Por Rita González /
Deveríamos começar umha campanha para a eliminaçom das notas quantitativas na primária. A LOGSE figera-as desaparecer, substituindo-as por progressa adequadamente (PA) e necessita melhorar (NM) e o governo do PP recuperou-nas. Desde a nossa opiniom, as notas quantitativas som umha medida que favorece a reproduçom da divisom social do trabalho.
As mestras sabemos que há quantidade de factores alheios ao alunado, que este nom pode controlar nem modificar, mas que incidem directamente nas qualificaçons.
Sentimos como qualquer situaçom familiar entorpece a aprendizagem; problemas afectivos, laborais (paro, salários baixos que complicam questons familiares básicas, horários que impossibilitam dedicar um tempo de qualidade aos filhos…), expectativas de futuro, etc. afectam-lhe de maneira directa ao rendimento escolar.
Conhecemos como influi o número de alunos por aula. Sabemos que quando a razom professor/aluno passa de dezoito nom podemos falar de qualidade na educaçom, já que é impossível atender como deveríamos ao nosso alunado, sobre todo aqueles aos que lhes cumpre umha atençom individualizada por motivos do mais diverso. Somos conscientes de que essa maior dedicaçom favoreceria umha maior segurança neles, o que facilitaria a sua aprendizagem.
Reconhecemos como os nossos sorrisos, as nossas olhadas, as nossas metodologias, a segurança ou insegurança de saber que todos som capazes, o ter tempo ou nom para explicar-lhes a cada um deles o que dominam e o que ainda nom e como podem revirar certas situaçons, todo isto, repercute directamente nos resultados. Porque temos que admitir que, ás vezes, esquecemos explicar minuciosamente estratégias para que aqueles que nom som capazes de adquirir certos conhecimentos o consigam.
Cumpre, ademais, falarmos dos conteúdos da etapa. Nom é que achemos que som excessivos, se nom que estám mal organizados. Por umha banda, dam-se demasiados em cada curso, o que nos empece explicá-los e trabalhá-los exaustivamente, à vez que trava a sua asimilaçom, sobretodo a aqueles que tenhem um ritmo mais lento ou precisam repassar conceitos prévios para poder entendê-los bem. Simplesmente dando a metade permitiria-se chegar com garantia de sucesso a todos. Por riba, nom tem justificaçom nom fazê-lo, já que os mesmos conteúdos se repetem curso por curso, é dizer, no seguinte ano afundaríamos na outra metade. O alunado que nom compreendeu bem predispom-se em contra, e como ao curso seguinte lhe torna a passar o mesmo, considera-se incapaz de apreender. E para favorecer ainda mais a discriminaçom adiantam-se determinados conteúdos, sem razom pedagógica nengumha, dificultando-lhes a aprendizagem aos que tenhem mais dificuldades. Por exemplo, a multiplicaçom dava-se antes aos oito anos, agora com a LONCE um ano antes. Dar um conteúdo sabendo que está adaptado à idade evolutiva da maioria é garantia de sucesso, quando nom, favorecemos o fracasso , o desânimo e o tédio.
É nesta situaçom, com múltiplos atrancos para certo alunado (nalgúns casos por múltiplas causas), quando as mestras temos que pontuar de 1 ao 10 a nenos e nenas desde os seis anos, alguns só tenhem cinco quando recebem o seu primeiro boletim. Perguntamo-nos, que informaçom relevante engadem esses números que nom se reflicta em vai progressando adequadamente ou tem dificuldades para progressar.
Nas notas existe umha importante carga de subjectividade. Umha percentagem das qualificaçons, pertence ao esforço realizado. A valoraçom desse esforço vai depender muito da pessoa que o realizar. Cremos que o pensamento da docente pode influir em baixar ou subir pontos. De que estamos a falar entom? Por outro lado, temos claro que se deve valorizar o esforço em positivo, mas em negativo temos dúvidas, já que nos questionamos se é justo sancionar com as notas a nenos e nenas destas idades, com umha qualificaçom que directa ou indirectamente influi no seu futuro, já que a podem considerar como um prognóstico. Cuidamos, por outra parte, que ao professor do curso seguinte pode predispô-lo, temos sempre presente o efeito Pigmalion. Pola contra, se se der o caso de que nom se tenhem em conta as valoraçons do companheiro, que sentido tem pô-las?
Pensamos que ao alunado lhe passa o mesmo. Nom lhes fornece nengum conhecimento que sirva para melhorar o processo de aprendizagem. É mais, eles nom tenhem consciência nengumha dessa catalogaçom. Som conscientes, ou nom, do que vam apreendendo, de se se portam bem ou mal, de se se esforçam ou nom, de todo o que vam escuitando sobre o progresso da classe e, sobre todo, toma especial relevância, aquilo que di a mestra a cada um.
Aos pais e maes tampouco lhes oferece informaçom importante. Sopesamos se pode servir para frustrar ou avivar certas expectativas. Achamos, em troca, que pode induzir a catalogar, competir e classificar, e repercute negativamente naquele alunado com pais que ambicionam um filho 10 ou aqueles, que pola contra, considerem que o seu filho nom é capaz.
Som todas estas circunstáncias, alheias ao alunado, as que nos fam pensar que nom tem sentido nengum este tipo de notas. Resulta injusto responsabilizar os estudantes destas idades com umha nota numérica.
Sobra dizer, que estamos a favor da avaliaçom, da avaliaçom como parte do processo de ensino-aprendizagem, da avaliaçom continua e formativa, em que o importante seja a evoluçom do aluno, da autoavaliaçom; que cada aluno seja quem de avaliar a sua competência, que tome consciência do que vai aprendendo, do que precisa aprender e das estratégias que deve empregar para facilitá-la. Da coavaliaçom entre o alunado. E sobretodo, conhecer e aceitar o erro como algo inerente ao próprio processo e que nos vai sinalando se imos avançando.
Cuidamos necessário sinalar que, longe doutros pronunciamentos, desde a nossa posiçom nom existe dicotomia entre apreender e sentir-se feliz. Ou como proponhem alguns: entre fornecer felicidade ou conhecimentos. Nós, as mestras que sabemos o maravilhoso que é o conhecimento, sentimo-nos capazes de ensinar a desfrutar do esforço, que muitas vezes ou quase sempre supom, apreender. De fazer gozar ao alunado sentindo que cada vez mais som quem de ler, escrever, debater, investigar, memorizar, resolver, indagar, debuxar, imaginar, pintar, calcular, reproduzir, criar… melhor.
Catalunha já as começou a quitar no 2017 em primária, este ano vam desaparecer em secundária. Demandemos-lhe ao ministério a sua eliminaçom para este vindouro curso.
*Rita González é mestra.