Por Jorge Paços /
O PP funcionou durante quase três décadas como umha organizaçom criminal. A sentença já nom é umha frase feita da esquerda, mas um feito provado por umha longa sentença que estabelece pesadas penas de prisom para importantes dirigentes e apoiantes da extrema direita espanhola. O desgaste do PP, passeninho mais imparável, poderia dar o relevo a Ciudadanos na liderança da recessom autoritária na que estamos envolvidos.
A sentença do “caso Gürtel” vem de condenar 29 pessoas a 351 anos de cadeia ; todos eles somam delitos de prevaricaçom, mordidas, branqueio de dinheiro, malversaçom, e contra a facenda pública. Segundo o tribunal, o PP dispunha dumha caixa B para o enriquecimento ilícito desde o ano 1989 ; isto é, desde o seu nascimento com partido. Por outras palavras, é o conjunto da organizaçom a que, através dumha trama estável e com plena participaçom da sua dirigência, a que aproveitou redes económicas de capitalistas amigos para engordar fortunas privadas de políticos. O tribunal afirma aliás que a declaraçom do presidente do governo, Mariano Rajoy, nom resulta crível.
Entre as condenas salienta a de Pablo Crespo, quem fora responsável de organizaçom do PP na Galiza, e que viria a demonstrar a plena integraçom do grande entramado do caciquismo galego na engrenagem geral da corrupçom espanhola. Crespo afronta agora 37 anos e médio de prisom.
Gestom institucional no ar.
Várias dúvidas permanecem no ar : a primeira, é qual será o partido que vai gerir o processo de recentralizaçom espanhola, golpismo institucional e recuo de direitos nos que estamos mergulhados. Certas elites autonomistas apostam em que seja o PP quem continue com o leme do Estado, como patenteou o PNV no seu apoio aos orçamentos gerais.
A segunda, se a mudança se produzirá aginha, ou se C’s apostará por enfrear um implícito “traspasso de poderes”.
Porém, certos sectores políticos, económicos e mediáticos ponhem em causa que um partido com tal nível de podrémia moral poida fornecer ao Estado a necessária legitimidade. Como editorializava um jornal de grande tiragem, em qualquer país europeu, a resposta governamental ante um escándalo como o da trama Gürtel seria a demissom em pleno ; mas estamos no Reino de Espanha, onde os baremos de legitimidade democrática e limpeza de conduta som directamente herdados dumha ditadura de quatro décadas. Se há relevo, será accidentado e contra a vontade dos dirigentes da trama criminal.
O PSOE aposta na moçom de censura, com a perspectiva de dar eco mediático à sua proposta de direita moderada, escurecida em tempos recentes pola vaga de fascistizaçom em alça. Porém, sem o apoio declarado de Coaliçom Canária ou do PNV, a proposta do PNV nom poderia prosperar.
O plano de Pedro Sánchez parte gorado de início, desde que C’s, por boca de José Manuel Villegas, anunciou que nom a apoiarám. O novo partido da direita aparece há anos como o recámbio perfeito no neofranquismo : convence nas bases históricas da reacçom espanhola, e comparece com um aura de modernidade e limpeza que lhe falta o PP. Com sentido de Estado, Villegas dixo que “nom há pressa”, e que um processo eleitoral que leve ao cámbio de governo deve realizar-se “sem comprometer a estabilidade institucional e económica”.
Meios servis suavizam a crise.
Nom se pode entender a relativa calmaria com a que acontece umha das crises institucionais mais fortes do Estado espanhol sem levar em conta o papel narcotizante da mídia servil na hora de minimizar o alcanço da trama criminal. O tratamento manipulador levou as e os trabalhadores da RTVG a se somar à campanha ‘em negro’ iniciada em Espanha polos seus colegas de profissom. As jornalistas acodirám à jornada laboral vestidos em negro para denunciar a focagem mediática distorcida que os quadros servis do PP imponhem na grelha informativa.
Segundo transcendeu hoje, a chefa de informativos da TVG Concepción Pombo Otero, estabeleceu que a notícia sobre a condena da trama “nom deveria passar de 40 segundos”. Finalmente, a informaçom atingiu 76 segundos, mas foi habilmente situada depois de notícias secundárias, e dando mais voz às declaraçons de dirigentes do PP do que às forças da oposiçom.