Os vindouros dias 8 e 9 de Setembro celebrará-se na Carvalheira de Parga e em Sete Moinhos de Guitiriz umha nova cita das Olimpíadas Populares Galegas. Entre as muitas provas que estám previstas encontra-se a luita galega.

A luita galega tradicional, mais conhecida com ir aloitar ou ir botar umhas luitas ou, dependendo da comarca, também conhecida como jogar à tumba, caiados ou chimpa, trata-se de um jogo popular similar ao existente em outras zonas da vertente Atlântica de Europa, e que possivelmente evoluciona-se das luitas pré-romanas.

Polo geral lutava-se dentro dum círculo dum tamanho variável, chamado círculo vivo, de arredor dos quatros metros de diâmetro. Normalmente era feito a base dum monlho de palha com as couces cara ao exterior, enquanto nas zonas marinheiras era marcado na areia com paus ou cunchas ou mesmo se podia luitar sobre umha gamela aboiada. É um jogo de habilidade mais que de força e consiste em tumbar ou botar fóra do circulo vivo à pessoa oponente sem golpes.

Era um jogo que estava associado aos trabalhos agrários e marinheiros. Era habitual que a vizinhança se junta-se para realizar em mao comum muitos dos trabalhos mais duros da temporada e se misturasem com jogos e atividades festivas para que fossem mais doados de suportar. A luita galega era um destes jogos onde podiam luitar dous homens, duas mulheres, mas também era habitual que luitassem um moço e umha moça, feito que podia podia ter um caráter além do meramente lúdico. Podia considerar-se umha espécie de dança para fazer-lhe as beiras à/ao oponente já que era um jogo com muito contacto físico.

O ambiente lúdico e festivo onde se desenvolviam estas atividade, ao final as jornadas de trabalho, onde também havia música além de comida e bebida, facilitava que a luita deriva-se em outros tipos de contactos.

Esta natureza erótica e sensual é magistralmente mostrado por Rosalia de Castro no seu poema, “A pobrinha, que está xorda…!”:

Xa preto da media noite,
dan encomenzo as peleas;
os mozos loitan cas mozas,
mediando as forzas que teñan
e n’andan en comprimentos
para botarse por terra.
¡Si as vírades que valentes
se amostran na loita as nenas!
¡Fanlle ós mozos cada mágoa
cas súas mans pequeneiras!

– Un xa caíu… foi un home…
¡Ela venceu, venceu ela!
¡Ben pola nena bonita!
¡Que vivan as montañesas!
¡Que vivan, pois loitar saben!
– ¡Si fixo trampa….! –el contesta
avergonzado-: foi trampa,
que si non, nin cen coma ela.
– ¿Que trampa nin que morcegos…?
Vencinte…
– Non.
– Si
– ¡Me venzas!

Também Pardo Bazán escreveu sobre este desporto e expressava-o do seguinte jeito: “Luitan as moças entre si, e até desafiam ao moço, degenerando a luta em um jogo delicioso“.

Com o a abandono das tarefas agrárias e do modo de vida rural também se abandonou o trabalho em mao comum e com el foi-se perdendo este jogo do mesmo jeito que sucedeu com muitos outros jogos popupales . Atualmente está em processo de recuperaçom, tarefa na qual o club A Cambadela faz um enorme labor levando-o a escolas de todo o País.