizaçom do trabalho é assustadora, mas logo argumentam que se as condiçons laborais mudarem, os lucros das corporaçons ver-se-iam reduzidos. A precarizaçom das condiçons de trabalho dos empregados assalariados também se traslada entre os trabalhadores por conta própria, coletivo em forte crescimento, onde aumenta a insegurança.

Precarizaçom da saúde mental
À crescente precarizaçom laboral que deriva em insegurança por causa de despedimentos, das largas jornadas e dos baixos salários, há que acrescentar as mudanças nas relaçons entre a classe trabalhadora e o enfraquecimento dos vínculos sociais. Nesta sentido, o psiquiatra Guillermo Rendueles afirmava que sendo o trabalho umha das principais causas dos problemas de saúde mental, “aprendermos que o malestar nom depende da psique individual, senom das relaçons de exploraçom e submissom ao imaginário de desejos que nos fai viver por riba das nossas possibilidades com modelos de classe média (…). Saber que se nos fecharmos no egoísmo e na procura de salvaçom no intimismo, quando esta vida íntima se esfarela e, por exemplo, perdo o trabalho, nenhum profissional pode ajudar-me realmente porque nenhum profissional pode sentir comigo a soldo. Só desde as velhas solidariedades, de falarmos cada manhá com os companheiros (…), apenas o acolhedor do bairro, dos lugares onde um está entre os seus, apenas os vencelhos com os companheiros e as suas famílias e umha forma de vida em comum permitem fugirmos às misérias do individualismo ou diminuí-las diluindo-as no colectivo quando a tragédia nos alcança. Se cada um vai da sua morada ao trabalho, se se fecha no familiarismo e nos grupos de afeiçons comuns, está condenado a ter um alto risco de rematar no psiquiatra”.
Estando ainda longe da situaçom vivida, por exemplo em Japom, e ante a falta de estudos em profundida sobre o nosso País é provável que as condiçons de exploraçom laboral que sofrem as trabalhadoras na Galiza esteja detrás da alta taxa de suicídios, ente as mais altas do estado, e também detrás dos elevados índices de depressom que sofre a populaçom galega.

Um passo mais longe
Se durante muito tempo se criticou simplesmente o trabalho assalariado, deveria ser também questom de debate o trabalho em si. Para isso, lembremos as palavras de Paul Lafargue: “Umha estranha loucura possui as classes operárias das naçons em que reina a civilizaçom capitalista. Essa loucura produz misérias individuais e sociais que, depois de dous séculos, torturam a triste humanidade. Essa loucura é o amor polo trabalho, a paixom moribunda polo trabalho, levada até o esgotamento das forças vitais do indivíduo e da sua progenitura”.