César Caramês/
O 4 de Maio de 1847 em Madrid, um ano e umha semana depois de que fora esmagada a Revoluçom Galega de Faraldo e Terraço, a rainha Isabel II sofria um atentado. Era o primeiro na história contra um rei espanhol.
Sobre as oito e meia, já à tardinha, a monarca voltava de dar um passeio canda os infantes Francisco de Paula e Maria Josefa, numha carruagem descoberta e sem escolta pola rua de Alcalá em direcçom a Puerta del Sol. Ao passar por diante do número 13, escuitárom-se dous estoupidos desde umha berlinda que Anjo da Riba e Berroando (Ángel de la Riba y Berroando na documentaçom espanhola) alugara e situara estrategicamente entre a paragem das diligências e a casa da alfândega. Ainda que ao começo parecérom estalos de cativos a enredar, a rainha alertou de que sentira o zoar das balas por diante do rosto.
Anjo da Riba e Berroando era advogado e redactor do jornal esquerdista El Clamor Público de Madrid. Tinha 28 anos e chegara à capital espanhola em 1844 desde a sua Compostela natal, onde estudara a carreira de Direito. Decrevem-no como baixo, fraco, com óculos, voz aguda e doente crónico de epilepsia. Estava casado com Joana Berdeales, a sobrinha dumha das figuras chaves do galeguismo do século XIX, Ramom de la Sagra, e fazia parte do seu grupo de galegos em Madrid.
De la Sagra, filho dum andaluz e dumha galega, procedia dumha família de tradiçom progressista da Corunha. Seu irmao Joaquim fora um dos dirigentes da independência do Uruguai. Cientista e ensaísta, Ramom era amigo do pai do anarquismo, Proudhon, co que colaborou activamente. Assemade também foi um dos primeiros socialistas da península e mesmo conheceu a Marx e a Engels em Paris. Também exerceu de deputado. Precisamente foi ele quem se encarregou de denunciar no parlamento de Madrid que na Cuba ainda espanhola, canda os africanos, também se escravizavam galegos. Porém, quiçá o mais relevante em relaçom ao atentado seja o seu papel como pai ideológico da geraçom de galeguistas de Faraldo, artífices da revoluçom recém derrotada. De facto, a publicaçom El Porvenir, dirigida polo próprio Faraldo e que tinha por lema “Todo para Galicia”, foi fundada por de la Sagra em 1845.
Quando as autoridades espanholas iniciárom a investigaçom, os únicos que lhes fornecérom informaçom resultárom ser dous ingleses que testemunharam os disparos desde a berlinda caminho da alfândega. A partir dessa pista, os polícias atopárom os dou furados de bala na parede dum prédio próximo e chegárom à empresa de arrendamento de carros. Nela, soubérom que os encarregados limparam os restos de pólvora, pó cinzento na declaraçom, quando a berlinda fora entregue e conhecérom também o endereço de quem a alugara. Dous dias depois do ataque, de madrugada, Patricio de Escosura, chefe político de Madrid, entrou no número 13 da rua Concepción Gerónima cos seus homens e detivo a Berroando. No registo encontrárom as duas pistolas disparadas e dous bilhetes de diligência para fugir para Galiza com a sua mulher no 8 de Maio, quatro dias depois do atentado.
Anjo da Riba Berroando foi condenado a morte. Porém, a pena foi comutada a prisom, depois reduzida a desterro e por último chegou-lhe o indulto em 1849.
Lembremos.