Por José Manuel Lopes Gomes /
Mais umha homenagem ao ‘cura das Encrovas’, desta volta em Bonaval. Moncho Valcarce é a figura reivindicada no Museu do Povo Galego numha nova exposiçom, organizada pola Irmandade do mesmo nome e a Plataforma Mina Touro-O Pino nom. O evento, que recorda umha das figuras mais senlheiras da luita em defesa da Terra no século XX, quer vincular velhas reivindicaçons com as demandas actuais dos opositores ao extrativismo colonial.
Quem se achegar nestas semanas a Sam Domingos de Bonaval poderá conhecer com maior profundidade umha figura capital da Galiza contemporánea : Ramom Vega Valcarce, popularmente conhecido como ‘o cura das Encrovas’. Moncho Valcarce, aquele cura sem sotana, permanentemente instalado no galego, que se negava a cobrar taxas e missas, acompanhou com determinaçom e afouteza alguns dos eventos mais significativos do movimento popular desde finais dos anos 70, sempre numha chave nacional e combativa.
Da pequena burguesia às classes populares
Moncho Valcarce nascera numha abastada família corunhesa que orientou a sua formaçom cara os jesuítas. Porém, trás estudar Direito, marcha para Roma, onde entra em contacto com o grupo de compatriotas ‘Irmandinhos’, e desenvolve um orgulho identitário. Dá mostras da sua rebeldia contra a rançosa hierarquia eclesiástica compostelana, sendo expulso do seminário em 1967.
Som os primeiros passos da sua politizaçom, primeiro nas fileiras do PCE e PCI, posteriormente nas organizaçons nacionalistas : as do compromisso rural, como Comissons Labregas, e as mais nitidamente políticas, como a AN-PG, e já BNG na década de 80.
A memória popular lembra-o como o crego que dirigiu a decisiva peleja contra Fenosa nas Encrovas, como o companheiro militante que permitia ter umha multicopista clandestina na igreja de Sésamo, ou como o religioso que animou, anos depois, o primeiro ecologismo nas Pontes, aderindo à associaçom Ninho de Açor. Como pano de fundo, os seus labores institucionais como concelheiro do BNG na Galiza vilega e rural.
Obra de referência
As suas reflexons recolheu-nas na obra ‘O compromisso político dum presbítero com umha realidade concreta : Galiza’ ; e a experiência dos seus últimos dias, onde enfrentou com lucidez a doença e a morte, em ‘Revolucionário e místico. Diário da doença final’, livro que se pode consultar na rede.