Durante os últimos anos a mineraçom converteu-se num sector económico de especial interesse para os fundos de investimento internacional, assim como para o governo galego que colabora na aplicaçom de políticas neoloconiais de espólio dos recursos naturais galegos através de diferentes medidas: legislativas (Lei de Depredaçom), ideológicas (convénios com a Câmara Mineira para divulgar os hipotéticos “benefícios” da mineraçom) e económicas (subsídios de milhons de euros durante os últimos anos).
Apenas no Estado espanhol existem por volta das 3.600 exploraçons mineiras em ativo, das quais 360 encontram-se na Galiza, segundo dados do Sindicato Labrego Galego. A especial intensidade da atividade de mineraçom na Galiza, superior á media espanhola, confirma o carácter periférico do nosso país, historicamente exportador de força de trabalho e recursos naturais no marco da divisom internacional do trabalho numha economia-mundo-capitalista.


As causas do aumento desta atividade industrial estariam no aumento do consumo a nível mundial de mercadorias com minerais, no esgotamento de jazigos tradicionais em países periféricos no continente africano e sudamericano e no carácter especulativo que tem o seu comércio no mercado financeiro internacional. Se as causas som múltiplas, as consequências negativas que acarreta esta atividade económica para as pessoas também o som, a saber: contaminaçom ambiental e acústica, empregos temporais e precários, doenças associadas à presença de metais pesados no sangue e, entre outras, destruçom de ecosistemas, atividades agrícolas e património cultural material e imaterial.


Campanha de adoutrinamento da Câmara Mineira e da Junta de Galiza
Cientes da oposiçom social que está a provocar esta atividade nociva para a populaçom do rural galego e da capacidade de movimentaçom social de plataformas como ContraMINAcción, a Direçom Geral de Energia e Minas e a Câmara Municipal apresentaram na passada semana umha campanha nomeada “Minaria Sostible Galicia”, na qual foram divulgados diferentes materiais didáticos para vender este negócio como umha ótima e necessária atividade industrial.


A escola, como aparelho ideológico do Estado, está a ser utilizada pola sucursal do Partido Popular na Galiza para hegemonizar a percepçom social das crianças em relaçom à atividade mineira, tornando-a simbolicamente numha operaçom industrial que geraria empregos, riqueza e um futuro digno para viver no rural. Segundo os coletivos integrados na Rede ContraMINAcción trata-se dumha “campanha de engenharia social que procura gerar um estado de opiniom favorável à mineraçom, ocultando os desastres ambientais causados até a atualidade e a falta de aplicaçom efetiva da legislaçom em matéria de meio ambiente. Tenta alienar e atacar os sectores mais vulneráveis da nossa sociedade, entre os quais estam as crianças e adolescentes”.


O sindicato nacionalista maioritário no Ensino, CIG, e a Confederaçom de ANPAS galegas também comunicaram a sua oposiçom à presença deste tipo de materiais nas escolas, criticando as consequências ambientais desastrosas que tenhem provocado no país.


Esta representaçom distorcida e interessada da realidade galega nom é apenas o efeito de campanhas específicas governamentais. Hoje em dia, o currículo galego é traduzido por grandes grupos empresariais que colocam perante as crianças galegas, em forma de livro de texto, um espelho quebrado que fere a sua identidade. Nas páginas de qualquer livro de ensino primário e secundário podemos ler os mandamentos do livre mercado, os ecos do patriarcado e a transversalidade do espanholismo, por exemplo: a inquestionabilidade do progresso, do desenvolvimento e do crescimento; a invisibilizaçom das mulheres e do seu contributo à sustentabilidade e ao mantimento da vida, a folclorizaçom e exotizaçom da cultura galega, a ocultaçom da nossa história coletiva como povo, a mercadorizaçom da vida e a visom acrítica da gandaria e da agricultura industrial, entre outros.


IV Encontro de Contraminacción para enfrentar a mineraçom
No passado 16 de fevereiro desenvolveram-se as IV Jornadas da Rede ContraMINAcción. A este evento acudiram representantes de organizaçons e plataformas de toda a Península Ibérica para partilhar conhecimentos, difundir as suas luitas e organizar a resistência aos projetos de mineraçom destrutiva que ameaçam os seus territórios.


Do encontro, o Sindicato Labrego Galego, tira várias conclusons: o carácter internacional do fenómeno extrativista associado ao Capital internacional, a cumplicidade dos partidos políticos no poder com este tipo de projetos e a soidade na qual se encontram as organizaçons e plataformas para fazerem fronte a esta ameaça, tendo que luitar contra a própria administraçom que costuma dificultar o seu labor com obstruçons burocráticas, ocultando informaçom ou modificando normativas para favorecer os interesses das empresas de mineraçom.


A rede ContraMINAcción lembrou que, enquanto a Administraçom dedica grandes esforços e recursos públicos a campanhas de engenharia social, dezenas de lugares que foram expostos a mineraçom continuam sem restaurar ou, o que é pior, convertem-se em focos agravados de contaminaçom, como é o caso das minas-aterros sanitários de Miramontes, Casalonga ou Touro, perto da capital galega. Além disto, lembram a perigosidade das águas ácidas de mina e metais pesados que afetam às exploraçons de Monte Neme, San Finx, Barilongo, Fontao ou Touro. Para acabar, denunciam o despropósito de criar umha campanha de “Turismo de Galicia” para divulgar as balsas tóxicas de Monte Neme como espectáculo turístico referenciando-o como: “lago de intenso azul”, “hermosas aguas turquesas” ou “paraíso”.

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