Por Ana Macinheira /
A mulher foi historicamente considerada um objecto e um botim de guerra nos conflitos políticos e sociais e, com as crianças e os idosos, padeceu sempre a pior parte da violência desatada por Estados e exércitos. Assim aconteceu no México de 2006, onde o poder respostou umha massiva luita popular em defesa da terra com aldragens e violaçons massivas. Doze anos depois, as mulheres de Atenco aguardam a sentença do Tribunal Americano de Direitos Humanos.
Os feitos remontam a 2001, quando o presidente Vicente Fox anunciava a iminente construçom dum aeroporto em San Salvador de Atenco ; para tal fim, iam-se expropriar importantes extensons de terreno no póprio Atenco e em Chimalhuacán.
O que aconteceu
O projecto governamental gerou um grande descontentamento entre a vizinhança destes lugares, constituída na organizaçom de Frente de Pueblos en Defensa de la Tierra (FPDT), para fazer-lhe frente a este novo expólio.
Em Maio de 2006, a polícia despexou o mercado de Textoco, ao que a FPDT e outras pessoas atingidas decidírom respostar com curtes de estrada ; a tensom foi em aumento. A polícia entrou nas moradas dalgumhas das pessoas dirigentes, e como resposta, comerciantes e membros da FPDT tomárom como reféns doze polícias.
No dia seguinte eram detidas por volta de 200 pessoas, entre elas 10 menores de idade ; tratou-se dum operativo que dava começo às seis da madrugada com um forte dispostivo policial, formado por centos de membros da Agência de Segurança Estatal e da Polícia Federal Preventiva.
Ao día seguinte eram detidas arredor de 200 pessoas, entre eles 10 menores de idade, num operativo que dava comezo às seis da manhá com um forte dispositivo policial, formado por centos de policias da Agência de Seguridade Estatal e da Polícia Federal Preventiva. Os agentes rachárom o bloqueio da estrada que se iniciara no dia anterior, e nos enfrentamentos morreram duas pessoas.
Denúncias de violaçons
As 26 mulheres que foram detidas no operativo denunciárom ter sido violadas perante a Comissom Nacional de Direitos Humanos (CNDH), que afirmou que em Sam Salvador de Atenco houvo ‘trato cruel e inumano, tortura, abussos sexuais e violaçom do direito à vida’ ; a denúncia também foi apresentada perante a Comissom Interamericana de Direitos Humanos, que em 2015 admitiu a queixa e ditou algumha recomendaçom para o Estado de México.
O papel de Enrique Peña Nieto
A 12 anos dos feitos, as mulheres denunciantes estam à espera de a Corte Interamericana de Direitos Humanos emitir sentença, e manifestam que iria ser importante se fosse antes de Dezembro deste ano, desde que “porque Peña Nieto é umha figura central no caso e porque agora está sentado na cadeira presidencial”, por palavras de Norma Jiménez, umha das agredidas.
As mulheres de Atenco manifestárom que durante estes anos sofrerom maltrato e criminalizaçom por parte das autoridades de México; o próprio Peña Nieto atribuiu as denuncias de tortura sexual “a um manualinho de quem realizam protestos”.