Por Jorge Paços /

Confirmárom-se as piores previsons, e o Tribunal de Apelaçom de Casablanca mantivo-se nas clássicas coordenadas repressivas que Marrocos mantém respeito o Rif, o território do povo amazigh que historicamente tem resistido às ambiçons imperialistas espanholas e árabes. Serám 20 anos de cadeia os que tenham que pagar quatro jovens militantes rifenhos, aliás de outras 49 pessoas com penas menores, acusados de terem um papel dirigente em Hirak, o movimento popular que no passado ano denunciou ante o mundo a marginaçom e opressom marroquina contra o Rif.

No dia de onte, o comité de apoio a Hirak convocou a sua base social a se concentrar diante do Parlamento de Rabat : visibiliza-se assim o descontentamento popular com umhas medidas repressivas que atingem penas que vam de um ano a duas décadas de cadeia. O considerado líder do movimento, Nasser Zefzazi, fou acusado de ‘atentar contra a segurança interna do Estado’, umha expressom difusa que serve para condenar qualquer oposiçom contundente ao poder marroquino ; o seu equivalente espanhol poderia ser o termo ‘sediçom’, que a extrema direita judicial e mediática vem utilizando contra o arredismo catalám.

A sentença culmina um processo nitidamente político que começou com o curso que vimos de rematar, e no que Marrocos se concretizou a olhos do mundo como umha ditadura encoberta numha fachada múltipartidista, e no que uns extensos sumidoiros do Estado continuam a utilizar coacçom e tortura contra a dissidência. Os próprios condenados -53 pessoas, a somarem em total mais de 300 anos de cadeia- rejeitárom a sua última intervençom diante do tribunal, como forma de manifestar qualquer rechaço à legitimidade que este se aroga.

Mohamed VI, continuísta

O actual rei de Marrocos está-se a revelar como um monarca continuísta no que diz respeito ao tratamento do Rif, país historicamente condenado à marginaçom e ao ostracismo por Marrocos, e cuja língua e cultura bereberes padecem contínua pressom. De feito, a rebeliom do passado ano, que estoupara com o motivo da morte dum jovem pescador que tentava evitar a requisa da sua carga por parte da polícia marroquina, tivo como catalisador fundamental exigências económicas e sociais. O fim da marginaçom do Rif é a ideia força, embora por baixo da proposta lateje umha forte reivindicaçom indentitária.

Silêncio espanhol

No Reino de Espanha, o governo ‘do cámbio’ evitou fazer qualquer declaraçom sobre a condena, embora os ministros José Borrell e Grande Marlaska estám hoje em Rabat para falar de acordos bilaterais entre ambos os Estados. Espanha foi de facto um dos países que combateu com mais sanha o independentismo rifenho nos inícios do passado século, antes de ser derrotado por Abd el Krim e na actualidade mantém -ao igual que com os Estados Unidos- umha relaçom de privilégio com Marrocos, ignorando deliberadamente a violaçom de direitos humanos que associaçons tam tépedas como Amnistia Internacional denunciam reiteradamente.

No entanto, por volta de 400 presos amazigh resistem nas cadeias de Marrocos, dispersados em dez centros penitenciários distintos. Entre os reclusos encontram-se mesmo jornalistas como Hamid El-Mahdaoui,  imputado por um delito tam dificilmente compreensível como ‘nom divulgaçom dum ataque contra a segurança do Estado’.