Por Ana Macinheira /

Durante a passada Greve de Mulheres do 8 de março, nas prisons do Estado espanhol, as presas políticas também achegárom o seu grau de areia a esta luita e reivindicaçom polos nossos direitos. Falamos com Maria Osório, presa política independentista, que se topa dispersada em Mansilla de las Mulas (Leom) a 334km da terra.

Como vivestes do outro lado do muro a Greve Geral de Mulheres do 8 de março?

Na cadeia vivim esta convocatória com bastante ilusom, a pesar do lógico afastamento. As minhas companheiras da rua informáron-me do que se estava artelhando e polo que comentavam era umha convocatória relevante para feminismo. Aqui a informaçom mais imediata oferece-no-la a televisom.

Esse dia aconteceu-me um detalhe curioso e muito emocionante: tivemos no módulo um simulacro de lume e subírom-nos às celas. Prendim a televisom e saiam em direto imagens da mobilizaçom e gente entrevistada. A minha sorpresa foi que saia falando na Sexta Ana Viqueira, da CUT (sindicato Central Unitaria de Trabalhadoras/es), que conheço pessoamente por cima. Saltárom-se-me as bágoas…

A minha companheira basca e mais eu levamos umha braçaleira morada e fizemos umha concentraçom com cartazes seguindo a convocatória. Queríamos ter posto nos barrotes da janela mandís, mas nom tínhamos…

Achas que era necessária a greve de mulheres do 8 de março?

Toda mobilizaçom feminista é oportuna e necessária sempre. Agora mesmo semelha que o feminismo é a luita com a maior força, maior amplitude e globalidade para plantejar alternativas ao sistema capitalista. Pessoalmente estou sorprendida pola sua expansom e penso que é umha boa nova e também momento para nom ficarmos só nas palavras o una reivindicaçom. Precisamente polo global que é, esta luita ofrece ferramentas para a revoluçom. Sempre a vivimos como algo setorial e pode que o feminismo esteja cada vez mais perto de convertir em realidade o objetivo de colocar os óculos lilás a todo. Haverá que estar atentas a que o sistema nom modele ao seu gosto o movimiento ou o modere.

Consideras que a realidade das mulheres presas está presente nas reivindicaçons do feminismo?

Desconheço se transcende fóra dos muros a nossa situaçom. Somos um coletivo muito esquecido, por presas e por mulheres. Há umha ligaçom mulheres-pobreza-exclussom social-prisom muito clara e é evidente que o feminismo é o garante da protecçom e denuncia destas realidades invisíveis que cria o capitalismo. Em prisom vivemos com grande machismo e cinismo o feito de ser maes e drogodependentes, com paternalismo por termos comportamentos diferentes da meia, culpabilidade por nom poder realizar cuidados familiares…

Como presa política tenho que lembrar-me de todas as mulheres rufas que dia a dia militam em organizaçons políticas e revolucionárias. Já o dizia Laila Khaled, que às mulheres nom se nos permite ser líderes nem alto-falantes. Há que continuar batalhando por isto.

Como se vive o feminismo dentro das prisons?

Tristemente o nível de politizaçom e formaçom nas cadeias é muito baixo. Quando nos vírom com os cartazes algumhas mostrarom aprovaçom, mas ninguém se sumou. Afortunadamente há organismos e algumha pessoa que fai intervençom de vez em vez no módulo com focagem de género, mas falta muito caminho.

As presas tenhem problemáticas imediatas e nom passam por politizar-se ou polo feminismo, aínda que aí precisamente está a chave dos problemas que temos todas.