Por Jorge Paços /

A proposta municipal de restringir ao máximo o uso e desfrute do espaço público vem de topar-se com um sério obstáculo em Lugo. Trás quatro meses de activismo intenso, a Plataforma ‘Lugo sem mordaças’ fijo umha exibiçom de força na noite de onte. Por volta de dous milhares de pessoas, maiormente jovens, percorrêrom a Ronda da Muralha e o centro da cidade a denunciarem a tentativa da alcaldia de dar o monopólio das ruas à propaganda empresarial e comercial.

Por volta das 20,30 da tarde, a Praça de Santa Maria começou a ateigar-se de gente. Parte dela já levava alô um tempo, participando do obradoiro de cartazes reivindicativos organizado pola plataforma : maiormente mocidade, e a prática totalidade do tecido associativo popular da cidade (a Plataforma está formada por mais de 30 colectivos). Com consignas como ‘A rua é das luguesas, e nom das empresas’, a manifestaçom começou a andar em direcçom ao bairro da Tineria, espaço urbano que começa a padecer um processo de elitizaçom : parte do empresariado local, capitaneado polo negócio hospedeiro ‘Paço de Orbám, pretende expulsar a prostituiçom da zona, o que explica o seu apoio incondicional a umha proposta de ordenança que visa a perseguiçom da esmola ou o trabalho sexual.

 

Imagem: Adrá Paixón /Lugo sem mordaças

Depois de rodear a Muralha e entrar de novo no centro, a manifestaçom detivo o seu percurso diante do prédio da Deputaçom : lá, umha exibiçom de ‘skate’ e parkour -desportos urbanos que a ordenança também visa limitar- motivou os aplausos da multidom. A seguir, a manifestaçom dirigiu-se à Praça Maior, onde músicos locais entoárom o hino da plataforma no palco municipal; a continuaçom, várias activistas lérom o manifesto final. Demonstrando a sua vontade de ‘tombar’ o rascunho de ordenança que os partidos da direita local argalham desde há meses, a arenga salientou a importáncia da acçom colectiva e organizada para garantir os direitos do povo.

Assemblearismo e acçom de rua

A de onte foi umha das manifestaçons mais numerosas do Lugo dos últimos anos, e prova a efectividade do trabalho sostido desde o passado Maio em formato de assembleias abertas e grupos de trabalho. Atrás ficam meses de coladas, murais censurados, multas a activistas e polémica com as autoridades municipais. A concelheira de cultura, Carmen Basadre, acusou a plataforma de ‘mentir’ e justificou a multa de 600 euros a um dos seus activistas por pedir assinaturas na rua. ‘Incumpriu a lei ao nom ter pedido permisso’, afirmou.

Depois do visto onte, ficam poucas dúvidas que a luita polos direitos e liberdades nas ruas de Lugo entra numha nova fase. O importante respaldo popular à plataforma, que se materializou das redes sociais à movimentaçom de rua, aponta que o concelho terá que tomar nota da nova conjuntura.