Por Chema Naia/

Na abertura do curso político via com pavor como se estabelecia um cerco à unidade do projecto que tanto constou construir e consolidar, mas ao pouco houvo quem abriu os meus olhos. A impressom era produto dum erro da minha análise, onde a pesar dos meus esforços em apartar-me progressivamente das esferas de decisom incorria num erro endémico do movimento estudantil galego: a desconfiança nas capacidades da vindoura geraçom. A nova sabia do Sindicato vai dedicado este texto.
Quem pode entender percorrer milheiros de quilómetros para ver umha pessoa detrás de um vidro durante 45 minutos? Quem pode entender que enquanto o galego adoece de inaniçom abrolhem projectos humanos tam complexos como a Semente? É normal que um grupo de pessoas mantenha umha amizade baseada na cooperaçom e em ideais profundos em tempos de selvagem competência? É possível que se abram nas grandes urbes, mas também nas pequenas vilas do País cada semana a janela de centros sociais que ofertam outro modelo de vida radicalmente oposto ao actual? Somos raros, isso é assim.

Militar é acreditar em que a felicidade nom provém da riqueza, nem se atopa na exclusividade do sucesso das nossas carreiras profissionais, nem na complacência das necessidades mais imediatas. Militar é dar-nos de conta dumha outra felicidade, que se assenta e fortifica nas luitas da juventude e que nos reporta ferramentas e aprendizagens tanto para ser útil a mocidade como no futuro ao conjunto do nosso Povo. A minha geraçom, a que criou Erguer, ensaia hoje umha progressiva retirada do movimento estudantil que será completa a par que logre socializar os conhecimentos adquiridos e as novas activistas a sua assimilaçom, abrimos hoje também novas frentes de intervençom (sindicato, assembleia de vizinhas, centros sociais etc…). Gostaria de conhecer o que as minhas companheiras tirárom em limpo destes anos, eu produto do pouco contacto que tivem com o estudantado e choída a minha intervençom em luitas fratricidas aprendim relativamente pouco, e realmente o que aprendim poderia condensa-lo na sua maioria nestas duas ideia-força: “existe umha opiniom e outra opiniom e depois está a realidade” e “a heterogeneidade é complicada de gerir mas resulta mais producente que a uniformidade”.
Entendendo que a nossa é umha luita a longo termo e nela a comunicaçom e a socializaçom de aprendizagens junto com o cuidado as novas camadas som peça chave do futuro sucesso deixo esta mensagem para que as que venhem agora reflictam sobre ela, e dependendo do que considerem estimem oportuno apliquem criativamente o conhecimento acumulado nos diversos contextos de luita aos que se enfrentem.

1. Sobre as luitas:

· A luita económica: Esta é a principal formula para chegar ao estudantado, desde a cercania a sua realidade vital e as suas problemáticas materiais. O estudo e análise das problemáticas da vivenda, do transporte, dos seus centros de ensino, das bolsas académicas e formativas, nas propostas de mobilidade etc. A intervençom na mesma há de primar o contacto com a nossa classe por isso a Formaçom Profissional e o Ensino Médio som eixes a nom descuidar de todos os jeitos tendes que saber que é na Universidade Pública onde a nossa classe (ainda que defumada entre outras classes sociais) tem mais espaços de socializaçom e diversidade de problemáticas (ao incorporar-se ao mundo da vivenda, mobilidade, e querer desfrutar do ócio e da cultura) polo tanto é aqui onde existe maior oportunidade de encontro e organizaçom da mesma.

· A luita política: Nom simplifiquedes, nom entendedes resumir todo na consigna da “independência” ou do “socialismo”, tampouco encorardes em tecnicismos absurdos de insuportável arrogância. Sede pedagógicos, nas aulas, nos bairros, na festa e ali onde estejades, batalhade contra os pré-conceitos que tem a gente na sua mente e pulade por fazer entender cada argumento e cada razom. Temos a imperiosa necessidade de explicar-lhe ao estudantado porque precisamos da independência nacional e a República para ter um modelo de ensino científico, democrático, feminista e adaptado a nossa idiossincrasia popular.

· A luita democrática: Resulta em catalizador das outras, sem estabelecer as canles ajeitadas para comunicar-nos com o nosso povo nom podemos fazer nada. No fundo somos a parte consciente da nossa classe, a ferramenta que intervém e coordena cada centro, mas nom podemos pretender ser a classe, a classe está fora, conhecede-vos, conhecerede-la a ela e imos encontrar-nos. Cuidade destes espaços de encontro mas nom procuredes a sua assimilaçom, aí é quando começa a liturgia e remata a elasticidade e plasticidade que é senlheira do nosso Povo. Intervide para colaborar, para ajudar e para aportar, sem medos: sabedes que tendes a capacidade, nom encorardes no erro da competência, da política de partes, mas tampouco olvidedes a importância de aplicar as nossas linhas, debatidas e maduradas assembleariamente em processo de cavilaçom e reflexom consciente.

2. Sobre o pessoal, o cercano e as formas:
Tendes que saber que o nosso movimento adoece de sectarismo, de ódios irracionais baseados em desavenças de egos mais que de debates de política de fundo. Temos o dever de cuidar-nos disto. Empapardes-vos de povo, de família e de amizades e tomade distância com as nossas esferas quando a análises preciso, esta é a melhor medicina contra o ego, o individualismo e o as desvencilhas pessoais na política que podo receitar-vos.
Se permanecerdes um tempo neste movimento conheceredes pessoas que partilham as mesmas afeiçons, de parecido carisma ao vosso, sentimentos, motivaçons etc. e algo lógico e positivo e de feito imprescindível para a saúde mental. Mas também tendes que saber que a ruptura das amizades, das confianças e dos afectos é algo constante polas lógicas imbuídas na política revolucionária galega. Por isso nom podedes olvidar nunca o que vos trouxo ate aqui, que nom é outra cousa que a defesa dos interesses da nossa classe. Se nom relativizardes os golpes do caminho em torno a isto e esquecerdes o vosso entorno prévio a vossa saúde mental, física e social ressentira-se.
CUIDADOS. IMPORTANCIA DOS MESMOS.
3. Sobre as aulas e a ciência:
Essencialmente é que estejades e sejades exemplo. Nom a hora das notas se nom mais bem no tempo de ajudar ao companheiro, passar apontamentos etc. Estudade, é difícil estudar sendo filho de classe operária, aproveitade ao máximo esta oportunidade dada com o esforço da vossa família.
Sobre a ciência: “Amade-a e conhecede-a como valor fundamental, para a nossa sociedade. Colabora a saber onde estamos, para saber onde ir.” Neil de Grasse.
4. Respeito, humildade e disciplina no que fagades.

PS: Agora a medicaçom ancora em mim umha despedida temporal, mas ficam-me por diante muitos anos (aguardo) de vida e de militância. Só resta dizer-vos que avaliedes bem este escrito e que vos quero milhons. Abraço enorme irmás, ide pisar bem forte a realidade.