Por Ana Macinheira /

Em julho do ano passado, durante os Cursos de Verao da Universidade de Cantábria, a diretora do mestrado de Género da Escola Nacional de Saúde, María de los Ángeles Rodríguez, afirmou que o 100% das mulheres refugiadas sofre violência de género, “a incidência da violência de género é enorme em qualquer contexto mas aumenta muitíssimo mais nos casos de mulheres refugiadas” porque “nom só tenhem o risco de sofrer violência de género polo feito de serem mulheres, senom polo feito de estar em situaçons delicadas como afrontar umha guerra ou atravessar umha fronteira” .

Mulheres refugiadas e agressons sexuais.

A ONG Aministia Internacional apresentava um informe em 2016 no que denunciava que as mulheres e nenas refugiadas sofrem agressons físicas, abussos sexuais e violaçons. Para elaborar dito informe entrevistárom-se com 40 mulheres e nenas que viajaram por países como a Grécia, Macedónia, Croácia, Eslovénia, Turquia, Áustria e Alemanha. Todas elas coincidiam em terem-se sentido ameaçadas, tanto enquanto viajavam como nos campos de refugiad@s. Algumhas mesmo relatavam que deixaram de comer e beber durante dias para nom ter que acodirem ao banho por medo a serem agredidas, “nunca quigem dormir nas instalaçons. Tinha medo de alguém me tocar. As tendas eram mixtas e fum testemunha de cenas de violência”, relata Reem, umha joven Síria.

ACNUR também vincava, na altura, em que os centros de recepçom de refugiad@s careciam de um espaço seguro para as mulheres e nenas, aliás de nom dispor de apoio psicológico nem métodos de detecçom da violência sexual.

Sem papeis

No ano 2013, a Associaçom para a convivência Apacia, publicava o informe “Violadas e Expulsadas: mulheres vítimas de violência sexual em situaçom administrativa irregular”, com o que pretendiam visibilizar e pôr em destaque a violência à que se viam submetidas, nomeadamente as empregadas de fogar. “Se bem é certo que o Estado espanhol difunde dados sobre a violência de género por parte da parelha ou exparelha, nom existem dados da violência sexual. Muito menos de grupos determinados de mulheres migrantes e menos ainda se estiverem em situaçom administrativa irregular”, afirmava Bárbara Tardón, coordinadora do informe.

O feito de non terem permiso de trabalho fai que estas mulheres nom só estejam expostas à exploraçom laboral, senom também violência sexual. Nom ter papéis deixa-as sem direitos básicos cobertos, e polo tanto som mais vulneráveis, por exemplo, de pôr umha denúncia na esquadra correriam o risco de serem expulsadas.

CIE

As mulheres sofrem umha dobre discriminaçom nos CIE (Centros de Internamento de Estrangeir@s), umha por serem foráneas, e outra por serem mulheres. A ONG Women´s Link, que trabalha na defesa dos direitos da mulheres, realizava um estudo em 2012, depois de quatro anos de trabalho entrevistando-se com mulheres migrantes internadas em CIEs , trás o que enumerárom os tipos de discriminaçom que sofrem: “A trata com fins de exploraçom sexual atinge sobretodo a mulheres. Umha das discriminaçons mais claras que podem sofrer as mulheres internas nos CIEs é a de nom ser identificadas como tais” comenta Patricia Orejudo, da ONG. Também a deficiente atençom sanitária é outra maneira de discriminaçom somada aos escassos objectos de aseio e mudas que tenhem “por que tenho que explicar a um policía quando tenho a regra ou explicar-lhe que o meu fluxo é abundante e que me tem que dar mais compresas? É algo vergonhento. Dá-me vergonha”, di umha das entrevistadas no estudo.

Por último os módulos de mulheres tenhem piores instalaçons e “a existência de um único pátio e a talhante separaçom entre homes e mulheres, atendendo a razons de segurança, determina as mulheres desfrutarem de tam só umha hora de patio pola manhá e outra pola tarde, a umha hora muito pior que os homes, que tenhem mais tempo e em melhor faixa horária. As mulheres podem sair de 10 a 11 da manhá, quando em geral vai frio, e de 16 a 17 horas, justo depois de jantar, a um pátio totalmente descoberto e sem poder acobilhar-se do frio nem do sol”, pode ler-se no informe.