Por Jorge Paços /

O dogma do industrialismo une quase todo o abano político parlamentar. O Concelho de Cerceda tenciona pressionar Gas Natural para esta manter aberta Meirama, a central térmica cuja construçom desatara, há quatro décadas, um dos mais importantes movimentos populares da nossa terra. A exigência municipal une todos os partidos com representaçom, como também o fai no parlamentinho do Hórreo. Num dos debates parlamentares celebrados sobre a questom, em 2013, os três partidos de mais longa trajectória votaram em favor da permanência, enquanto o grupo de AGE votara em favor do feche.

A moçom aprovada na passada semana polo Concelho recorda à multinacional os seus compromissos “para cumprir o acordo de permanência”. A empresa herdeira de Fenosa comprometera-se no seu dia a adaptar a central à nova norma de emissons, com o objectivo de que seguisse funcionando além de 2020.

No caso de se realizarem as obras prometidas para a maquilhagem verde da planta, esta poderia estar em activo até 2045. A demanda de “mantimento dos empregos” (perto de 200, entre directos e indirectos) leva os partidos PSOE, (promotor da moçom) PP e BNG a formularem esta exigência ; no mesmo sentido se pronuncia a CIG.

Segundo registam dados oficiais, as centrais das Pontes e Meirama, adicadas à queima de carvom, situam-se entre as quatro mais poluintes do Estado, e ajudam a explicar -entre outros factores- o incumprimento do Estado espanhol no rebaixamento de emissons que tem pactuado com a Uniom Europeia até o ano 2020. De feito, o Reino de Espanha é um dos estados europeus que aumentou a sua produçom de gases de efeito estufa em 2017, contravindo as decisons das instáncias internacionais. O aumento está relacionado também com o freio político às energias renováveis decidido em 2012 polo executivo do PP.

De mais de 14 milhons de gases de efeito estufa que se emitírom na Galiza em 2016, 9,1 correspondiam aos que botam as cheminês de as Pontes e Cerceda, segundo tem denunciado ADEGA, organizaçom que actua como tímida voz crítica em matéria ecologista no contorno do nacionalismo institucional.

Fortes valedores políticos.

Ainda que o mundo occidental caminhe no seu conjunto baixo o consenso pleno da destruçom do meio e do esgotamento das energias fôsseis sem contemplaçons, o Estado espanhol tem-se mostrado como um dos alunos mais aventajados no incumprimento dos mínimos ambientalistas. Neste sentido, a sobrevivência de centrais como a das Pontes nom suprenderia.

Recentemente, o Instituto Internacional de Direito e Meio Ambiente (IIDMA) e a organizaçom italiana Re:Common acusam Enel (proprietária da maioria das acçons de Endesa) de alongar a exploraçom do queime de carvom no Reino de Espanha. Enquanto Enel tem anunciado que abandona esta modalidade de produçom na Itália em 2025, no Estado espanhol nega-se a concretizar datas para o fechamento das seis centrais térmicas que gere.

“As respostas de Enel por volta do feche das centrais de Endesa som esquivas, mostrando ausência dum claro compromisso na luita contra a mudança climática e a melhora da saúde”, afirmárom das ONG encarregadas da denúncia.

A calculada ambiguidade da empresa na hora de tomar decisons em território espanhol só pode ser compreendida polos seus fortes valedores políticos, habitualmente atrincheirados no PP. O cámbio na gestom do Estado servirá para provar o que podem as alternáncias institucionais na abordagem dos problemas reais ; ainda que levando em conta o discurso absolutamente plano das forças com representaçom -nas que se inclui o nacionalismo institucional- mais conviria sermos cépticos.