Por Jorge Paços /
Se nesta semana escrevíamos neste portal que o nível mobilizador das classes populares da Galiza rebate todo tópico colonial, a sucessom de acontecimentos recentes parece confirmar o asserto. O nosso país viviu nesta semana mais reivindicaçons do sector da Justiça, umha greve estudantil, e ratificou um logro sindical em Leite Celta. No vindouro domingo, a cidade de Compostela acolherá marcha em favor da mao comum e contra a lei de montes do PP.
Passam as semanas e o pulso reivindicativo das e dos trabalhadores da justiça sostém-se, apesar da linha de bloqueio seguida polo executivo autonómico, e propagandeada cada dia pola imprensa servil galego-espanhola. Na vindoura semana continuarám as assembleias, numha dinámica que a CIG pretende « de intensificaçom da greve » para rachar o ponto morto.
Segundo fontes sindicais, o comité de greve está a valorizar a possibilidade de se flexibilizarem as exigências de suba salarial ; esta decorreria em tramos acordados por ambas as partes até o ano 2020.
O panorama imediato, porém, é de ruptura das negociaçons, pois a Junta abandonou a mesa de diálogo, afundando na estratégia de desgastamento das e dos trabalhadores ; estes levam mais de 70 dias de greve sostida nas suas costas.
A mobilizaçom, no entanto, no cessa : onte Feijoo foi recebido com apupos em visita oficial à cidade da Corunha, baixo a legenda « Dignidade e resistência » que acompanha as mobilizaçons do sector da Justiça.
Pré-acordo em Leite Celta de Meira.
Enquanto a justiça segue em pé, a assembleia de trabalhadoras de Leite Celta entendeu que as mobilizaçons dérom o fruto esperado ; na manhá de onte, por maioria absoluta, decidia suspender a greve indefinida, dando o visto e praze ao pré-acordo. Informa a CIG que este permite superar o convénio estatal de indústrias lácteas e equipara o pessoal de Meira com as companheiras e companheiros de Pontedeume, que já se mobilizaram no passado Outono.
Fôrom seis dias de mobilizaçom permanente em forma de greve e manifestaçons que concluírom neste logro. Consumará-se um incremento salarial e as e os trabalhadores obterám direitos sociais no tocante à vigiláncia da saúde, lactaçom, jornadas e reformas.
Estudantado em pé.
Com a reivindicaçom dumha Lei Galega de Educaçom « que resposte os efeitos espanholizadores da LOMCE », Erguer mobilizou por volta de 4000 estudantes em dezasseis pontos do País ; a greve tivo um sucesso especial no ensino meio, onde as aulas se baleirárom por completo ; menos incidência tivérom as mobilizaçons na Universidade, onde fontes estudantis falam dum sucesso « moderado ». Baixo a legenda « Por um ensino feminista e democrático », a comunidade estudantil percorreu as ruas das principais cidades galegas, com especial protagonismo de Compostela.
Reivindicaçons continuam.
Nesta agitada semana, a Galiza tampouco descansa sem sábado e domingo. No dia 21, a Organizaçom Galega de Comunidades de Montes convoca o povo na estaçom de comboios de Compostela, às 12 do meio dia, para exigir o respeito à propriedade histórica da mao comum, em perigo pola lei de montes florestalista e pró-empresarial do PP.
No ámbito estritamente independentista, a mobilizaçom estará também presente, pois a plataforma solidária Que voltem a casa ! organiza dous autocarros em rota de denúncia da dispersom penitenciária. Militantes galegos e galegas farám chegar o seu alento aos presos independentistas que pagam condena em Salamanca, Ocanha, Palência, Leom e Astúries.
Cenário de contrastes.
A riqueza mobilizadora da Galiza contrasta com um panorama de atonia social, com cómodas hegemonias eleitorais da extrema direita, com o domínio de opçons de esquerdas reformistas e calculadamente ambíguas, e com a prática liquidaçom dos restos de democracia formal para a dissidência política real. Umha enorme contradiçom que dá ideia de duas dinámicas sociológicas opostas. Os perigos de assimilaçom da Galiza som grandes, mas a dinámica reivindicativa em chave nacional demonstra ser um contrapeso de calado.