Por Ana Macinheira /

A Audiência Provincial de Navarra lia onte, às 13:00 do meio-dia, a sentença contra os cinco membros da “Manada”, acusados de violar a umha moça durante as festas de San Fermíns do ano 2016.

Jesús Escudero, José Ángel Prenda, Alfonso Jesús Cabezuelo (soldado profissional), Ángel Boza e Antonio Manuel Guerrero Escudero (guarda civil), fôrom condenados a 9 anos de prisom por um delito continuado de abuso sexual a cada um deles, e ao último também a umha multa por “hurto”, pois admitira durante o juiço roubar o telefone móbel à moça agredida. Ademais terám-lhe que pagar umha indemnizaçom conjunta de 50.000 euros e nom poderam achegarse-lhe a menos de 500 metros nim poderam contatar com ela nos próximos 15 anos.

Ficam portanto absolvidos do delito de agressom sexual, dado que o tribunal entende que nom houvo nem intimidaçom, nem violência ; assim para os juízes deste caso umha mulher rodeada num portal por cinco desconhecidos que a doblam o tamanho e que a pentetram pola vagina, o ano e a boca nom tem nem medo nem é objecto de violência.

Tenhem-nos sem cuidado as vossas leis, cabaleiros

Durante a manhá de onte e hoje, nas redes sociais, estivo muito presente também Nagore Laffage, assassinada brutalmente polo psiquiatra José Diego Yllanes nos San Fermíns do ano 2008. Foi condenado a 12 anos de prisom, cumpriu 9 e está exercendo a psiquiatria numha clínica privada de Madrid. Durante o juízo a única pregunta que lhe fixo o jurado popular à mai de Nagore foi se “su hija era muy ligona?”

Centos de pessoas concentravam-se diante da Audiência Provincial de Navarra para ouvir a sentença contra os violadores da Manada. A indignaçom e a raiva foi tal que rebentárom o cordom policial e chegarom até a porta do julgado a berros de “nom é abuso, é violaçom”.

Resposta feminista massiva.

A reacçom feminista nom demorou em fazer-se ouvir em toda parte, incluída a Galiza. A peculiar interpretaçom dos feitos reflectida na sentença (por utilizarmos um eufemismo) chamou até mesmo a atençom da imprensa europeia, que se fijo eco da transigência penal com um delito tam terrível.

Baixo a convocatória do movimento feminista, as multidons ocupárom as principais praças da Galiza e muitas das vilas mais importantes. Dentro do sucesso geral da convocatória, salientárom as mobilizaçons de Compostela e de Vigo. Com legendas como « Vós sodes manada, nós somos multidom’, e com consignas contra o medo e a justiça patriarcal, umha maré humana voltou a demonstrar a força de convocatória do feminismo, patenteada já na greve de mulheres no mês passado.

A dimensom mobilizadora levou mesmo ao ministro de Justiça, com evidente hipocrisia, a apontar a “conveniência de certos reajustamentos legais”.

Legitimidade da justiça, em crise.

A sentença contra os violadores de Iruña chega num momento especialmente delicado para a legitimidade democrática do Reino de Espanha no mundo inteiro : após anos de indulgência judicial com importantes corruptos -a começar polos membros da casa real- e baixo um regueiro de sentenças de prisom contra activistas populares, tuiteiros e músicos.

Agora, o feito de que umha violaçom gravada em video e contemplada como evidência polo mundo seja parcialmente perdonada, pom o acento no carácter patriarcal dumha justiça historicamente ligada aos homens e a ideologias supremacistas de extrema direita. O feito de dous dos violadores serem servidores armados do Estado -ainda nom expulsos dos seus respectivos corpos- extende a desconfiança nuns tribunais que apenas castigam “o inimigo” : a oposiçom política real, pobres e imigrantes.