Por Jorge Paços /
A história da Galiza continua a motivar um crescente interesse em capas mui diversas da populaçom, em boa parte alimentado pola acessível e rápida informaçom das novas tecnologias. Nestes dias, o olhar do país mais atento ao nosso passado está posto a 1600 metros de altura : em Penedo dos Lobos (Maceda), onde especialistas do projecto ‘Roman Army’ começárom a escavaçom dum dos campamentos romanos melhor conservados de todo o norte da Península.
Baixo a direcçom de Joao Fonte e com o patrocínio do Departamento de História da USC, o Concelho de Maceda e o CSIC, o projecto internuniversitário ‘Roman Army’ leva já dez dias debruçado sobre os restos dumha jóia arqueológica que possivelmente despexe grandes incógnitas sobre a ocupaçom romana e a posterior assimilaçom da Gallaecia.
Dados isolados
Até o de agora, e segundo reflectimos neste portal na série ‘memória militar galaica’, é bem pouco o que se conhece sobre as campanhas militares romanas na Galiza. Fora dos conhecidos fitos da batalha do Douro, da desfeita do Monte Medúlio e de pequenas mostras de colaboracionismo de algumhas tribos autóctones (patenteadas pola Táboa de Bembibre), os feitos militares romanos fôrom maioritariamente situados no leste, em territórios astures e cántabros. Como acertadamente aponta o colectivo historiadegalicia.gal, a viçosa vegetaçom galega, a extensom da floresta nas últimas décadas e o grande parcelamento territorial deixou ocultos numerosos jazigos ao longo de dous milénios; jazigos que os nossos vizinhos e vizinhas do leste descobrírom com mais facilidade pola sua geografia acessível.
O papel de ‘Roman Army’
Mas a pesquisa especializada e armada com novas tecnologias de detecçom e rastejo está a mudar as cousas enormemente. ‘Roman Army’ coordena o trabalho de equipas de universidades galegas, portuguesas, inglesas e escocesas, deitando luz sobre o processo romanizador e o papel das armas imperiais na dominaçom de boa parte da Europa.
Só desde o ano 2011, dezassete campamentos ou recintos militares aparecêrom em terra galega. Embora poucos ocos se podem cobrir ainda da história da ocupaçom, os historiadores afirmam que o volume da presença armada de Roma desmente o papel marginal datribuído à Gallaecia nas guerras cántabras. Por darmos apenas alguns dados ilustrativos, levemos em conta que as quatro instalaçons topadas mais recentemente no leste se ubicam em zonas de altitude superior aos 800 metros, dando ideia da vontade de submetimento e controlo de populaçons relativamente isoladas e autónomas; que o campamento de Ventim (em Pol, na Terra Cha) albergava entre 6600 e 8600 soldados ; a base de Penedo dos Lobos, acolhia por volta de 1500, e é até o de agora a única topada com a sua estrutura em pedra. Segundo as dataçons, o campamento é praticamente contemporáneo aos sucessos do Medúlio.
Por enquanto, dispom-se apenas de traços grossos pendentes de ser interpretados, embora os próprios especialistas esclarecem que, dadas as condiçons geográficas e climáticas da Europa atlántica, ‘é muito difícil dar com restos de batalhas’ que permitam umha reconstruçom polo miúdo dos choques. Aliás, segundo lemos nos próprios informes de Roman Army, ‘o estudo da ocupaçom romana na Península Ibérica tivo um desenvolvimento seródio’. O relato da dominaçom é portanto o relato -escrito- do vencedor através dos seus cronistas, caso de Plutarco, Estrabom ou Ovídio, que para Roman Army dérom umha visom dos indígenas ‘quase caricaturesca’. Fôrom os propagandistas dum vencedor que declarou a ‘pax romana’ em 23 a.C., praticamente na altura em que o Medúlio cai cercado por um foxo de mais de vinte kilómetros, e baixo o embate de treze legions ao mando de Tibério e Marcelo, filhos do emperador Octávio César Augusto.