Por Ana Macinheira /

Há por volta de dous meses, o direito ao aborto aprovava-se na cámara dos deputados da Argentina com 129 votos a favor e 125 em contra. Antonte tocava-lhe votar ao Senado, que trás quase 17 horas de intenso debate, rejeitou o projecto de legalizaçom de interrupçom voluntário da gravidez, com 38 votos em contra, 31 a favor, e 2 abstençons.

Aborto clandestino

Neste país praticam-se mais de 500000 abortos clandestinos cada ano, e morre umha mulher ao dia devido à forma como som realizados. ‘Trata-se dum problema nomeadamente de recursos económicos. Os abortos clandestinos matam as mulheres, é umha realidade que está a acontecer e temos que pôr-lhe soluçom’, manifestava a senadora Pilatti Vergara.

É que o que se decidia onte nom era propriamente se se pode abortar, pois os abortos já se realizavam e continuarám-se a realizar ; a questom é, antes disso, em que condiçons se praticam : se garantindo os direitos fundamentais das mulheres, ou se como até agora, em condiçons higiénicas nefastas, deixando sequelas no corpo das mulheres por causa de infecçom, ponhendo em risco a sua capacidade reprodutiva e frustrando a possibilidade de terem filhos e filhas se algum dia o desejarem ; sem esquecermos a vulnerabilidade que o aborto clandestino acarreja para as mulheres que o praticam, em ocasions em maos de máfias que procuram dinheiro rápido.

Segundo a Organizaçom Mundial da Saúde, a América Latina é a regiom do mundo na que mais abortos se praticam de maneira clandestina, desde que a interrupçom legalizada da gravidez só existe no Uruguai desde o ano 2012.

Sororidade mundial

Frente ao Senado, milhares de mulheres concentravam-se a exigirem o seu direito a decidir livremente sobre os seus corpos. As mensagens de apoio chegavam de outros pontos do país, onde também decorriam mobilizaçons. Estas agitavam aliás o próprio Senado : ‘mais cedo do que tarde, num dia mais luminoso que este gris e chuvinhento, as mulheres vam ter a resposta que precisam’. Assim finalizava o seu discurso o senador Miguel Ángel Pichetto.

As mobilizaçons sucedêrom-se também por diferentes países do mundo: Guatemala, Portugal, Nova Zelándia, Japom…por darmos alguns exemplos. A Galiza também acolheu concentraçons de solidariedade nas cidades de Compostela e Vigo, onde dúzias de pessoas se reunírom para amossar o seu apoio às feministas argentinas a agitarem panos verdes.