O mito da “energia limpa” desgasta-se progressivamente trás a aposta da Junta por sacrificar a prática totalidade das nossas serras emblemáticas à produçom industrial. Há duas semanas, 500 vizinhos e vizinhas da comarca de Ordes berravam basta à proliferaçom indiscriminada de moinhos nas serras do occidente galego, convocadas polo movimento associativo. Foi apenas umha mostra dum malestar que se extende, e que coalha em movimentos de defesa da Terra que jurdem aqui e alô.
Centos de pessoas congregárom-se no centro da vila de Ordes para alertar do ‘perigo sanitário e ambiental’ que constuirám os novos parques -de capital saudita- que inçarám os montes desta comarca agro gadeira. Faziam-no seguindo a convocatória da plataforma ‘Nom aos Parques Eólicos na comarca de Ordes’, a Comissom de Seguimento da Mineira e Defesa do Rural, A Associaçom A Picota-Traço, e a Associaçom de Afetados/as polo Vertedoiro de Lesta. A aposta ambientalista do povo organizado aproveitava também para apontar contra outros projectos de fasquia colonial nos concelhos de Ordes, Tordoia, Traço, Mesia e Frades: as novas linhas de alta tensom, as minas projectadas, ou novos vertedoiros.
Do grau de oposiçom popular aos planos dá prova a participaçom de representantes locais da direita espanhola no acto. Para além da clássica presença de membros da oposiçom institucional, cargos municipais do PP e do PSOE secundárom o protesto. A iminência das eleiçons de 2019, e o medo a perder parte da base social nestas comarcas, cuja economia pode ver-se danada pola aposta industrialista, explica a sua presença.
Turismo eólico’ na Costa da Morte e Bergantinhos?
Costa da Morte, Terra de Soneira e Bergantinhos estám também no alvo dos planos de ocupaçom eólica, o que tem motivado a activa oposiçom de entidades como Salvemos Cabana e Petom do Lobo. Entre os vários projectos de parque desenhados pola companhia Naturgy, o de Pena Forcada e Catasol II, aparecem como os mais lesivos. As entidades ambientalistas perguntavam-se recentemente se a Junta, que vem de publicitar a chamada ‘rota das estrelas’ desde o dolme de Dombate, estava a promocionar que o turismo contemplasse ‘moinhos mais altos que a Torre de Hércules’ desde o Alto da Fernandinha. De facto, o PP está a aproveitar de maneira fraudulenta a Agência de Turismo da Galiza para promocionar a um tempo os valores culturais da zona e o expólio energético em forma de parques eólicos.
Para qualquer amante da Galiza, a listagem de património ameaçado por estas infraestruturas industriais resulta arrepiante: a Serra de Gontom, um dos últimos espaços virgens da Costa da Morte, o estuário de Anlhons e o Monte Branco; na desfeita incluem-se jóias patrimoniais como mámoas e espaços naturais de enorme valor, como humidais e áreas de avistamento de aves, na que se registam até 300 espécies. Entre as aves ameaçadas polo projecto acha-se, segundo denuncia o ambientalismo, a escriventa das canaveiras, umha das espécies mais singulares do nosso contorno geográfico.
Neste caso, o PP local está a apostar forte polos planos industrialistas, e a atitude da Junta está a ser de autêntico desprezo ante as críticas do povo organizado. Petom do Lobo manifestou que a declaraçom de impacto ambiental, publicada em agosto para que passasse desapercebida, ignorou todas as alegaçons. Além disso, as bonificaçons económicas aos proprietários do monte -1411 euros de lucro em 25 anos- resultam ‘ridículas’ comparados com os benefícios milionários que dam estas infraestruturas às empresas, manifesta a associaçom.
Para Salvemos Cabana, o conjunto do plano eólico da Junta “é incompatível com um desenvolvimento sostível e ordenado da actividade turística”; projectos como os apontados pretendem de facto “requalificar um dos lugares mais emblemáticos da paisagem galega como solo industrial.”
Rapa das Bestas e Capitám Gosende, contra a desfeita da Terra de Montes
A Estrada, Cerdedo, Cotobade e Campo Lameiro tampouco se livram da ameaça. É isto o que explica a oposiçom artelhada por entidades como Rapa das Bestas ou a associaçom Capitám Gosende, alertas contra a construçom do parque eólico Pico Tourinhám. As chamadas -através de alegaçons- a que Enel Green Power España tivesse em conta o património vegetal, animal, etnológico e arqueológico fôrom absolutamente desouvidas. A cobiça empresarial e dos aliados políticos dos grandes negócios é tal que um macro-evento turístico como a Festa da Rapa pode ver-se directamente atingido polo uso industrial do monte. A desfeita dos passos que habitualmente utilizam os cavalos, o deterioro da flora e fauna, o afeamento da paisagem, e mesmo a extensom do chamado ‘sindrome eólico’ (um estado de estrês velado que atinge as populaçons que aturam um nível de ruído permanente semelhante ao volume que emite umha discoteca, entre 110 e 120 decibélios).
Em defesa do Galinheiro
E redondeando o mapa do desfeita, cumpre lembrar que as ánsias depredadoras chegam a outro dos cúmios mais queridos do sul da Galiza, o Galinheiro. Como relatávamos no mês de agosto, a recuperaçom do plano por parte de Alfanar Group levou à reactivaçom da oposiçom popular e vizinhal, que tem convocado já vários roteiros reivindicativos, sem descuidar a luita jurídica em forma de apresentaçom de alegaçons. A Serra do Galinheiro é um importante pulmom verde e zona de recreio a cavalo entre algumha das comarcas mais industrializadas e poluídas da Galiza.